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Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

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Da Costa e Silva e o sincretismo<br />

É puramente penumbrista a atmosfera que envolve as três quadras, em redondilha<br />

maior, <strong>de</strong> “Sombra e Névoa...”:<br />

Cai o crepúsculo. Chove.<br />

Sobe a névoa... A sombra <strong>de</strong>sce...<br />

Como a tar<strong>de</strong> me entristece!<br />

Como a chuva me comove!<br />

Cai a tar<strong>de</strong> muda e calma...<br />

Cai a chuva fina e fria...<br />

Anda no ar a nostalgia,<br />

Que é névoa e sombra em minh’alma.<br />

Há não sei que afinida<strong>de</strong><br />

Entre mim e a natureza:<br />

Cai a tar<strong>de</strong>... Que tristeza!<br />

Cai a chuva... Que sauda<strong>de</strong>!<br />

Custa admitir que Andra<strong>de</strong> Muricy, profundo conhecedor do Simbolismo,<br />

tão lúcido que incluiu em seu panorama alguns autores tidos como<br />

parnasianos, e que realmente pendiam mais para o Símbolo, tenha visto<br />

traços da corrente em Da Costa e Silva apenas no livro <strong>de</strong> estréia, <strong>de</strong>ixando<br />

<strong>de</strong> vê-los num livro como Verônica, tão mais próximo da escola <strong>de</strong> Verlaine<br />

do que da <strong>de</strong> Leconte <strong>de</strong> Lisle...<br />

Alhambra<br />

Alhambra não chegou a aparecer como livro autônomo: figurou pela primeira<br />

vez como parte <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira das Poesias Completas <strong>de</strong> 1950, e no que toca às<br />

produções que o compõem, disse Alberto da Costa e Silva, na nota introdutória<br />

do livro, que “melhor seria julgá-las como poemas inacabados”.<br />

Ainda aqui temos procedimentos simbolistas, como no soneto intitulado<br />

“Cheia <strong>de</strong> Graça”, não tão ortodoxo, mas on<strong>de</strong> há acentos místicos na i<strong>de</strong>ntificação<br />

da Amada com Nossa Senhora:<br />

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