Na Itália, Lula incentiva investimentos no Brasil ... - Comunità italiana

política
Upúblico cercada de
Uma pessoa calma que
só se movimenta em
assessores. Assim
se mostrou a ministra italiana
das Oportunidades Iguais, Mara
Carfagna, durante sua passagem
pelo Rio de Janeiro, mês passado.
Ela veio ao Brasil para participar
do III Congresso Mundial de
Enfrentamento da Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes
que reuniu representantes de
cerca de cem países.
Da programação da ministra,
que ficou cinco dias no Rio,
também fez parte uma visita ao
Centro Educacional Cantinho da
Natureza no morro dos Cabritos,
em Copacabana, desenvolvido
com recursos italianos. Em sua
primeira visita ao Brasil, Carfagna
contemplou a Cidade Maravilhosa
em um city tour e inaugurou o
Pelas crianças
Exploração sexual de crianças e adolescentes é tema de
evento que trouxe ao Brasil a ministra italiana
das Oportunidades Iguais, Mara Carfagna
busto da imperatriz brasileira
Teresa Cristina na Praça Itália, ao
lado do Consulado.
— Fico emocionada com o
sorriso dessas crianças. Aqui
posso dizer que resgato meu
otimismo, ainda mais depois
de participar do Congresso e
discutirmos os problemas que
afligem essa geração. Acho que
é uma bela iniciativa e gostaria
muito que o meu ministério
pudesse contribuir de alguma
forma. Levo essa intenção para a
Itália — diz a ministra que foi
escoltada por policiais militares
na subida do morro.
Assistida pela Associação dos
Voluntários para Serviço Internacional
(AVSI), a obra é vinculada
à Igreja Católica e atende crianças
de zero a seis anos. A partir de
março, vai intensificar suas ações na
capacitação de jovens com 15 anos
ou mais, em um centro de promoção
em Botafogo. Ali, vai atender
também adolescentes e adultos de
comunidades de Santa Teresa, além
de moradores do morro do Borel e
Santa Marta. Na creche visitada,
com funcionamento integral, mais
de 250 crianças têm atividades que
incluem programação cultural e
reforço escolar.
Carfagna, 32 anos, permaneceu
cerca de duas horas no local.
Brincou com algumas crianças
e zelou pelo sono de outras. Ao
contrário da véspera, quando se
apresentou por cinco minutos na
seção Diálogo Governamental de
Alto Nível, na creche, a ministra
não portava vestimentas formais
e tampouco maquiagem, bolsa ou
qualquer outro paramento. Porém,
tanto no congresso quanto na
visita às crianças, era observada
de perto pelos assessores diretos.
Silvia So u z a
Nos dois eventos, foi ciceroneada
pelo embaixador da Itália no
Brasil e o cônsul da Itália no
Rio, respectivamente, Michelle
Valensise e Massimo Bellelli.
No congresso, a representante
do governo Berlusconi afirmou
ser preciso atentar para a
distribuição e publicação de
material pornográfico, bem como
sua veiculação pela internet.
— Na Itália, há um rigor
contra o que é produzido para
e com meninos e meninas até
14 anos. O Conselho Europeu
também tem demonstrado a
preocupação que o tema requer.
Uma das metas do ministério
foi criar a lei provisória para um
tratamento nacional igualitário
de crianças e adolescentes. Será
criado um comitê para monitorar
as ações promovidas para esse
público, que confira proteção a
elas — salientou a ministra, que
leu seu discurso no momento
da cerimônia reservada aos
representantes governamentais.
Terminada a fala, Mara
agradeceu ao público em
português. Há duas semanas, ela
havia sido escolhida para receber
o presidente brasileiro Luiz Inácio
Lula da Silva na sua chegada a
Roma, em visita oficial à Itália.
Na abertura do Congresso, o
mesmo Lula sancionou lei que
pune a pedofilia na rede. Agora,
a pena mínima é de quatro
anos e a máxima de oito para
quem produz, reproduz, dirige,
fotografa, filma ou registra
cena de sexo explicito ou
pornográfica envolvendo crianças
e adolescentes. O novo texto faz
parte do Estatuto da Criança e do
Adolescente e também permite
que provedores que abriguem
imagens pornográficas de menores
sejam punidos.
— Exploração sexual é
tema tão importante que não
pode haver hipocrisia. É preciso
convencer os pais do mundo todo
de que educação sexual em casa
é tão importante quanto comida
na mesa. Se não ensinarmos
educação sexual nas escolas,
nossos adolescentes aprenderão
animalescamente nas ruas —
afirmou o presidente — E é
importante que não tratemos
exploração sexual como um
problema dos pobres. É feita
muitas vezes na classe média.
Foco na infância e na juventude
Foi no hotel Intercontinental,
em São Conrado, onde se
hospedou, que a ministra recebeu
a Comunità para uma entrevista,
antes da visita ao morro dos
Cabritos. Orientada a não tecer
comentários à respeito do
passado remoto em que foi alvo
de críticas de parlamentares por
sua falta de experiência para o
cargo ou mesmo sobre as críticas
quando recepcionou Lula, ela
comentou que a crise econômica
que motivou cortes no orçamento
italiano reduziu em 10% a verba
destinada à sua pasta.
— É seguramente um momento
sério ao qual todos precisam
se adaptar — conforma-se.
Ela ainda comemora a
aprovação do projeto de lei de
iniciativa do seu ministério que
permitiu dar mais proteção contra
a exploração sexual de crianças e
adolescentes. Segundo estudos do
governo, cerca de 70 mil pessoas,
um terço delas estrangeiras, se
prostituem na Itália. Desse total,
65% das prostitutas – das quais
20% são menores de idade –
trabalham nas ruas.
— Será nomeada uma
autoridade pelos presidentes
da Câmara e do Senado cujo
compromisso será o de tutelar
e salvaguardar os direitos das
crianças e adolescentes. Seria
algo como um “grande olho”
e qualquer cidadão poderá ter
contato direto com esse comitê
para fazer denúncias. Isso
agilizará ainda o trabalho nos
tribunais e através de um numero
verde que permitirá a fiscalização
dessas garantias — explica.
Ex-modelo, dançarina e apresentadora
de TV, a ministra é taxativa
sobre as condições que favorecem
esses atos. Para Mara, a perversão
até pode ser uma “patologia clínica”,
mas encontra respaldo na “cultura
de falta de direitos aos menores”.
Direitos esses que sequer são
divulgados. A saída para isso,
segundo ela, é a existência de
uma punição severa para servir de
exemplo. Com a nova lei italiana,
a exploração sexual de menores
de 18 anos poderá ser punida,
no seu país, com 6 a 12 anos de
prisão e multas de 15 mil a 150
mil. As penalidades serão mais
severas no caso de menores de
16 anos. Se o menor de idade for
imigrante, será deportado ao país
de origem:
— É fundamental um diálogo
entre vários organismos
e associações em nível internacional.
O Estado tem que
demonstrar que não tem piedade
com quem viola a integridade física
e psicológica dessas crianças.
Sobre seu futuro, a ministra
não titubeia. Pretende continuar
a carreira política, apesar de
reconhecer que depende das
lideranças dos partidos.
— Descobri uma paixão que
não conhecia. E espero ter plenas
condições de continuar a exercer
um cargo no futuro em favor da
sociedade — finaliza.
No alto, a ministra durante o
congresso. Ao lado, no passeio de
barco feito pela Baía da Guanabara,
acompanhada pelo presidente da
Comunità, Pietro Petraglia, pelo
vice-cônsul do Rio de Janeiro,
Giuseppe Romiti e assessoras
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