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R$ 5,90 - Roteiro Brasília

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nambuco do Pandeiro, nome pelo qual<br />

esse pequeno grande instrumentista é<br />

conhecido há mais de 60 anos.<br />

Os músicos, sem interromper o chorinho,<br />

levantam-se para cumprimentá-lo.<br />

São várias gerações de artistas: Sérgio<br />

Duboc, Fino e Carrapa do Cavaquinho,<br />

do Liga Tripa; Fernando Machado, clarinetista<br />

virtuoso; Léo Benon, Márcio Marinho<br />

e Dudu, da novíssima geração de<br />

chorões; e Cezinha, do Dois de Ouro,<br />

irmão de Hamilton de Holanda, acompanhado<br />

do pai, o violonista José Américo.<br />

Para todos ele tem uma palavrinha e<br />

um afago. Recusa uma cadeira estofada<br />

e puxa um banquinho. Pega o pandeiro<br />

e também cai no choro. Agora, de novo<br />

um menino, sorrindo feliz, à toa.<br />

A cena aconteceu no sábado, 3 de<br />

novembro. Foi uma pequena homenagem<br />

que alguns músicos da cidade e outros<br />

admiradores fizeram ao instrumentista<br />

e fundador do Clube do Choro,<br />

que está de novo morando em Brasília,<br />

depois de passar 17 anos em Uberaba.<br />

Seu Inácio, ou melhor, Pernambuco do<br />

Pandeiro, é um apaixonado pela cidade<br />

que viu crescer, pois chegou aqui trazido<br />

pelo próprio presidente Juscelino Kubitscheck<br />

ainda em 1959, em mais uma<br />

aventura de uma vida aventureira.<br />

NASCIDO EM GRAVATÁ DE BEZERRA,<br />

sertão pernambucano, Inácio, ainda<br />

adolescente, foi para o Rio de Janeiro<br />

com um irmão. Morando no morro do<br />

Estácio e engraxando sapatos na Lapa,<br />

conviveu com malandros históricos<br />

como Madame Satã, Camisa Preta e<br />

Miguelzinho. Por essa época descobriu<br />

seu talento para o pandeiro.<br />

O ano de 1940 já o encontra tocando<br />

profissionalmente na Rádio Clube<br />

Fluminense e nas boates Dancing Brasil<br />

e Farolito. Era o primeiro passo de uma<br />

carreira surpreendente. Logo passou a<br />

tocar, na Rádio Ipanema, no regional de<br />

César Faria, pai de Paulinho da Viola.<br />

“Esse também já se foi”, Pernambuco<br />

interrompe a narração de sua própria<br />

história para lamentar a recente morte<br />

do amigo. Mas as perdas já foram muitas,<br />

e rapidamente ele volta à cronologia:<br />

depois foi para a rádio Tupi, onde<br />

tocava com Pixinguinha e Benedito Lacerda.<br />

Seu nome já corria solto nas noites<br />

musicais da Cidade Maravilhosa.<br />

Nas décadas de 40 e 50, a competição<br />

entre as rádios no Rio de Janeiro<br />

era intensa. Com a programação quase<br />

toda ao vivo, elas contratavam atores,<br />

escritores, maestros e principalmente<br />

músicos para formar seu cast. Naquela<br />

época, os conjuntos “regionais” eram a<br />

grande onda do mercado radiofônico.<br />

Primeiro porque, sendo um conjunto<br />

que não necessitava de arranjos escritos<br />

e normalmente caracterizavam-se pela<br />

facilidade de improvisação, ajudavam<br />

muito nos programas de auditório,<br />

cobriam os buracos da programação e<br />

acompanhavam com competência qualquer<br />

cantor ou cantora que se apresentasse<br />

nos programas.<br />

Foi nesse período que Pernambuco<br />

do Pandeiro criou seu próprio regional,<br />

onde se destacava um rapaz albino que<br />

tocava acordeão e atendia pelo nome de<br />

Hermeto Pascoal. Com seu grupo, Pernambuco<br />

gravou vários discos, apresentou-se<br />

Brasil afora e em vários países da<br />

Europa.<br />

Os convites choviam no chapéu de<br />

Pernambuco, e ele atendia aos que podia.<br />

Gravou na Polydor com Dilermano Pinheiro,<br />

Odete Amaral e Aracy de Almeida.<br />

Em 1958, juntamente com Abel<br />

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