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Tradução de Jorge Colaço - Saída de Emergência

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a sua teoria, a estabilida<strong>de</strong> ambiental da poliomielite, a mutabilida<strong>de</strong> antigénica<br />

da gripe, a gama irrestrita <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iros da raiva, a latência do<br />

herpes.<br />

»Uma tal i<strong>de</strong>ia, quase risível na época, é agora mortalmente séria. Um<br />

tal vírus patogénico po<strong>de</strong>ria ser, e talvez esteja a ser, criado num laboratório,<br />

algures neste planeta. Seria <strong>de</strong> longe mais <strong>de</strong>vastador do que uma guerra<br />

nuclear. Porquê? Uma guerra nuclear é autoconfi nada. Mas com a disseminação<br />

<strong>de</strong> um VMM, todas as pessoas infetadas se tornam novas bombas<br />

volantes. E, hoje, as rotas <strong>de</strong> transmissão estão tão disseminadas, são tão<br />

rapidamente realizadas por viajantes internacionais, que umas quantas viagens<br />

bastam para que o vírus se torne global.<br />

Levine <strong>de</strong>sceu do estrado e encarou a audiência.<br />

— Os regimes vêm e vão. As fronteiras políticas mudam. Os impérios<br />

crescem e caem. Mas estes agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição, uma vez libertados,<br />

duram para sempre. Pergunto-vos: <strong>de</strong>vemos permitir que experiências <strong>de</strong><br />

engenharia genética não regulamentadas e não controladas continuem a<br />

ser feitas em laboratórios por este mundo fora? Esta é a verda<strong>de</strong>ira questão<br />

levantada pelo Constritor 232.<br />

A um aceno <strong>de</strong> cabeça, as luzes regressaram.<br />

— Vai haver um relatório completo sobre o inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

Novo-Druzhina no próximo número <strong>de</strong> Política Genética — disse ele, virando-se<br />

para reunir os seus papéis.<br />

Quebrado o encantamento, os estudantes levantaram-se e começaram<br />

a juntar as suas coisas, movendo-se como uma maré ruidosa em direção<br />

às portas <strong>de</strong> saída. Os repórteres, que estavam na parte <strong>de</strong> trás da sala,<br />

já tinham saído para limar os seus artigos.<br />

Um jovem surgiu ao cimo do auditório, abrindo caminho através da<br />

multidão trituradora. Lentamente, conseguiu <strong>de</strong>scer pelos <strong>de</strong>graus centrais<br />

em direção ao estrado.<br />

Levine levantou os olhos, <strong>de</strong>pois olhou cuidadosamente para a esquerda<br />

e para a direita.<br />

— Pensei que te tinham dito para nunca me abordares em público<br />

— disse ele.<br />

O jovem aproximou-se, pegou no cotovelo <strong>de</strong> Levine e sussurrou-lhe<br />

ao ouvido com urgência. Levine parou <strong>de</strong> enfi ar papéis na pasta.<br />

— Carson? — perguntou ele. — Aquele cowboy brilhante que estava<br />

sempre a interromper as aulas para discutir comigo?<br />

O homem anuiu com um aceno <strong>de</strong> cabeça.<br />

Levine fi cou em silêncio, com a mão sobre a pasta. Depois fechou-a<br />

com um estalido.<br />

— Meu Deus — disse ele, simplesmente.<br />

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