R$ 5,90 - Roteiro Brasília

vou a fazer essa série, em comemoração aos seus 50 anos
de pintura e aos 50 anos de construção de Brasília. Textos
que enriquecem nossa percepção das pinturas.
Bracher é mineiríssimo. Nasceu em Juiz de Fora e
mora em Ouro Preto. A barroca Ouro Preto, com suas
ladeiras e becos, encravada no meio das montanhas, é
o oposto de Brasília, solar, aberta para o céu, um monumento
da arquitetura moderna de Niemeyer, das longas
avenidas e das organizadas superquadras de Lúcio Costa.
Mas foi exatamente esse contrate que atraiu Bracher,
ele mesmo um espírito barroco, que fala com eloqüência
barroca e pinta com o vigor e lirismo dos impressionistas,
não fosse ele apaixonado por Van Gogh (em homenagem
a quem já fez uma série de belos óleos). Foi com esses
olhos habituados às curvas das igrejas de Ouro Preto e
essa visão impressionista do mundo que Bracher desembarcou
em Brasília no início de 2006 com o objetivo de
fazer a série reproduzida no livro.
NÓS QUE AQUI MORAMOS PODEMOS NOS SURPREENDER
com a Brasília pintada por Bracher. A cidade que vemos
em nosso dia-a-dia, que explode de claridade e cuja luz
fica ainda mais forte rebatida nos prédios e palácios brancos,
é transfigurada pelas mãos do artista. Cores fortes
e escurecidas dão uma dramaticidade que nós, simples
mortais, não enxergávamos. O céu limpo se enche de
emoções. A sensibilidade e a técnica de Bracher fazem
explodir uma Brasília que não conhecíamos, mas que
estava lá.
Bracher nos conta no livro que sua vontade de retratar
a cidade nasceu da profunda admiração que tem pelo
também mineiro Juscelino Kubitschek. Jovem estudante,
teve oportunidade de conhecer pessoalmente JK quando
era ainda governador de Minas. Suas famílias já se conheciam.
Com a epopéia da construção de Brasília, o
espírito empreendedor de JK virou uma fascinação para
o espírito criativo do artista. Ele relata no livro, com riqueza
de detalhes, as motivações da série de pinturas e
aquarelas e o processo de produção dos quadros. É valiosa
contribuição para melhor entendimento da obra.
Enquanto os quadros a óleo foram pintados da forma
que Bracher habitualmente faz – diante da cena a ser
pintada, como “pintor de rua” –, as aquarelas partiram
de antigas fotos da construção da cidade. Os óleos mostram
o que temos hoje, e as aquarelas como tudo começou.
São lindas. Os candangos em busca do Eldorado
estão agora eternizados em obras de arte, como se o artista
tivesse presenciado sua chegada ao Cerrado inóspito e
documentado o início da construção do sonho modernista
de JK.
Com os quadros de Bracher, Brasília tem um retrato
de grande sensibilidade, à altura da própria obra de arte
que é nossa cidade. Os quadros vão se espalhar por coleções,
mas o conjunto fica, desde já, reunido nesse belo
livro que celebra o cinqüentenário que se aproxima.
Nas aquarelas, os candangos em busca do Eldorado
e o primeiro monumento em construção
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