28.10.2014 Views

CAPA REVISTA AGCRJ_4_2010.p65 - rio.rj.gov.br

CAPA REVISTA AGCRJ_4_2010.p65 - rio.rj.gov.br

CAPA REVISTA AGCRJ_4_2010.p65 - rio.rj.gov.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

assalariado não pode ter a mesma lógica de uma na qual predomina o trabalho escravo. Assim, a<<strong>br</strong> />

cidade no capitalismo tem uma outra racionalidade histórica, dada diretamente pela constituição da<<strong>br</strong> />

formação economicosocial em que ela está situada. (5)<<strong>br</strong> />

Talvez o primeiro autor a teorizar so<strong>br</strong>e a cidade capitalista no âmbito do materialismo<<strong>br</strong> />

histórico, ainda no século XIX, tenha sido Friederich Engels. Em seu texto clássico so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />

condições de trabalho e vida da classe trabalhadora <strong>br</strong>itânica, em meados do século XIX, e nos seus<<strong>br</strong> />

artigos so<strong>br</strong>e a questão habitacional (6), o colega de Marx acaba por definir as linhas gerais das<<strong>br</strong> />

características de uma cidade no capitalismo. Utilizando o exemplo de Manchester, Engels afirma<<strong>br</strong> />

que o espaço urbano é um mecanismo de controle do proletariado pela burguesia. (7) Essa análise é<<strong>br</strong> />

certamente histórica, já que o autor escreveu esse relato em meados da década de 1840, antes das<<strong>br</strong> />

reformas empreendidas pelo barão de Haussmann em Paris. A partir de então, deve-se levar em<<strong>br</strong> />

conta a mediação do Estado nessa relação das classes sociais, o que ocorre no caso das reformas<<strong>br</strong> />

urbanas empreendidas na cidade do Rio de Janeiro, so<strong>br</strong>e as quais a remodelação feita na capital<<strong>br</strong> />

francesa teve grande influência.<<strong>br</strong> />

Engels afirma também que a cidade capitalista tende a se setorizar, ao contrá<strong>rio</strong> do que<<strong>br</strong> />

acontecia com a cidade feudal, do Antigo Regime e a escravista colonial. Tende a ser criada uma<<strong>br</strong> />

área central de caráter comercial e empresarial, com alto valor do terreno e sem residências. Há,<<strong>br</strong> />

geralmente, uma área residencial cara onde vivem mem<strong>br</strong>os da classe dominante e altos<<strong>br</strong> />

funcioná<strong>rio</strong>s de empresas e do aparelho de Estado e, por fim, um subúrbio po<strong>br</strong>e e barato habitado<<strong>br</strong> />

pelo operariado e proletariado urbano.(8) Essa concepção setorizada da cidade era apenas a<<strong>br</strong> />

evidência do que Engels viu em seu tempo, com o caso clássico de Paris após a reforma, quando a<<strong>br</strong> />

cidade foi dividida em regiões com ampliação da circulação interna, pelo menos em certas direções.<<strong>br</strong> />

Essa setorização foi enxergada também em Londres, por Maria Stella Bresciani, em seu livro<<strong>br</strong> />

clássico so<strong>br</strong>e a po<strong>br</strong>eza nas duas grandes capitais europeias, em passagens do século XIX para o<<strong>br</strong> />

XX (9).<<strong>br</strong> />

Apesar de constituir um modelo excessivamente geral e um tanto vago, ele pode ser<<strong>br</strong> />

relativamente visível para o caso do Rio de Janeiro. A urbe ca<strong>rio</strong>ca tem uma trajetória um tanto<<strong>br</strong> />

diferente dos casos de Paris, Manchester e Londres por ter um capitalismo surgido do escravismo<<strong>br</strong> />

colonial, em uma transição gradual desde 1850. O marco urbano maior dessa transição e da<<strong>br</strong> />

imposição do espaço urbano capitalista pode ser visto na ‘Era dos Melhoramentos’, empreendido<<strong>br</strong> />

durante o <strong>gov</strong>erno Rodrigues Alves, com destaque para a atuação do prefeito Francisco Pereira<<strong>br</strong> />

Passos, período que foi rebatizado de ‘Era das Demolições’ pela histo<strong>rio</strong>grafia especializada, apesar<<strong>br</strong> />

de todos os intensos debates so<strong>br</strong>e o assunto. Nessas reformas, as autoridades públicas tentaram<<strong>br</strong> />

transformar o porto colonial da cidade em um porto moderno e capitalista, (10) além de a<strong>br</strong>ir as ruas<<strong>br</strong> />

da cidade a uma maior circulação, principalmente dos bondes, meio de transporte de curta distância

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!