Tradução de Jorge Colaço - Saída de Emergência
Tradução de Jorge Colaço - Saída de Emergência
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— Os militares dos Estados Unidos perceberam que toda a Área<br />
Restrita Catorze — meia dúzia <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s, numa área <strong>de</strong> duzentos quilómetros<br />
quadrados à volta <strong>de</strong> Novo-Druzhina — foi afetada <strong>de</strong> uma forma<br />
idêntica. Toda a ativida<strong>de</strong> humana cessou. Por isso, <strong>de</strong>cidiram ver mais <strong>de</strong><br />
perto.<br />
Apareceu mais um diapositivo.<br />
— Isto é uma ampliação do primeiro diapositivo, digitalmente potenciada,<br />
suprimido o brilho e compensada a dispersão espectral. Se olharem<br />
com atenção para a rua <strong>de</strong> terra batida em frente da igreja, vão ver uma<br />
imagem difusa que se parece com um tronco cortado. Isso é um cadáver<br />
humano, como qualquer amador <strong>de</strong> fotografi a do Pentágono lhes po<strong>de</strong>rá<br />
dizer. Agora, aqui está a mesma cena seis meses <strong>de</strong>pois.<br />
Tudo parecia estar na mesma, exceto o tronco que agora parecia<br />
branco.<br />
— O cadáver está agora transformado em esqueleto. Quando os militares<br />
examinaram uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas imagens aumentadas,<br />
<strong>de</strong>scobriram inúmeros esqueletos semelhantes nas ruas e nos campos. De<br />
início, estavam iludidos. Foram avançadas teorias sobre loucura em massa,<br />
uma outra Jonestown 5 . Porque…<br />
Surgiu um novo diapositivo.<br />
— … como po<strong>de</strong>m ver, tudo o mais continua vivo. Os cavalos continuam<br />
a pastar nos campos. E, ali, no canto superior esquerdo está um<br />
grupo <strong>de</strong> cães, aparentemente ferozes. O diapositivo seguinte mostra gado.<br />
As únicas coisas mortas são seres humanos. Porém, fosse o que fosse que<br />
os matou era tão perigoso, tão instantâneo, ou tão espalhado, que fi caram<br />
insepultos no sítio on<strong>de</strong> pereceram.<br />
Fez uma pausa.<br />
— A questão é: o que foi que os matou?<br />
O auditório fi cou em silêncio.<br />
— A cozinha da Cafetaria Lowell? — arriscou alguém.<br />
Levine juntou-se à risota geral. Depois, acenou e apareceu uma outra<br />
vista aérea, mostrando um extenso complexo, <strong>de</strong>vastado e em ruínas.<br />
— Era bom que fosse, meu amigo. A seu tempo, a CIA <strong>de</strong>scobriu que<br />
a causa foi algum tipo <strong>de</strong> elemento patogénico, criado no laboratório aqui<br />
fotografado. Po<strong>de</strong>m ver pelas crateras que o local foi bombar<strong>de</strong>ado.<br />
»Os pormenores exatos não foram conhecidos fora da Rússia até ao<br />
princípio <strong>de</strong>sta semana, quando um <strong>de</strong>sencantado coronel russo <strong>de</strong>sertou<br />
para a Suíça, levando com ele um grosso volume <strong>de</strong> arquivos do Exército<br />
5 Referência à cida<strong>de</strong> da Guiana on<strong>de</strong>, em 1978, o fanatismo religioso conduziu cerca <strong>de</strong><br />
novecentas pessoas ao suicídio. [N. do T.]<br />
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