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Crise Ambiental e Modernidade - Instituto de Psicologia da UFRJ

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mo<strong>de</strong>rnizadora é feita através do estudo do eco-tecnicismo, linha do pensamento ecológico,<br />

que fazem <strong>da</strong> técnica e <strong>da</strong> ciência uma espécie <strong>de</strong> panacéia para as questões ambientais. É<br />

também feita uma discussão acerca do conceito <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável,<br />

mostrando duas diferentes visões. A primeira o <strong>de</strong>nuncia como sofisticação do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico, e a outra enfatiza a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se reformular a cultura do<br />

cientista, a partir <strong>da</strong> ambigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável. Por fim,<br />

mostra-se também que o conhecimento científico po<strong>de</strong> ser remetido ao conhecimento local<br />

fora <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> oposição. A ligação entre socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e ciência, reconstruí<strong>da</strong> através<br />

do conceito <strong>de</strong> re<strong>de</strong> sociotécnica, po<strong>de</strong> oferecer uma saí<strong>da</strong> para se compreen<strong>de</strong>r a crise<br />

ambiental sem que se recorra à <strong>de</strong>núncia crítica. Na medi<strong>da</strong> em que a <strong>de</strong>núncia crítica faz<br />

uso <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mentos ligados à separação entre socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e natureza, é necessária uma outra<br />

perspectiva que não <strong>de</strong>nuncie, que não almeje superar a mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois é exatamente<br />

esta separação que entra em crise frente às questões ambientais.<br />

No quarto capítulo, tenta-se compreen<strong>de</strong>r a crise ambiental sem recorrer às<br />

principais categorizações mo<strong>de</strong>rnas, que são, além <strong>da</strong> separação entre socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e natureza,<br />

a repartição <strong>de</strong> competências entre ciência e política e a previsibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do futuro. Isto é<br />

feito através do exame <strong>da</strong>s implicações <strong>da</strong> fusão entre natureza e socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre os<br />

campos nos quais, no primeiro capítulo, foi aponta<strong>da</strong> a exteriori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> natureza, sendo<br />

eles: História, ciência e cultura. No primeiro campo, são analisados, primeiramente, o<br />

processo que inscreve a natureza no tempo como recurso finito e sistema imprevisível, e<br />

também o processo segundo o qual o sujeito <strong>da</strong> História passa <strong>de</strong> uma consciência isola<strong>da</strong> a<br />

uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos diante <strong>da</strong> globali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> natureza. No campo <strong>da</strong> ciência,<br />

ocorre uma aproximação <strong>de</strong>sta com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>: seu objeto torna-se turbulento, dúbio,<br />

próximo <strong>da</strong>quele <strong>da</strong> política, enquanto as <strong>de</strong>cisões neste último campo procuram incluir a<br />

natureza entre os homens. Por fim, as culturas não po<strong>de</strong>m mais ser diferencia<strong>da</strong>s em<br />

oci<strong>de</strong>ntais e não oci<strong>de</strong>ntais ; o mundo oci<strong>de</strong>ntal passa a ser um conjunto <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

natureza, não radicalmente distinto, mas apenas mais amplo que os <strong>de</strong>mais.<br />

A discussão central neste capítulo remete à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reelaboração do<br />

sistema <strong>de</strong> representação mo<strong>de</strong>rno que conce<strong>de</strong>u aos experimentos científicos o direito <strong>de</strong><br />

falar em nome <strong>da</strong> natureza, e aos cientistas o papel <strong>de</strong> representá-los frente à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Do

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