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cartas a @ s europe @ s cartas al europe letterstotheeuropeans

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Ce que nous reprochons, non pas à l’Agrif qui est une association d’extrême droite mais à l’avocate génér<strong>al</strong>e<br />

qui représente l’Etat, c’est que dans son réquisitoire elle s’abstient de prouver en quoi il y aurait injure. Car, si<br />

certain entendent un tiret comme Jeanne d’Arc entendait des voix, pourquoi n’entend-on pas de tiret chez<br />

Jean-Louis Borloo ou Bruno Gollnisch ? De cela, il ne sera pas question. Il est clair que le procès a pris une<br />

tournure politique et qu’il s’agit visiblement de conforter la thèse du racisme anti-blanc, chère à Jean-François<br />

Copé (homme politique de droite, proche de l’ancien président français, Nicolas Sarkozy). Mais <strong>al</strong>lons nous<br />

reprocher à la droite « respectable » de mettre de l’huile sur le feu quand une association antiraciste histo-<br />

rique, comme le Mrap, a v<strong>al</strong>idé l’idée du racisme anti-blanc à l’occasion de son dernier congrès ?<br />

A l’évidence, le contexte politique français et européen n’est pas étranger à l’irruption de la<br />

notion de racisme anti-blanc.<br />

Frantz Fanon situait l’émergence de cette thèse dans une séquence historique précise : celle où les dominés<br />

sortent du silence et exigent l’ég<strong>al</strong>ité. C’est la prise de parole des colonisés ou des noirs états-uniens qui fait<br />

que « assez inattendument le groupe raciste dénonce l’apparition d’un racisme chez les hommes opprimés<br />

». Aujourd’hui, c’est parce que les principaux concernés, les indigènes, prennent leur destin en main que<br />

cette thèse ressurgit dans le débat et qu’elle est utilisée comme une arme redoutable pour faire taire nos<br />

revendications de dignité.<br />

Si j’écris cette lettre, c’est parce que dans cette affaire, je suis d’abord innocente : Je n’ai pas insulté les « Français<br />

de souche ». « Souchien » est le synonyme de « Français de souche ». Or, à ma connaissance, personne ne<br />

considère cette expression comme une injure. Elle est même plutôt utilisée en faveur des citoyens français<br />

considérés comme légitimes au détriment des Français dont je suis et qui à défaut de souche, ont le flux<br />

migratoire qui coule dans leur sang ce qui en fait des citoyens de seconde zone, des indigènes. Et au fond,<br />

si insulter les Français avait un sens pour moi, je n’aurais pas hésité à le faire. Le Parti des indigènes de la<br />

république, dont je suis membre, a, si j’ose dire, fait pire que ça : il a posé dans le débat public la question de<br />

ce que nous appelons les « races soci<strong>al</strong>es » comme construction historique– ce mot, « race » qui se chuchote<br />

à peine, <strong>al</strong>ors que la chose, elle, n’en finit pas d’exister et de tisser les rapports sociaux. C’est la raci<strong>al</strong>isa-<br />

tion de la société française qui cimente les discriminations à l’emploi, à l’avancement, au logement, dans<br />

l’accès aux loisirs ou aux instances médiatiques et politiques, dans les pratiques policières et judiciaires,<br />

124<br />

Part i des indigènes de la république/Decoloni<strong>al</strong>ity Europe<br />

de raiz e consequentemente, na opinião dele, a existência da raça branca. O que censuramos à advogada<br />

ger<strong>al</strong> que representa o Estado (e não à AGRIF, que é uma associação de extrema-direita), é ela se escusar a<br />

provar na sua acusação em que é que houve injúria. Porque se <strong>al</strong>guns ouvem um hífen como Joana d’Arc<br />

ouvia vozes, porque é que não ouvem esse mesmo hífen na voz de Jean-Louis Borloo ou de Bruno Gollnisch<br />

? Esse assunto não será abordado. Fica claro que o processo adquiriu contornos políticos e que se trata visiv-<br />

elmente de corroborar a tese do racismo antibranco, prezada por Jean-François Copé (homem político de<br />

direita, próximo do antigo presidente francês Nicolas Sarkozy). Mas vamos censurar a direita « respeitável »<br />

por estar a deitar achas para a fogueira quando uma associação antirracismo histórica como o MRAP v<strong>al</strong>idou<br />

a ideia do racismo antibranco aquando do seu último congresso?<br />

O contexto político francês e <strong>europe</strong>u contribuiu manifestamente para o aparecimento da<br />

noção de racismo antibranco.<br />

Frantz Fanon estabelece a emergência desta tese numa sequência histórica específica : aquela onde os<br />

dominados saem do silêncio e exigem igu<strong>al</strong>dade. É a tomada de p<strong>al</strong>avra dos colonizados ou dos Negros dos<br />

Estados Unidos que leva a que « de forma bastante inesperada o grupo racista denuncia o aparecimento<br />

de um racismo por parte dos homens oprimidos». Atu<strong>al</strong>mente, é por os indígenas, que são os principais<br />

interessados, tomarem as rédeas do seu destino que esta tese volta a surgir no debate e é utilizada como<br />

uma terrível arma para silenciar as nossas reivindicações de dignidade.<br />

Se escrevo esta carta é porque neste processo estou, antes de mais, inocente : não insultei os « Franceses de<br />

raiz ». « Souchien » é sinónimo de « Francês de raiz ». Ora, que eu saiba, ninguém considera esta expressão<br />

ofensiva. Pelo contrário, tende até a ser utilizada a favor dos cidadãos franceses considerados legítimos, em<br />

prejuízo dos Franceses dos quais faço parte e que, à f<strong>al</strong>ta de raiz, têm o fluxo migratório a correr-lhes nas<br />

veias, o que os torna cidadãos de segunda zona, indígenas. E no fundo, se para mim fizesse sentido insultar<br />

os Franceses, não teria hesitado em fazê-lo. O Partido dos Indígenas da República, a que pertenço, fez pior,<br />

se assim o posso dizer: levantou no debate público a questão do que designamos por « raças sociais » como<br />

construção histórica – esta p<strong>al</strong>avra, « raça », que m<strong>al</strong> ousamos sussurrar, mas que enquanto fenómeno perdura<br />

e define laços sociais. É a raci<strong>al</strong>ização da sociedade francesa que consolida as discriminações no emprego,<br />

na carreira, no <strong>al</strong>ojamento, no acesso ao lazer ou às instâncias mediáticas e políticas, nas práticas policiais<br />

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