Revista Repesca - Engenharia de Pesca - Uema
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Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[2]<br />
maior seletivida<strong>de</strong>, e como as capturas são mais reduzidas, mas o elevado valor unitário, <strong>de</strong>termina<br />
um elevado rendimento econômico com relação ao escasso custo <strong>de</strong> produção.<br />
Muito já se enfatizou da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência técnica das comunida<strong>de</strong>s pesqueiras, para<br />
possibilitar uma maior compreensão dos sistemas <strong>de</strong> pesca e sua inserção na discussão das políticas<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Não foi o que ocorreu, entretanto, com a implantação dos serviços <strong>de</strong><br />
assistência técnica i<strong>de</strong>alizados pela extinta SUDEPE 3 , que sequer materializou-se, reduzindo-se ao<br />
assistencialismo e clientelismo, pois não levaram em consi<strong>de</strong>ração os reais interesses do artesanato<br />
pesqueiro. A própria SUDEPE (1988) reconheceu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong>finição da postura<br />
governamental, na medida em que o pescador artesanal participe na gestão <strong>de</strong> políticas voltadas<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento do setor pesqueiro. Timm (1978) alertou para o fato <strong>de</strong> que, mesmo<br />
parecendo ingênuo preconizar soluções diante da realida<strong>de</strong> nacional, o <strong>de</strong>senvolvimento da pesca<br />
somente po<strong>de</strong>rá ser satisfatoriamente alcançado quando o pescador se constituir em agente atuante e<br />
dignificado no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento pesqueiro. Diegues (1985) 4 , comenta que existem<br />
muitos mitos em relação aos pescadores artesanais que precisam ser <strong>de</strong>rrubados, pois impediram a<br />
sua integração no processo <strong>de</strong> gestão e no <strong>de</strong>senvolvimento local. Nesse processo <strong>de</strong> gestão, esses<br />
mitos <strong>de</strong>vem ser i<strong>de</strong>ntificados para sua superação, pois po<strong>de</strong>m ter sido causas que atuaram em um<br />
processo que fragilizou a ativida<strong>de</strong>.<br />
Pelas fragilida<strong>de</strong>s apresentadas nos dias <strong>de</strong> hoje e pela falta <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento<br />
efetiva da ativida<strong>de</strong>, o arcabouço institucional criado para organizar o setor pesqueiro sempre<br />
relegou substancialmente a pesca artesanal, tanto do ponto <strong>de</strong> vista social, consi<strong>de</strong>rando os<br />
pescadores como contingentes <strong>de</strong> aproveitamentos em <strong>de</strong>fesa da soberania nacional e sem garantir<br />
sua inserção na socieda<strong>de</strong>, como do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> segmento econômico e produtivo, estando à<br />
margem das políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para a pesca industrial, pois o status da ativida<strong>de</strong><br />
artesanal nunca foi <strong>de</strong>vidamente respeitado, sendo por muito tempo consi<strong>de</strong>rada como<br />
complementar ao segmento industrial.<br />
Essa institucionalização, estabelecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX para o or<strong>de</strong>namento da ativida<strong>de</strong><br />
pesqueira, <strong>de</strong>ixou lacunas e fragmentos que prejudicou a consolidação do segmento artesanal e <strong>de</strong><br />
pequena escala e <strong>de</strong> suas comunida<strong>de</strong>s como ativida<strong>de</strong> econômica, agentes <strong>de</strong> produção e base da<br />
economia familiar. Houve uma alternância <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s e competências institucionais que<br />
se revezou entre a Marinha do Brasil, o Ministério da Agricultura e o IBAMA, estando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003<br />
sob os auspícios da Secretaria Especial <strong>de</strong> Aqüicultura e <strong>Pesca</strong> da Presidência da República –<br />
SEAP/PR. Ocorreu a geração <strong>de</strong> programas e projetos que, indiscutivelmente, trouxeram aspectos<br />
3 A Superintendência do Desenvolvimento da <strong>Pesca</strong> – SUDEPE foi criada pela Lei Delegada nº 10, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />
1962, e extinta pela Lei nº 7.735, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1989, que cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos<br />
Recursos Renováveis – IBAMA.<br />
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