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CAPA REVISTA AGCRJ_4_2010.p65 - rio.rj.gov.br

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para o fato, mais do que significativo que, entre os 38 poemas traduzidos de Charles Baudelaire,<<strong>br</strong> />

Dante Milano traduziu os seguintes versos considerados rigorosamente sinistros: “Un Fantôme”,<<strong>br</strong> />

“Horreur Sympatique”, “Une Charogne”, “L’irremédiable”, “L’horloge”, “Une martyre”, “La<<strong>br</strong> />

Béatrice”, “Lê Léthe” e “Un Voyage à Cythere”.<<strong>br</strong> />

5. Imaginá<strong>rio</strong> literá<strong>rio</strong> do mal<<strong>br</strong> />

No sentido de compreender a dinâmica do imaginá<strong>rio</strong> modernista, no que tange à dialética<<strong>br</strong> />

das representações do bem e do mal, recorreu-se a diversas fontes e dados. Indica-se, entretanto, um<<strong>br</strong> />

ponto de partida histórico privilegiado, seguido na reflexão. Com o intuito de tentar configurar os<<strong>br</strong> />

elementos básicos da representação do mal no imaginá<strong>rio</strong> modernista, foi preciso voltar a atenção<<strong>br</strong> />

para o século XIX, buscando encontrar as cristalizações primordiais do embate entre as figuras do<<strong>br</strong> />

bem e do mal, no mundo moderno ocidental. Todavia, para que ninguém se perca num vasto<<strong>br</strong> />

labirinto, seguir-se-á a trilha oferecida pela vida intelectual do poeta Dante Milano – suas fontes<<strong>br</strong> />

clássicas e modernas servirão de guia nesse percurso.<<strong>br</strong> />

O primeiro autor a ser lem<strong>br</strong>ado – compondo um cená<strong>rio</strong> intelectual magistral e bastante<<strong>br</strong> />

complexo, porém sintético dessa luta de contrá<strong>rio</strong>s, na dialética entre o bem e o mal -, é Dante<<strong>br</strong> />

Alighieri. Sua o<strong>br</strong>a máxima A Divina Comédia, escrita no século XIV, é o prenúncio de um enredo<<strong>br</strong> />

que povoará o imaginá<strong>rio</strong> social dos séculos seguintes. A referência a esse autor não é de modo<<strong>br</strong> />

algum gratuita, trata-se de um clássico traduzido por Dante Milano, que, além de trazer no primeiro<<strong>br</strong> />

nome a herança dessa memória direta, muitas vezes reverenciada e cultivada, possuía, como se<<strong>br</strong> />

sabe, ascendência familiar de imigrantes italianos. São identificações interessantes que configuram<<strong>br</strong> />

a personalidade e a subjetividade do poeta ca<strong>rio</strong>ca que, apesar de ser considerado um modernista,<<strong>br</strong> />

nunca abnegou um classicismo originá<strong>rio</strong>. Dos clássicos, Dante Milano não traduziu apenas Dante<<strong>br</strong> />

Alighieri, mas também as odes de Horácio. Entre seus mestres espirituais também se indicam<<strong>br</strong> />

Virgílio, Petrarca e Leopardi, so<strong>br</strong>e quem especialmente escreveu memorável estudo.<<strong>br</strong> />

Dante Milano não ficou só nos clássicos, percorreu um itinerá<strong>rio</strong> vasto, de lastro literá<strong>rio</strong><<strong>br</strong> />

inigualável. Contudo, deixar-se-á de seguir, momentaneamente, seu rastro e suas fontes, para fazerse<<strong>br</strong> />

referência a um autor cuja o<strong>br</strong>a marca, à distância, o simbolismo vinculado à Coleção-Museu de<<strong>br</strong> />

Magia Negra do Rio de Janeiro. Trata-se do escritor alemão Johan Wolfgang Goethe. No período<<strong>br</strong> />

literá<strong>rio</strong> denominado de romantismo tem-se a o<strong>br</strong>a-prima, escrita durante toda a sua vida: Fausto.<<strong>br</strong> />

Tendo-se em conta que nela se encontra uma personagem importante que aparece indicada no<<strong>br</strong> />

inventá<strong>rio</strong> patrimonial apresentado pelo delegado auxiliar Demócrito de Almeida, em 1940, quando<<strong>br</strong> />

responde à solicitação de Rodrigo Mello Franco de Andrade, presidente do IPHAN. Logo no item 2<<strong>br</strong> />

da relação de inventá<strong>rio</strong> da Coleção-Museu de Magia Negra, tombada pelo antigo SPHAN, tem-se:<<strong>br</strong> />

Estatueta de Mefistófeles (Eixu) – entidade máxima da linha malei. Portanto, o delegado

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