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Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

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A<strong>de</strong>lto Gonçalves<br />

pintores da história <strong>de</strong> Santos, lídimo seguidor <strong>de</strong> Benedicto Calixto, ainda<br />

que com outro e mais mo<strong>de</strong>rno estilo. Seus quadros retratam quase sempre as<br />

ruas e os casarões antigos <strong>de</strong> Santos, imagens que ele mesmo via <strong>de</strong> seu ateliê na<br />

Rua João Pessoa, a antiga Rua do Rosário. Morreu cedo, antes <strong>de</strong> chegar aos<br />

40 anos, provavelmente intoxicado pelo acre cheiro das tintas, apaixonado e<br />

envolvido por sua arte. Hoje, Nelson Penteado dá nome à galeria <strong>de</strong> arte da<br />

Pro<strong>de</strong>san, empresa <strong>de</strong> economia mista ligada à Prefeitura.<br />

Carreira <strong>de</strong> repórter<br />

Ao tornar-se moço à época em que o mundo saía da Segunda Guerra Mundial<br />

e o Brasil livrava-se da ditadura do Estado Novo e seus arroubos fascistói<strong>de</strong>s,<br />

Narciso <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, entusiasmado pelas letras, em 1948, iniciou carreira<br />

<strong>de</strong> repórter no antigo O Diário, <strong>de</strong> Santos, órgão dos Diários Associados, ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

comunicação do então “rei” do Brasil, Assis Chateaubriand. “Briguei no emprego<br />

que tinha e Miroel Silveira e Cassiano Nunes me levaram para trabalhar<br />

em O Diário”, lembra.<br />

Quem recebeu o jovem Narciso em O Diário, na Rua do Comércio, ali a<br />

poucos passos do Café Paulista, foi o chefe <strong>de</strong> redação Francisco Azevedo, o<br />

Azevedinho, um tipo esquisitão, que nem tirava os olhos do papel para se dirigir<br />

ao interlocutor, mas apaixonado por poesia, correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Rui Ribeiro<br />

Couto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o poeta largara Santos para seguir uma vida errante<br />

<strong>de</strong> diplomata na Europa.<br />

Entre as façanhas <strong>de</strong> sua vida tumultuada, Azevedinho gostava <strong>de</strong> lembrar a<br />

Narciso o dia 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1933, em que o navio Conte Gran<strong>de</strong> aportara<br />

em Santos, a caminho <strong>de</strong> Buenos Aires. A bordo, vinha o poeta espanhol Fe<strong>de</strong>rico<br />

García Lorca e, assim, Azevedinho pô<strong>de</strong> acompanhá-lo por todo um dia<br />

em sua visita à cida<strong>de</strong>.<br />

Azevedinho cuidava diretamente da seção Vida Marítima, que fornecia aos<br />

leitores os nomes dos vapores que entravam e saíam no porto, além <strong>de</strong> uma ou<br />

outra reportagem sobre o que ocorria no cais, entre muitos anúncios <strong>de</strong><br />

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