1 O ensino a distância e a educação à presença ... - USP

O 12ensino a distância e a educação à presença: contribuições psicanalíticas a propósito da formação não-presencial de professores
Não é difícil perceber que existam grandes diferenças sobre como a educação
a distância ocorre nesses dois grupos. Enquanto países que compartilham baixos índices
de desenvolvimento social tentam resolver o problema da provisão de professores para
educação básica por meio da educação a distância, outros, que mantém oferta de
educação para toda a população, oferecem a formação inicial de professores em
modalidade presencial, enquanto puderam e podem substitui-la a qualquer momento,
visto que detém abundante tecnologia, estrutura e, principalmente, corpo docente com
notória qualificação.
Isto denuncia que a educação a distância nos dois grupos, no mínimo,
encontrou sistmas de ensino em diferentes patamares de desenvolvimento e, no máximo,
atende a concepções distintas do que seja e para que sirva a educação. Não há como
ignorar a insuficiência de oferta de educação presencial em todos os níveis nos países do
primeiro grupo. Assim como não há como ignorar que entre os motivos que levam os
alunos a se matricular nas megauniversidades dos países desenvolvidos não figure a falta
ou dificuldade de acesso a cursos presenciais.
Implica mesmo em uma maléfica coincidência. Se, de algum modo, a
formação de professores for relevante para uma melhoria da aprendizagem dos alunos e a
iniciativa de se formar professores a distância implicar em aspecto comprometedor para
sua realização, os eternos legatários dos princípios liberais correm o risco de continuar
sem acesso a bens culturais que lhes proporcionem igualdade social e decorrente
eqüidade. Perpetuando-se as mesmas condições sociais que precederam à intenção de se
ampliar o acesso ao ensino. Neste sentido, a educação perde seu teor educativo, por
justamente atender a outro registro e a uma serventia oponente.
O fato da predileção da formação de professores a distância ser proposta para
ser implementada nos países “pobres”, mesmo sob parceria das megauniversidades dos
países “ricos”, é um indicativo que deve ser observado com mais atenção, uma vez que,
como detalhado a diante, o Brasil não apenas integra esse primeiro grupo, mas elegeu a
formação de professores para a educação básica pedra fundamental para a expansão dos
cursos de graduação a distância. E, para tanto, investe na criação de novas (UNIVESP) e
ampliação de vagas nas já existentes (UAB, UnB) megauniversidades a distância.