Revista Repesca - Engenharia de Pesca - Uema
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Rev. Bras. Enga. <strong>Pesca</strong> 2[2]<br />
passam a coincidir com os do coletivo. Em esses momentos se estabelecem sistemas <strong>de</strong> controle e<br />
gestão efetivos e pouco custosos.<br />
Para os interesses da gestão da ativida<strong>de</strong> pesqueira artesanal e <strong>de</strong> pequena escala, os<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos geralmente não levam em consi<strong>de</strong>ração a percepção e o comportamento dos<br />
pescadores diante dos estoques e ambientes que explotam. Falar em mo<strong>de</strong>lagem para a gestão<br />
participativa da pesca artesanal necessariamente tem-se que abordar as questões <strong>de</strong> conflitos entre<br />
sobrexplotação e sustentabilida<strong>de</strong> que tanto interferem no estabelecimento e implementação <strong>de</strong> um<br />
sistema <strong>de</strong> gestão a<strong>de</strong>quado a realida<strong>de</strong> e peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse segmento pesqueiro e dificulta o seu<br />
or<strong>de</strong>namento. De acordo com Marrul Filho (2001), esses mo<strong>de</strong>los po<strong>de</strong>m falsear quando<br />
confrontados com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem estabelecidos níveis <strong>de</strong> apropriação dos recursos<br />
pesqueiros que sejam socialmente sustentáveis, não po<strong>de</strong>ndo ser percebido como sustentável do<br />
ponto <strong>de</strong> vista político-institucional e prescin<strong>de</strong> da participação <strong>de</strong>mocrática dos atores e <strong>de</strong><br />
formação <strong>de</strong> coesão social para a <strong>de</strong>finição do que é sustentabilida<strong>de</strong>.<br />
Assim, tendo em consi<strong>de</strong>ração os pressupostos básicos inerentes à alocação ótima dos<br />
recursos naturais e às características da ativida<strong>de</strong> pesqueira que <strong>de</strong>termina, sob acesso irrestrito, a<br />
falha na alocação dos recursos, a ineficiência econômica e a sobrepesca, a condução <strong>de</strong> estudos<br />
sobre bio-economia pesqueira são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse para Estados costeiros em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
(Seijo et al., 1998). O <strong>de</strong>senvolvimento dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão atualmente <strong>de</strong>senvolvidos na<br />
península ibérica, ainda que longe <strong>de</strong> serem ótimos do ponto <strong>de</strong> vista biológico, permitiu o controle<br />
da ativida<strong>de</strong> pesqueira fundamentado em três pilares: prevenir, sancionar e responsabilizar. Sem<br />
dúvida, um a<strong>de</strong>quado sistema <strong>de</strong> gestão da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve estar em harmonia com seus ambiciosos<br />
objetivos, o qual exige um custo inegável entre os envolvidos para harmonizar ações e resultados,<br />
permitir uma cooperação ativa entre todas as partes afetadas e, acima <strong>de</strong> tudo, um apoio real do<br />
setor produtivo, o maior interessado na sustentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong>.<br />
Uma questão é central na relação entre ciência e regulação do uso dos recursos pesqueiros,<br />
seja ela ina<strong>de</strong>quada ou insuficiente: o estado dos estoques explotados, principalmente quando tais<br />
conclusões apontam ou constatam sobrepesca, nem sempre consegue ser entendido pelos<br />
pescadores ou mesmo chegar a convencê-los da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem tomadas fortes medidas <strong>de</strong><br />
restrição a suas ativida<strong>de</strong>s. Desse modo, proteger os estoques passa a ser ponto <strong>de</strong> conflito entre<br />
produtores e tomadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão no âmbito das agências reguladoras, esses quase sempre<br />
alinhados com as conclusões da ciência. O problema na pesca é que, em <strong>de</strong>terminadas condições<br />
tecnológicas, gera benefícios extraordinários que atraem novos investidores.<br />
Assim, no processo <strong>de</strong> implementação da gestão participativa as respostas dos mo<strong>de</strong>los bioeconômicos<br />
po<strong>de</strong>m transformar-se em importantes instrumentos para se conscientizar o setor<br />
produtivo da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornar sustentável a ativida<strong>de</strong>, pois em se conhecendo o estado do<br />
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