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1 O ensino a distância e a educação à presença ... - USP

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O 2 <strong>ensino</strong> a distância e a educação à presença: contribuições psicanalíticas a propósito da formação não-presencial de professores<br />

INTRODUÇÃO<br />

A contemporaneidade em nosso país se constitui por características que<br />

denunciam uma condição republicana teimosamente incipiente. A mudança repentina<br />

ocasionada pela instauração da república em uma sociedade escravocrata parece nos levar<br />

repetidamente a uma supressão apressada e inconsequente de buscar o usufruto dos bens<br />

culturais produzidos por ideais liberais estrangeiros, nunca medindo as consequencias em<br />

não alcançá-los. Antonio Candido (1978) aponta o início dessa condição na falta de<br />

trabalho livre para novos homens livres (da escravidão), que impossibilitou à grande<br />

parte da população não viver dentro da ordem pressuposta ao seu trabalho e,<br />

contraditoriamente, não prescindir dela (C.f. SHWARZ, R. 2001). Candido expõe que a<br />

necessidade dos “homens livres” em ocupar ora as posições de escravo, ora as de senhor,<br />

contribui para existir uma dialética da ordem (ou Lei), esta apenas decorativa, e de uma<br />

desordem tolerada. Enfim, um amalgama que tenta sulturar a ruptura social entre<br />

“abastados e miseráveis”.<br />

Tal situação, que por origem se opõe às consagradas empresas republicanas<br />

por seu caráter de desigualdade e deliberada falta de interesse público, ao mesmo tempo<br />

determinou um “modo de ser brasileiro” (CANDIDO, 1978), por marcar historicamente o<br />

esvaziamento do teor dos ideais liberais ao promover prática política contrária à<br />

realização de ações igualitárias. Se a França aparelhou com patrimônio público, similar<br />

ao seu próprio, boa parte de suas colônias durante o período napoleônico – a ponto de<br />

nomear ministro da educação nacional o responsável pela educação em suas colônias –, o<br />

Brasil republicano promoveu ainda menos investimentos públicos do que Dom Pedro II<br />

fizera durante toda a sua regência 1 . Ao contrário dos países onde o usufruto dos ideais<br />

liberais se reverteu, na maioria das vezes, em benefício público, a república brasileira,<br />

1 Além de ser responsável pela primeira iniciativa de formação de professores em um curso de educação<br />

superior, D. Pedro II costumava “tomar pontos”, fazer chamadas orais, em escolas do Império. O que<br />

demonstrava a importância que supunha à educação.<br />

Apesar de não representar a promoção pública da educação conforme recomendação dos princípios liberais,<br />

demonstrava a compreensão da importância simbólica do repasse de uma herança cultural escolar,<br />

desprestigiada durante os primeiros quarenta anos da república.<br />

Durante sua regência foi escrita a primeira avaliação das 90 escolas da Corte. Documento-fonte para grande<br />

parte dos republicanos (SOUZA, ...: 64).

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