Cá estou de volta no filme 'De ida para o passado* - cpvsp.org.br
Cá estou de volta no filme 'De ida para o passado* - cpvsp.org.br
Cá estou de volta no filme 'De ida para o passado* - cpvsp.org.br
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
InfommOvo DMdm Externa n'27<<strong>br</strong> />
O MUNDO EM BLOCOS<<strong>br</strong> />
Nova or<strong>de</strong>m econômica mtenmcional marginaliza o terceiro mundo<<strong>br</strong> />
u m dos temas mais comentados<<strong>br</strong> />
na eco<strong>no</strong>mia mundial é a formação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s blocos econômicos. O que<<strong>br</strong> />
são estes blocos, qual sua relação com<<strong>br</strong> />
a div<strong>ida</strong> externa, quais as conseqüências<<strong>br</strong> />
<strong>para</strong> os países do Terceiro Mundo?<<strong>br</strong> />
1 • A formação dos blocos<<strong>br</strong> />
Diz-se que a velha eco<strong>no</strong>mia interna-<<strong>br</strong> />
cional está morta. A força econômica está<<strong>br</strong> />
na movimentação da moeda, do dinheiro.<<strong>br</strong> />
Os mercados ten<strong>de</strong>m a ser regionais e glo-<<strong>br</strong> />
bais, não centralmente nacionais. Os Esta-<<strong>br</strong> />
dos Unidos ainda são a gran<strong>de</strong> e maior po-<<strong>br</strong> />
tência econômica. São o primeiro <strong>de</strong>vedor<<strong>br</strong> />
na história financeira cuja div<strong>ida</strong> <strong>de</strong>verá<<strong>br</strong> />
ser paga em sua própria moeda. Em 1989,<<strong>br</strong> />
o Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB) dos EUA<<strong>br</strong> />
foi <strong>de</strong> 5,1 trilhões <strong>de</strong> dólares. O PIB das<<strong>br</strong> />
duas Alemanhas chegou a 1,5 trilhões <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
dólares. Tudo indica que estão se forman-<<strong>br</strong> />
do (rês gran<strong>de</strong>s blocos econômicos entre<<strong>br</strong> />
os países ricos. O primeiro comandado pe-<<strong>br</strong> />
los ELA e Canadá, buscando controlar e<<strong>br</strong> />
integrar os mercados do México e da Amé-<<strong>br</strong> />
rica do Sul. O segundo gran<strong>de</strong> bloco (tal-<<strong>br</strong> />
vez o maior se dá na união européia, que<<strong>br</strong> />
pre<strong>para</strong> sua unificação econômica <strong>para</strong> o<<strong>br</strong> />
dia 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1992. Um aconteci-<<strong>br</strong> />
mento que, na prática, significa a criação<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> um gigantesco mercado <strong>de</strong> 320 milhões<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> consumidores — ultrapassando em 100<<strong>br</strong> />
milhões o america<strong>no</strong>. Um terceiro bloco é<<strong>br</strong> />
formado pelo Japão, Coréia, Austrália,<<strong>br</strong> />
Hong-Kong, Filipinas. Os japoneses, por<<strong>br</strong> />
exemplo, tem seu potencial econômico ba-<<strong>br</strong> />
seado na exportação. O Japão obteve <strong>no</strong>s<<strong>br</strong> />
últimos quatro a<strong>no</strong>s a maior taxa <strong>de</strong> cresci-<<strong>br</strong> />
mento do produto nacional, com<strong>para</strong>do<<strong>br</strong> />
com a Europa e os Estados Unidos. Só os<<strong>br</strong> />
japoneses têm 66 bilhões <strong>de</strong> dólares aplica-<<strong>br</strong> />
dos em investimentos diretos <strong>no</strong>s EUA.<<strong>br</strong> />
São investimentos na área eletrônica, auto-<<strong>br</strong> />
móveis, comunicações, etc.<<strong>br</strong> />
Acompanha a formação <strong>de</strong>stes gran<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
blocos econômicos, a transferência dos ne-<<strong>br</strong> />
gócios que, <strong>de</strong> multinacionais, passaram a<<strong>br</strong> />
ser transnacionais. A multinacional tradi-<<strong>br</strong> />
cional, inventada na meta<strong>de</strong> do século <strong>de</strong>ze-<<strong>br</strong> />
<strong>no</strong>ve por industriais alemães e america<strong>no</strong>s,<<strong>br</strong> />
é formada por uma companhia matriz com<<strong>br</strong> />
filiais <strong>no</strong> exterior. A matriz planejava e fa-<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>icava <strong>para</strong> o mercado doméstico. As fi-<<strong>br</strong> />
liais não faziam projetos, fa<strong>br</strong>icavam local-<<strong>br</strong> />
mente os produtos que a matriz projetava<<strong>br</strong> />
e os vendiam em seus próprios mercados.<<strong>br</strong> />
Na empresa transnacional, o planejamen-<<strong>br</strong> />
to po<strong>de</strong> ser efetuado em qualquer lugar<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ntro do sistema. Por exemplo, uma gran-<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> indústria farmacêutica fa<strong>br</strong>ica e ven<strong>de</strong><<strong>br</strong> />
remédios em 164 países, mas todo o seu tra-<<strong>br</strong> />
balho <strong>de</strong> fermentação é realizado em uma<<strong>br</strong> />
só fá<strong>br</strong>ica, na Irlanda. Seus laboratórios<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> pesquisa se localizam em seis países dife-<<strong>br</strong> />
rentes.<<strong>br</strong> />
Ou seja, gran<strong>de</strong>s grupos econômicos<<strong>br</strong> />
transnacionais passam a concentrar e domi-<<strong>br</strong> />
nar mercados, tec<strong>no</strong>logias, pesquisas e, o<<strong>br</strong> />
que é mais importante, o lucro, fluxo do<<strong>br</strong> />
dinheiro. Neste sentido os blocos econômi-<<strong>br</strong> />
cos servem muito bem <strong>para</strong> garantia <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
mercado, protege-se das crises econômicas<<strong>br</strong> />
mundiais, <strong>de</strong>,5egurança <strong>no</strong> abastecimento<<strong>br</strong> />
— principalmente alimentar. Então, já po-<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>-se raciocinar em termos <strong>de</strong> blocos econp -<<strong>br</strong> />
micos e sua interligação através das empre-<<strong>br</strong> />
sas transnacionais. Matéria prima e mão-<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>-o<strong>br</strong>a barata já não são mais os fatores<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>terminantes dos investimentos e contro-<<strong>br</strong> />
le do mercado. O domínio da tec<strong>no</strong>logia<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> ponta e a capac<strong>ida</strong><strong>de</strong> administrativa é<<strong>br</strong> />
que estão dando os rumos da eco<strong>no</strong>mi"<<strong>br</strong> />
mundial.<<strong>br</strong> />
2. E o Brasil ?<<strong>br</strong> />
A história econômica do Brasil, em espe-<<strong>br</strong> />
cial dos seus últimos gover<strong>no</strong>s, tem <strong>de</strong>mons-<<strong>br</strong> />
trado políticas extremamente limitadas e<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Des<strong>de</strong> os tempos do <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>i-<<strong>br</strong> />
mento do Brasil que os gover<strong>no</strong>s vem reco-<<strong>br</strong> />
nhecendo a dív<strong>ida</strong> externa e implementan-<<strong>br</strong> />
do mo<strong>de</strong>los econômicos <strong>para</strong> tentar pagar<<strong>br</strong> />
os juros. Nos últimos gover<strong>no</strong>s (1964 <strong>para</strong><<strong>br</strong> />
cá) esta estratégia tem se intensificado. O<<strong>br</strong> />
centro <strong>de</strong>stas estratégias era integrar « (ou<<strong>br</strong> />
entregar-se) à lógica da eco<strong>no</strong>mia interna-<<strong>br</strong> />
cional, seguindo receitas e regras impostas<<strong>br</strong> />
pelos gover<strong>no</strong>s, dos países ricos e gran<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />
grupos econômicos e financeiros. Como<<strong>br</strong> />
uma das graves conseqüências <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>-<<strong>br</strong> />
los foi o aumento dos <strong>de</strong>sequiU<strong>br</strong>ios inter-<<strong>br</strong> />
<strong>no</strong>s, aumentando as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais<<strong>br</strong> />
e os problemas básicos da maioria da popu-<<strong>br</strong> />
lação.<<strong>br</strong> />
Na verda<strong>de</strong> estes mo<strong>de</strong>los não protege-<<strong>br</strong> />
ram a eco<strong>no</strong>mia <strong>br</strong>asileira, tornaram-na<<strong>br</strong> />
mais vulnerável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Não resolve-<<strong>br</strong> />
ram os problemas inter<strong>no</strong>s e muito me<strong>no</strong>s<<strong>br</strong> />
a problemática do endiv<strong>ida</strong>mento exter<strong>no</strong>.<<strong>br</strong> />
O grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas econômi-<<strong>br</strong> />
cas internas ficou bastante reduzido. Bas-<<strong>br</strong> />
ta observar o atual gover<strong>no</strong> e a continu<strong>ida</strong>-<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong> da subordinação ao FMI. Nos últimos<<strong>br</strong> />
a<strong>no</strong>s, foram aplicados três linhas básicas:<<strong>br</strong> />
a substituição das importações, a promo-<<strong>br</strong> />
ção <strong>de</strong> exportações e a entrada <strong>de</strong> recursos<<strong>br</strong> />
financeiros exter<strong>no</strong>s. Ou seja, produzir<<strong>br</strong> />
mais internamente, exportar mais e buscar<<strong>br</strong> />
dinheiro <strong>de</strong> fora (endiv<strong>ida</strong>r-se). Evi<strong>de</strong>nte-<<strong>br</strong> />
mente que <strong>para</strong> cada situação havia um dis-<<strong>br</strong> />
curso e justificativas "coerentes" e, aponta-<<strong>br</strong> />
vam <strong>para</strong> o "enriquecimento e fortaleci-<<strong>br</strong> />
mento" do Brasil potência. Em síntese, a<<strong>br</strong> />
fórmula adotada foi a mo<strong>de</strong>rnização sem<<strong>br</strong> />
alterar as estruturas (econômico, po<strong>de</strong>r),<<strong>br</strong> />
abertura da eco<strong>no</strong>mia <strong>para</strong> o capital estran-<<strong>br</strong> />
geiro, <strong>de</strong>pendência da eco<strong>no</strong>mia internacio-<<strong>br</strong> />
nal, aumento da dív<strong>ida</strong> externa e agrava-<<strong>br</strong> />
mento <strong>de</strong> estruturas aberrantes <strong>de</strong> riqueza,<<strong>br</strong> />
renda e po<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />
3. A Internacionalização<<strong>br</strong> />
O Brasil tem uma das mais internaciona-<<strong>br</strong> />
lizadas eco<strong>no</strong>mias do mundo. E um dos<<strong>br</strong> />
países com mais elevado grau <strong>de</strong> inserção<<strong>br</strong> />
econômica internacional. Dizer que a eco-<<strong>br</strong> />
<strong>no</strong>mia <strong>br</strong>asileira necessita <strong>de</strong> uma maior<<strong>br</strong> />
abertura não tem sentido. A história econô-<<strong>br</strong> />
mica <strong>br</strong>asileira mostra claramente dois as-<<strong>br</strong> />
pectos importantes. Primeiro, o capital es-<<strong>br</strong> />
trangeiro sempre esteve presente <strong>no</strong> Brasil<<strong>br</strong> />
nas diferentes fases do processo <strong>de</strong> cresci-<<strong>br</strong> />
mento econômico. Segundo, os gover<strong>no</strong>s<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileiros sempre tiveram uma política li-<<strong>br</strong> />
beral com relação ao capital estrangeiro,<<strong>br</strong> />
com tratamento privüegiado. A atual Cons-<<strong>br</strong> />
tituição fe<strong>de</strong>ral, artigo 176. resguarda a<<strong>br</strong> />
pesquisa e lavra <strong>de</strong> recursos naturais que<<strong>br</strong> />
<strong>de</strong>ve ser feita por empresas <strong>br</strong>asileiras <strong>de</strong><<strong>br</strong> />
capital nacional e a reserva <strong>de</strong> mercado<<strong>br</strong> />
<strong>no</strong> setor da informática. Os dados da tabe-<<strong>br</strong> />
la 1 mostram claramente que o Brasil tem<<strong>br</strong> />
uma das mais internacionalizadas eco<strong>no</strong>-<<strong>br</strong> />
mias do mundo. As empresas transnacio-<<strong>br</strong> />
nais participam em 32% da produção e 23%<<strong>br</strong> />
do emprego na indústria <strong>de</strong> transformação<<strong>br</strong> />
<strong>no</strong> Brasil (fá<strong>br</strong>icas <strong>de</strong>automóveis, eletrodo-<<strong>br</strong> />
mésticos, etc). Este percentual só é supera-<<strong>br</strong> />
do, <strong>no</strong> caso dos países <strong>de</strong>senvolvidos, pela<<strong>br</strong> />
Bélgica e pelo Canadá.