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Prosa (2) - Academia Brasileira de Letras

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Sânzio <strong>de</strong> Azevedo<br />

Em flóculos <strong>de</strong> espuma ur<strong>de</strong>, borda e <strong>de</strong>senha<br />

O arabesco fatal, on<strong>de</strong> os palpos apóia<br />

E, tenaz, a caçar os insetos se empenha.<br />

Vive, mata e produz, nessa faina enfadonha;<br />

E, o fascinante olhar a ar<strong>de</strong>r como uma jóia,<br />

Morre na própria teia, on<strong>de</strong> trabalha e sonha.<br />

A propósito do quinto verso (“Faz do fluido que flui das entranhas a estranha”),<br />

Péricles Eugênio da Silva Ramos observou: “as soluções formais concretistas<br />

têm precursores nacionais; as paronomásias <strong>de</strong> que ainda não se libertaram<br />

esses mesmos concretistas já surgiam vigorosamente em Da Costa e Silva”. 5<br />

Quanto aos sonetos “O Morcego” e “O Vaga-lume”, neles o poeta usou a<br />

rima redobrada, isto é, trabalhou apenas com duas rimas, o que torna o trabalho<br />

do artista mais difícil. Mas por amor à verda<strong>de</strong> lembramos que esse requinte<br />

foi mais do gosto <strong>de</strong> parnasianos do que <strong>de</strong> simbolistas, pois se Hermes<br />

Fontes compôs nesse esquema “Restos” e “Culto dos Olhos”, o mesmo já fizera<br />

Machado <strong>de</strong> Assis com o célebre “Círculo Vicioso” e “Dai à obra <strong>de</strong><br />

Marta um pouco <strong>de</strong> Maria”. Emílio <strong>de</strong> Meneses faria assim o “Envelhecendo”,<br />

e Olavo Bilac, a sua “Prece”.<br />

Simbolismo em Zodíaco temos no “Hino ao Sol”, no “Hino ao Mar” e no<br />

“Hino à Terra”, em versos que vão <strong>de</strong> uma a doze sílabas, em or<strong>de</strong>m crescente<br />

e, a partir da meta<strong>de</strong>, em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente, como o “Madrigal <strong>de</strong> um Louco”,<br />

do livro <strong>de</strong> estréia.<br />

A parte do livro que leva o título do volume, “Zodíaco”, é formada por poemas<br />

que celebram o “Inverno”, a “Primavera”, o “Verão e o “Outono”, textos<br />

vazados em metros vários, misturando <strong>de</strong>cassílabos, hexassílabos, trissílabos,<br />

octossílabos, alexandrinos, etc. São poemas polimétricos, o que os aproxima<br />

mais do Símbolo do que do Parnaso. Como este trecho <strong>de</strong> “Inverno”:<br />

5 Ramos, Péricles Eugênio da Silva. Poesia simbolista. São Paulo: Melhoramentos, 1965, p. 386.<br />

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