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1 O ensino a distância e a educação à presença ... - USP

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O 30<strong>ensino</strong> a distância e a educação à presença: contribuições psicanalíticas a propósito da formação não-presencial de professores<br />

“Se Silva está ocupado a ensinar, então ele também está tentando. É<br />

evidente que estar tentando fazer alguma coisa não significa sempre<br />

alcançar êxito. Se o êxito é atingido, é algo que dependerá de fatores<br />

externos ao fato mesmo de tentar: o universo inteiro deve cooperar. Caçar<br />

leões é tentar capturar um leão; capturar um leão, porém, significa ter êxito<br />

nessa tentativa, e isso é algo que dependerá de bem mais do que<br />

simplesmente tentar” (...) “Tampouco, por conseguinte, jamais será<br />

apropriado, em resposta à pergunta ‘O que é que você está fazendo”, dizer<br />

‘Estou sendo bem sucedido em caçar um leão’, embora seja seguramente<br />

correto retrucar: ‘Estou caçando um leão’.” (SCHEFFLER, 1971, p. 84)<br />

Fazer com que a aprendizagem ocorra igual ou melhor do que esperado –<br />

com êxito – não é a mesma coisa que melhorar o <strong>ensino</strong>. Assim como melhorar o <strong>ensino</strong><br />

não é meramente, como se fosse possível, provê-lo de garantias em evitar ou eliminar o<br />

fracasso. Ações e regras que possam melhorar o <strong>ensino</strong>, tão somente, podem deixá-lo de<br />

algum modo mais eficiente enquanto tentativa. Isso inclui, por exemplo, regras de higiene<br />

para alguns professores ou mudanças no material didático de todo o sistema escolar. Mas,<br />

a realização dessas regras, mesmo que ocasione evidente melhora na eficiência, nada têm<br />

a ver com o êxito da aprendizagem. O próprio verbo exitar pressupõe a impossibilidade<br />

de realização de uma tarefa que se dirige, e só (não)ocorre, antes de mais nada, para/por<br />

sucesso.<br />

Para desempenhar eficiência no <strong>ensino</strong>, por exemplo, verifica-se se o aluno<br />

está acordado, se ele ouve bem de onde está e se é proficiente no idioma que o professor<br />

fala e escreve. São regras mínimas, básicas e exaustívas. Aprimoram-nas: mudam-se os<br />

móveis para que o aluno se mantenha acordado por mais tempo, melhora-se a acústica ou<br />

exercita-se a voz do professor para que não seja distorcida por outros ruídos e contratamse<br />

dois tradutores para que, pelo menos, três idiomas sejam falados e escritos. Ao mesmo<br />

tempo em que a soma de implementos de eficiência ampliam as possibilidades de<br />

melhora do <strong>ensino</strong>, não necessariamente tornam mais fácil a ocorrência de aprendizagem.<br />

“aquilo que é feito de modo observável, sob a forma de esquemas de<br />

movimento, pode variar indefinidamente, reproduzir-se de modo exato em

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