03.09.2014 Views

Crise Ambiental e Modernidade - Instituto de Psicologia da UFRJ

Crise Ambiental e Modernidade - Instituto de Psicologia da UFRJ

Crise Ambiental e Modernidade - Instituto de Psicologia da UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

42<br />

escasso para a resolução dos problemas que surgem, isto é, como pressão do tempo” (p.<br />

10).<br />

Segundo Bauman (op. cit, 1999.) não vivemos na rapi<strong>de</strong>z absoluta, na qual a<br />

tecnologia <strong>da</strong> informação anularia o tempo, mas estamos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste horizonte <strong>de</strong><br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Assistimos acontecimentos em tempo real através dos meios <strong>de</strong><br />

comunicação ca<strong>da</strong> vez mais velozes, que modificam nossa experiência, inserindo-nos em<br />

um mundo que nasceu sob o signo <strong>da</strong> aceleração.<br />

Para Gid<strong>de</strong>ns (op. cit, 2000), este amplo espaço assumido pela técnica, não<br />

significa o término <strong>da</strong> natureza, mas o seu fim em estado puro. Segundo o sociólogo, as<br />

questões ambientais encontram-se intimamente relaciona<strong>da</strong>s ao término <strong>da</strong> natureza, no<br />

sentido anteriormente assinalado. O meio ambiente, entendido como tema político, <strong>de</strong>ve<br />

sua inclusão nas práticas humanas cotidianas aos processos <strong>de</strong> tecnicização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Deve-se observar que isto não significa que a técnica tenha ocupado o lugar <strong>da</strong> natureza,<br />

reproduzindo-a. Muito pelo contrário, o processo, segundo o qual as ciências e técnicas se<br />

expan<strong>de</strong>m, instaurou uma ampla proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre natureza e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, tornando a<br />

natureza socializa<strong>da</strong> e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> naturaliza<strong>da</strong>. É exatamente isto que Ulrick Beck (op. cit,<br />

1995) sugere, ao observar que gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s soluções para os problemas <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> é<br />

busca<strong>da</strong> na socialização <strong>da</strong> natureza, em um quadro tal que:<br />

“A natureza transforma-se em política. No caso extremo que já po<strong>de</strong> hoje ser<br />

observado, torna-se o campo <strong>de</strong> soluções <strong>da</strong> engenharia genética para os problemas sociais<br />

(ambiente, seguri<strong>da</strong><strong>de</strong> social e técnica, e assim por diante). Entretanto, isso significa que a<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e a natureza se fun<strong>de</strong>m em uma “natureza social”, seja pelo fato <strong>de</strong> a natureza se<br />

tornar socializa<strong>da</strong> ou <strong>de</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> se tornar naturaliza<strong>da</strong>. Mas isso só significa que ambos os<br />

conceitos ⎯ natureza e socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ⎯ per<strong>de</strong>m e mu<strong>da</strong>m <strong>de</strong> significado.” (p. 40).<br />

Em última instância são as fronteiras entre natureza e artifício que se vêem<br />

modifica<strong>da</strong>s pela crescente inter<strong>de</strong>pendência entre os domínios social e natural. A partir <strong>da</strong>s<br />

questões coloca<strong>da</strong>s pela crise ambiental, é possível afirmar que a <strong>de</strong>marcação que consi<strong>de</strong>ra<br />

artificial tudo aquilo que é produzido pelo homem e confere à natureza o sentido <strong>de</strong> uma<br />

produção interna está per<strong>de</strong>ndo sua forca explicativa.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!