PROJETO RADAM
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como formas de colonizaçao de mangue em<br />
direçâo ao mar e nâo como "rias" bem qualificadas.<br />
O mecanismo de colonizaçao obedece ao<br />
esquema convencional de "siikke" e "schorre",<br />
porém a extensâo do "slikke" como forma de<br />
evoluçao é bem nftida, devido à altura das<br />
mares. Em decorrência, as âreas de "schorre"<br />
podem avançar mais rapidamente para o mar.<br />
A direçâo perpendicular do "schorre" géra<br />
aspecto de "rias" para muitos dos recortes. Nas<br />
verdadeiras "rias", a mare avança profundamente,<br />
bloqueando os sedimentos fluviais as<br />
vezes em pontos muito distantes do litoral. A<br />
imagem de radar permitiu separar de modo<br />
claro até onde pénétra a mare com seus depósitos<br />
vasosos e até onde os rios conseguem<br />
colmatar. O mapeamento deste contato possibilitou<br />
uma classificaçao das plani'cies litorâneas<br />
em tipos diferentes: colmatadas por depósitos<br />
fluviais, com "rias" e mangues e um tipo<br />
intermediârio de deposiçio fluvial e vasoso.<br />
Em decorrência da profunda penetraçâo da<br />
mare, as verdadeiras "rias" nâo sâo numerosas,<br />
talvez nâo ultrapassando uma dezena, sendo o<br />
restante do litoral explicado por desenvolvimentos<br />
de "slikke" e "schorre". A originalidade<br />
da evoluçao do "slikke" e "schorre" é<br />
ser perpendicular à linha de costa e nao paralela<br />
ou subparalela. A par de uma provâvel<br />
ausência de correntes de dériva, pode-se considerar<br />
também a natureza coloidal dos materiais<br />
transportados pelos rios sobre a Floresta<br />
sempre-verde que assemelha materiais marinhos<br />
a fluviais. Isto permitiria aos mangues, aqui<br />
tornados em sentido extenso, colonizar éreas<br />
localizadas bem para o interior mas que estivessem<br />
sobre influência das altas mares regionais.<br />
O litoral oriental, aqui denominado "Lençois<br />
Maranhenses", apresenta caracterfsticas bem<br />
diferentes. A parte continental da Bacia de<br />
Barreirinhas esté tamponada por extensos depósitos<br />
arenosos, corn modelado em dunas ja<br />
colonizadas pela vegetaçâo. Estas dunas sâo<br />
M/22<br />
mais antigas que o conjunto denominado "Lençois<br />
Maranhenses" O padräo da drenagem<br />
sobre a Superficie Sublitorânea de Barreirinhas<br />
reflète influências estruturais da Bacia Sedimentär<br />
de Barreirinhas. Esse padräo, que varia<br />
entre paratelo e ortogonal, difere claramente do<br />
tipo "Labin'ntico", encontrado nas demais<br />
éreas litorâneas. A orientaçâo gérai da drenagem<br />
é NE-SW e esta direçâo esté presente<br />
também nos cordoes arenosos dos "Lençois<br />
Maranhenses". Cordoes litorâneos corn orientaçâo<br />
estrutural nâo sao comuns no Brasil. Eies<br />
criam um tipo de costa com influências estruturais<br />
longitudinais.<br />
Nestes depósitos arenosos de vârios tipos, a<br />
mare construiu restingas que se orientam<br />
discordantemente em relaçâo as dunas móveis.<br />
Deste modo, os "Lençois Maranhenses" apresentam<br />
complexos de direçoes, cada unia das<br />
quais refletindo influências diferentes: uma<br />
direçâo estrutural orienta os cordoes litorâneos<br />
arenosos e a regularizaçâo, a direçâo da mare e<br />
das correntes de dériva orienta as restingas<br />
submersas e o vento orienta as dunas. As<br />
direçoes do vento parecem variar porque as<br />
dunas do tipo genérico de "barkanas", com<br />
direçâo NE do vento, fundem-se em smuosas<br />
"cordilheiras de dunas".<br />
O litoral oriental apresenta, deste modo, um<br />
conjunto de formas de relevo criadas por<br />
fatores bem diferenciados mas que Ihe conferem,<br />
no todo, um aspecto de regularizaçâo<br />
avançada.<br />
Neste conjunto de formas ressalta o delta do<br />
Parnaiba. Ab'Sâber (1960) considerou-o "a<br />
mais perfeita regiâo deltaica existente na costa<br />
brasileira". Todavia, a imagem de radar mostra<br />
que a forma triangular do delta nâo é feita<br />
apenas pela sedimentaçâo fluvial e sim por<br />
restingas e dunas de direçâo NE—SW, seccionadas<br />
na direçâo SE—NW, o que configura uma<br />
aresta do delta. A outra aresta é dada por um<br />
processo de pseudo-"rias" e manguezais. A