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12 Diário <strong>Económico</strong> Quinta-feira 15 Abril 2010<br />
POLÍTICA<br />
Sócrates avança com<br />
contra-proposta à revisão<br />
constitucional do PSD<br />
Governo e grupo parlamentar já falaram sobre o tema. Socialistas estão<br />
preparados para responder à iniciativa anunciada por Passos Coelho.<br />
Márcia Galrão<br />
marcia.galrao@economico.pt<br />
OPSestáaprepararumacontra-proposta<br />
para a abertura<br />
do processo de revisão constitucional<br />
que o PSD vai lançar<br />
até ao final de Maio. Depois de<br />
Pedro Passos Coelho ter garantido<br />
que os social-democratas<br />
não vão esperar pelas<br />
eleições presidenciais para<br />
iniciar esta discussão, o Governo<br />
e o grupo parlamentar<br />
socialista começaram a estudar<br />
um texto alternativo. Isto<br />
porque depois de um partido<br />
abrir o processo de revisão, os<br />
restantes grupos têm 30 dias<br />
para responder ao repto.<br />
Assim, segundo apurou o<br />
Diário <strong>Económico</strong>, o líder parlamentar,<br />
Francisco Assis, o<br />
ministro dos Assuntos Parlamentares,<br />
Jorge Lacão e o primeiro-ministro<br />
José Sócrates já<br />
discutiram o tema e quando o<br />
PSD apresentar a versão final<br />
da sua proposta, que segundo o<br />
Público será no final de Maio,<br />
os socialistas estarão aptos a<br />
responder. A ideia é ter alternativas<br />
para negociar com os<br />
social-democratas, num processo<br />
em que será sempre necessário<br />
um entendimento entre<br />
os dois maiores partidos,<br />
uma vez que qualquer revisão<br />
constitucional obriga sempre a<br />
2/3 dos votos no Parlamento<br />
para ser aprovada.<br />
Recorde-se que, tal como o<br />
Diário <strong>Económico</strong> já noticiou, o<br />
PS foi apanhado de surpresa<br />
pela intenção de Pedro Passos<br />
Coelho em avançar já com este<br />
processo. Segundo Francisco<br />
Assis, “havia um consenso”<br />
com a liderança de Ferreira<br />
Leite “sobre a vantagem de iniciar”<br />
a revisão só após as eleições<br />
presidenciais de Janeiro de<br />
2011. Também Ricardo Rodrigues,<br />
vice-presidente da bancada,<br />
confessou ao Diário <strong>Económico</strong>oincómododossocialistas<br />
por não terem sido contactados<br />
previamente pelo PSD<br />
numa matéria em que os dois<br />
partidos terão obrigatoriamente<br />
que se entender.<br />
A insistência de Passos Coe-<br />
Francisco Assis<br />
garantiu<br />
que “havia um<br />
consenso” com<br />
a liderança<br />
de Ferreira Leite<br />
“sobre a vantagem<br />
de iniciar”<br />
a revisão após<br />
as presidenciais.<br />
Cavaco Silva<br />
não quis comentar<br />
e colocou-se<br />
à margem<br />
do processo,<br />
sublinhando<br />
apenas que a AR<br />
“tem competência<br />
para rever a<br />
Constituição”.<br />
Miguel Relvas<br />
garante que o PSD<br />
vai avançar já com<br />
propostas de<br />
revisão e avisa:<br />
“Era muito<br />
importante que<br />
nenhum partido<br />
bloqueasse essa<br />
mudança”.<br />
Para António<br />
Capucho a revisão<br />
constitucional não<br />
deve esperar pelas<br />
eleições<br />
presidenciais,<br />
porque há<br />
“algumas<br />
reformas<br />
urgentes”.<br />
lho em antecipar a revisão<br />
constitucional obriga os socialistas<br />
a responder, ainda que<br />
paraoPSestetemanãosejade<br />
todo “uma prioridade” numa<br />
altura em que é preciso concentrar<br />
esforços no combate à crise<br />
e ao desemprego. O que faz antever<br />
que, mesmo que a discussãosejadesencadeadajáeste<br />
ano, Sócrates só dará o seu aval<br />
a qualquer concretização das<br />
medidas após as presidenciais.<br />
Uma das questões que os<br />
dois partidos vão começar por<br />
conversar prende-se com as<br />
alterações às leis eleitorais. Em<br />
entrevista recente ao Diário<br />
<strong>Económico</strong>, Francisco Assis revelou<br />
que quer desencadear<br />
imediatamente a reforma da lei<br />
eleitoral autárquica, propondo<br />
a criação de executivos maioritários<br />
e o reforço do poder de<br />
fiscalização das assembleias<br />
municipais. O PSD tem uma<br />
posição semelhante (ver texto<br />
ao lado), mas considera que<br />
para que a alteração seja feita é<br />
preciso rever a Constituição.<br />
Certoéqueolíderparlamentar<br />
do PS vai querer uma ampla<br />
discussão pública sobre esta<br />
matériaevai,paraisso,chamar<br />
ao debate os dois presidentes<br />
das maiores autarquias:<br />
o socialista António Costa, de<br />
Lisboa, e o social-democrata<br />
Rui Rio, do Porto. Um passo<br />
para que a proposta final seja<br />
consensual entre as duas forças<br />
partidárias.<br />
Antes ou depois das presidenciais,<br />
a revisão constitucional<br />
será posta em marcha, num<br />
anoemqueoParlamentotem<br />
mandato ordinário para proceder<br />
a essas alterações. Quem<br />
não quis ainda comentar esta<br />
iniciativa foi o Presidente da<br />
República. Cavaco Silva sublinhou<br />
que esta Assembleia “tem<br />
competência para rever a<br />
Constituição”, mas colocou-se<br />
à margem do processo ao lembrar<br />
que “esta é talvez a única<br />
lei” que o chefe de Estado não<br />
pode vetar. No que toca aos<br />
seus poderes presidenciais, os<br />
dois partidos parecem ser unânimes<br />
na ideia de que eles não<br />
deverão ser alterados. ■<br />
António Capucho<br />
defende revisão já<br />
António Capucho não tem<br />
dúvidas. A revisão constitucional,<br />
defendida pelo novo líder socialdemocrata,<br />
não deve esperar<br />
pelas eleições presidenciais,<br />
porque há “algumas reformas<br />
urgentes que só podem<br />
concretizar-se alterando a<br />
Constituição”. Membro do<br />
Conselho de Estado (órgão<br />
consultivo do Presidente da<br />
República) e mandatário da<br />
candidatura de Paulo Rangel à<br />
liderança do PSD, Capucho<br />
concorda com as reformas<br />
propostas por Pedro Passos<br />
Coelho, e sublinha que o processo<br />
de revisão que o PSD quer iniciar<br />
“nada tem a ver com as eleições<br />
presidenciais”, pelo que “não se<br />
justifica adiarmos oito meses”.<br />
Ao argumento dos socialistas de<br />
que esta não é uma matéria<br />
prioritária, António Capucho<br />
responde que é preciso “trabalhar<br />
simultaneamente em várias<br />
frentes” e que o processo “não<br />
perturba a maior atenção e<br />
prioridade do Governo e da<br />
Assembleia às questões inerentes<br />
ao PEC”.<br />
PS <strong>DE</strong>SMENTE APOIO A MANUEL<br />
PSD quer<br />
Transpor o modelo eleitoral da<br />
Assembleia da República para o<br />
poder local é uma das propostas.<br />
Catarina Madeira<br />
catarina.madeira@economico.pt<br />
O PSD quer que as alterações à lei<br />
eleitoral sejam clarificadas na<br />
próxima revisão constitucional.<br />
A questão não é consensual, até<br />
mesmo entre os constitucionalistas,<br />
e por isso a nova direcção<br />
do partido defende que “não se<br />
deve avançar para uma revisão<br />
da lei eleitoral que force a letra da<br />
Constituição”.<br />
Ao Diário <strong>Económico</strong>, o secretário-geral<br />
do partido, Miguel<br />
Relvas, garantiu que o PSD quer<br />
avançar com a discussão sobre<br />
esta matéria o quanto antes e<br />
“em sede de revisão constitucio-