CAPA REVISTA AGCRJ_4_2010.p65 - rio.rj.gov.br
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procedimento pode ser observado em relação à estrutura interna das Delegacias que era alterada de<<strong>br</strong> />
acordo com as necessidades operacionais do órgão.<<strong>br</strong> />
Ao longo de sua existência, era essa a prática da Policia, adequando sempre seu modus<<strong>br</strong> />
operandi às circunstâncias políticas e sociais do período. No que se refere aos temas dos dossiês<<strong>br</strong> />
temáticos integrantes dos “Setores”, também eram criados ou fundidos de acordo com as<<strong>br</strong> />
necessidades. Em entrevista a pesquisadores do APERJ, em 1998, Cecil Borer, que entrou para a<<strong>br</strong> />
DPS em 1932, da qual foi chefe do Setor Trabalhista e de Investigações e acabou como diretor do<<strong>br</strong> />
DOPS, entre 1963-65, comenta que o setor “Comunismo”, por exemplo, só foi organizado em 1947,<<strong>br</strong> />
quando o Partido Comunista foi fechado e decretado ilegal. “Foi quando iniciaram as invasões aos<<strong>br</strong> />
comitês regionais e centrais do partido para apreender material”, conta. (Contradita, 2000, pag.45)<<strong>br</strong> />
Mas há informações so<strong>br</strong>e comunismo e comunistas espelhadas por diversos setores antes dessa<<strong>br</strong> />
data.<<strong>br</strong> />
Já com o golpe militar de 1964, o alvo principal da Polícia Política, que até então era o PCB,<<strong>br</strong> />
passa a ser as organizações da esquerda armada, com seus assaltos a bancos, supermercados, firmas,<<strong>br</strong> />
bem como o desvio de material explosivo e munição. Esse tipo de informação encontra-se<<strong>br</strong> />
arquivado, em sua maioria, no setor “Terrorismo”, que reúne documentos do período compreendido<<strong>br</strong> />
de dezem<strong>br</strong>o de 1964 a novem<strong>br</strong>o de 1982.<<strong>br</strong> />
Dos 58 “setores”, os mais polpudos são o “Preventivo”, com 283 volumes de documentos,<<strong>br</strong> />
seguido pelo “DOPS”, com 218 e, em terceiro lugar, o “Comunismo”, com 195 volumes e datalimite<<strong>br</strong> />
de documentação compreendida entre a<strong>br</strong>il de 1934 e janeiro de 1983. Abaixo do setor<<strong>br</strong> />
“Comunismo” encontram-se os setores “Administração”, com 182 volumes, distribuídos em cinco<<strong>br</strong> />
temas e fundamental para a compreensão da estrutura de funcionamento da Polícia Política rasileira.<<strong>br</strong> />
Os demais setores, cada um com sua particularidade, possuem quantitativo variado e data-limite<<strong>br</strong> />
também diversificada.<<strong>br</strong> />
O setor “Comunismo”<<strong>br</strong> />
Os comunistas foram considerados, ao longo de toda a existência da Policia Política<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>asileira, os grandes inimigos do Estado e, portanto, estiveram sob a mira incansável de suspeição<<strong>br</strong> />
desde a criação do partido, em 1922. A história do partido coincide com a história da Policia<<strong>br</strong> />
Política e, dependendo dos passos dados pelos “vermelhos”, como eram frequentemente chamados,<<strong>br</strong> />
a Polícia se aparelhava e alterava sua estrutura para combatê-los. Cecil Borer comenta que “nas<<strong>br</strong> />
décadas de 40 e 50, olhávamos com naturalidade as atividades do partido de Ademar de Barros, do<<strong>br</strong> />
Partido Trabalhista, mas o Partido Comunista era o terror, era altamente nocivo. Não havia no PCB<<strong>br</strong> />
uma conduta política, havia uma conduta subversiva”, afirma. (Contradita, 2000, pag.37)<<strong>br</strong> />
O depoimento do ex-diretor do DOPS, que aos 18 anos entrou para a Polícia Especial criada