cartas a @ s europe @ s cartas al europe letterstotheeuropeans
cartas a @ s europe @ s cartas al europe letterstotheeuropeans
cartas a @ s europe @ s cartas al europe letterstotheeuropeans
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
If we applied these propositions to the legacy of coloni<strong>al</strong>ism then Europe would be confronted with a huge<br />
problem. The colonized world has a surface of about 250 million square kilometers (97 square miles). Suppose<br />
Europe would have to pay a rent of 1 dollar per square mile per month for 200-400 years.<br />
Suppose Europe would have to pay one dollar cent per hour for the hundreds of millions enslaved Africans<br />
that performed forced labour without pay for hundreds of years.<br />
Suppose Europe would have to pay for the miner<strong>al</strong>s (gold and silver) they stole from the Americas (98 million<br />
kilogram of silver and 2.6 million kilogram of gold according to one inventory).<br />
Imagine there would be an internation<strong>al</strong> court of justice that does not exempt Europe from the rule that<br />
crimin<strong>al</strong>s should compensate their victims for damage they have caused..<br />
Suppose Europe had to pay interest on the debt that had still not been paid?<br />
These are agonizing discussions.<br />
So if you embark on a mission to set up an infrastructure for the creating of an <strong>al</strong>ternative body of knowledge<br />
that rejects the Eurocentric legacy, you should re<strong>al</strong>ize that the whole process consists of two parts: getting<br />
rid of the legacy of coloni<strong>al</strong>ism in European culture and thought (decolonizing the mind) and taking into<br />
account that important knowledge production has been going on for centuries outside of Europe. Now is<br />
the time to take these two aspects into account to lay the foundation for a new climate in<br />
Europe where my children and yours can live in the same space and the same world filled<br />
with freedom, human dignity and respect rather than racism, Euro centrism and islamofobia.<br />
Yours truly<br />
Sandew Hira<br />
An activist from Holland working on Decolonizing the Mind<br />
The Hague<br />
April 17th 2013<br />
164<br />
Dutch Black Movement/Decoloni<strong>al</strong>ity Europe<br />
Se aplicássemos estas proposições ao legado do coloni<strong>al</strong>ismo, então a Europa seria confrontada com um<br />
gigantesco problema. O mundo colonizado tem uma superfície de cerca de 250 milhões de quilómetros<br />
quadrados (97 milhões de milhas quadradas). Suponhamos que a Europa teria de pagar uma renda de 1<br />
dólar por milha quadrada, por mês, durante 200-400 anos.<br />
Suponhamos que a Europa teria de pagar um cêntimo de dólar, por hora, pelas centenas de milhões de<br />
africanos escravizados que re<strong>al</strong>izaram trab<strong>al</strong>hos forçados sem pagamento por centenas de anos.<br />
Suponhamos que a Europa teria de pagar pelos minerais (ouro e prata) que roubaram das Américas (98<br />
milhões de quilogramas de prata e 2.6 milhões de quilogramas de ouro de acordo com um dos inventários).<br />
Imagine-se que existiria um tribun<strong>al</strong> internacion<strong>al</strong> de justiça que não exonerasse a Europa da regra de que<br />
os criminosos devem compensar as suas vítimas pelos danos causados.<br />
Suponhamos que a Europa teria de pagar juros pela dívida ainda por pagar?<br />
Estas são discussões agonizantes.<br />
Por isso se embarcarem numa missão para montar uma infraestrutura para a criação de um corpo de conheci-<br />
mentos <strong>al</strong>ternativo que rejeite o legado eurocêntrico, devem dar-se conta que a tot<strong>al</strong>idade do projeto consiste<br />
de duas partes: livrarem-se do legado do coloni<strong>al</strong>ismo na cultura e pensamento <strong>europe</strong>us (descolonizando a<br />
mente) e levar em consideração que uma importante produção de conhecimento tem vindo a ter lugar faz<br />
séculos fora da Europa. Agora é o momento de levar estes dois aspectos em consideração para<br />
fundar um novo clima na Europa, onde os meus filhos e os vossos possam viver no mesmo<br />
espaço e no mesmo mundo plenos de liberdade, dignidade humana e respeito, ao invés de<br />
racismo, Euro centrismo e islamofobia.<br />
Vosso<br />
Sandew Hira<br />
Ativista holandesa trab<strong>al</strong>hando na Descolonização da Mente<br />
Haia<br />
17 de Abril de 2013<br />
165