Crise Ambiental e Modernidade - Instituto de Psicologia da UFRJ
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começa a ser mais bem <strong>de</strong>linea<strong>da</strong> a idéia <strong>de</strong> que eventos ocorridos em <strong>de</strong>terminado local<br />
po<strong>de</strong>m se esten<strong>de</strong>r muito além <strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando efeitos <strong>de</strong>strutivos a longo prazo.<br />
Porém, é somente a partir dos anos 60 que a noção <strong>de</strong> uma crise global do meio ambiente,<br />
que ameaçaria to<strong>da</strong> a espécie humana, começa a ganhar força (MORIN & KERN, 1995).<br />
Rachel Carlson exerceu papel importante na construção <strong>de</strong>ste cenário, ao publicar um livro<br />
intitulado “Primavera Silenciosa” (CARSON, 1999). Nesta obra é lançado um alerta sobre<br />
o impacto do uso <strong>de</strong> produtos químicos sobre o meio ambiente. A autora chama a atenção<br />
para os efeitos não calculados dos pestici<strong>da</strong>s, como contaminação <strong>de</strong> partes subterrâneas<br />
dos sistemas fluviais e a permanência <strong>de</strong>stas substâncias no solo. Após o alerta quanto ao<br />
uso dos produtos químicos, é o crescimento populacional que ocupa a cena, gerando<br />
inquietações. Autores, como Garret Hardin e o casal Ehrlich, procuraram <strong>de</strong>monstrar a<br />
gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> explosão populacional, que levaria rapi<strong>da</strong>mente, em suas opiniões, ao<br />
esgotamento dos recursos naturais.<br />
Em 1970, um grupo internacional formado por cientistas, pesquisadores e<br />
empresários, com preocupações semelhantes às do casal Ehrlich, reuniu-se com a intenção<br />
<strong>de</strong> fazer projeções sobre o futuro do planeta e sua população. O grupo ⎯ que veio a ser<br />
posteriormente conhecido como Clube <strong>de</strong> Roma ⎯ publicou um relatório dois anos<br />
<strong>de</strong>pois 2 , que se tornou famoso ao propor a estagnação do crescimento econômico. Os cinco<br />
fatores fun<strong>da</strong>mentais analisados no relatório (população, produção <strong>de</strong> alimentos,<br />
industrialização, contaminação e consumo <strong>de</strong> recursos renováveis) aumentariam em taxa<br />
exponencial. To<strong>da</strong> a problemática surge <strong>de</strong>ste avanço: se não houver uma estagnação <strong>de</strong>stas<br />
taxas ⎯ e o relatório é bastante claro quanto a este ponto: “(...) os limites <strong>de</strong> crescimento<br />
<strong>de</strong>ste planeta serão alcançados antes dos próximos cem anos. O resultado mais provável<br />
será uma redução incontrolável e repentina tanto <strong>da</strong> população como <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
industrial (MEADOWS, 1999 p. 22)”.<br />
Nos anos 80, vêm a ser divulgados efeitos globais como aqueles gerados pelo<br />
aci<strong>de</strong>nte nuclear na Usina <strong>de</strong> Chernobyl, a emissão <strong>de</strong> CO 2 que intensifica o efeito estufa e<br />
liqui<strong>da</strong> com importantes ciclos vitais, além <strong>da</strong> <strong>de</strong>composição <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> ozônio. Neste<br />
momento, a noção <strong>de</strong> uma crise global do meio ambiente efetivamente se consoli<strong>da</strong>.