Tradução de Jorge Colaço - Saída de Emergência

— Nunca ouvi falar — disse Carson.
— Era uma agência secreta do Departamento de Defesa. Dissolvida
após os anos Reagan. Tivemos todos de assinar uma porção de documentos
de lealdade e coisas assim. Habilitação de segurança secreta, habilitação
de segurança ultrassecreta, tudo o que imaginar. Depois investigaram-nos
— caramba, se investigaram. Recebi telefonemas de ex-namoradas de há
vinte anos: «Um grupo de tipos de fato esteve aqui a fazer uma quantidade
de perguntas sobre ti. Que diabo fi zeste tu agora, Singer?» — Riu-se.
— Então está aqui desde o início — disse Carson.
— Exatamente. Apenas os cientistas têm estadas de seis meses.
Suponho que eles imaginam que não faço trabalho a sério que chegue para
fi car estorricado. — Riu-se. — Sou quem está aqui há mais tempo, eu e Nye.
E alguns mais, o velho Pavel e o tipo que conheceu há pouco, Mike Marr.
De qualquer modo, tudo tem sido mais simpático desde que passámos a ser
civis. A rapaziada militar era muito chata.
— Como se deu essa mudança? — perguntou Carson.
Singer guiou-o através da porta de vidro fumado de uma estrutura
na extremidade mais distante do complexo residencial. Um jorro de ar
condicionado inundou-os quando a porta se fechou com um silvo. Carson
achou-se num vestíbulo, com chão de ardósia, paredes brancas e mobiliário
cinzento-acastanhado. Singer conduziu-o até outra porta.
— Inicialmente, fi zemos estritamente investigação na área da Defesa.
Foi assim que obtivemos estes terrenos no Centro de Mísseis. A nossa tarefa
era procurar vacinas, contramedidas e antitoxinas para presumíveis armas
biológicas soviéticas. Quando a União Soviética se desmoronou, aconteceu
o mesmo com as nossas instruções. Perdemos o contrato em 1990. Quase
perdemos também o laboratório, mas Scopes fez rapidamente algum trabalho
de pressão nos bastidores. Deus sabe como o conseguiu, mas fi cámos
na posição de obter um arrendamento de trinta anos no âmbito da Lei da
Conversão Industrial.
Singer abriu uma porta que dava para um comprido laboratório.
Uma série de mesas negras cintilavam sob as luzes fl uorescentes. Bicos de
Bunsen, balões de Erlenmeyer, tubagem de vidro, microscópios estereoscópios
e diversos outros equipamentos de baixa tecnologia estavam arrumados
em fi la, sem uma mancha.
Carson nunca vira um laboratório com um ar tão limpo.
— Isto são as instalações de nível inferior? — perguntou ele, incrédulo.
— Nada disso — disse Singer. — A maior parte do trabalho a sério
é realizada lá dentro, na nossa próxima paragem. Isto é apenas para encher
o olho de congressistas e altas patentes militares. Eles estão à espera de ver
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