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Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

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Sânzio <strong>de</strong> Azevedo<br />

segunda edição, <strong>de</strong> 1916, com levíssimas diferenças. Alberto da Costa e Silva,<br />

em nota relativa ao soneto, na terceira edição das Poesias Completas (1985)<br />

<strong>de</strong> seu pai, informa que o texto figurou pela primeira vez na edição <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> outubro<br />

<strong>de</strong> 1909 do Filhote <strong>de</strong> A Careta, mas não faz alusão ao título com que ele<br />

aparece na citada coletânea. Esta é a versão <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> “A Moenda”:<br />

Na remansosa paz da rústica fazenda,<br />

À luz quente do sol e à fria luz do luar,<br />

Vive, como a expiar uma culpa tremenda,<br />

O engenho <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira a gemer e a chorar.<br />

Ringe e range, rouquenha, a rígida moenda;<br />

E, ringindo e rangendo, a cana a triturar,<br />

Parece que tem alma, adivinha e <strong>de</strong>svenda<br />

A ruína, a dor, o mal que vai, talvez, causar...<br />

Movida pelos bois tardos e sonolentos<br />

Geme, como a exprimir, em doridos lamentos,<br />

Que as <strong>de</strong>sgraças por vir, sabe-as todas <strong>de</strong> cor.<br />

Ai! dos teus tristes ais! Ai! moenda arrependida!<br />

– Álcool! para esquecer os tormentos da vida<br />

E cavar, sabe Deus, um tormento maior!<br />

É sintomático o fato <strong>de</strong> os dois sonetos mais populares <strong>de</strong> Da Costa e Silva<br />

serem justamente aqueles em que o poeta mais se distanciou do Simbolismo e<br />

mais se aproximou da dicção menos ortodoxa do Parnasianismo brasileiro.<br />

Em “A Moenda”, não se diga ser simbolista a presença das aliterações, o que<br />

existe em literatura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Virgílio, pelo menos, com alguns passos da Eneida.<br />

Quanto à antropomorfização do engenho, basta lembrar que Bilac <strong>de</strong>u sentimentos<br />

humanos não somente a seres como “As Árvores”, mas também a “A<br />

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