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1 O ensino a distância e a educação à presença ... - USP

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O 44<strong>ensino</strong> a distância e a educação à presença: contribuições psicanalíticas a propósito da formação não-presencial de professores<br />

cultura de massa – esta que nos repete principalmente aquilo que é insignificante e<br />

instigante por justamente fazer lembrar-se de algo que não se quer lembrar –, não é<br />

descartável numa formação e suas pertinências não podem obter o estatuto de menores ou<br />

maiores à contribuição bibliográfica formal. Porém, a primazia da forma proporcionada<br />

pelo uso de (novas) tecnologias em substituição à disforme presença do professor e o<br />

voto de que seja esta forma o meio mais garantido de “intensificar o significado”,<br />

enquanto sabemos que à aprendizagem se antepõe uma contrapartida de quem aprende,<br />

uma contra(ven)ação, um “tomar ciência”; apontam um risco premente à formação: a<br />

crença na promessa de que se possa proporcionar <strong>ensino</strong> mais eficaz do que o fracasso da<br />

presença incerta do outro, o Professor, por meio da suposta simetria, produto da<br />

comunicação. Como veremos adiante, tal crença promove justamente o contrário.<br />

A necessidade de formato para a informação a ser ensinada, encouraçado de<br />

tecnologia 39 e respaldado pela teoria da comunicação pressupõe mais do que uma gradual<br />

evolução do <strong>ensino</strong> para alcance da transformação da educação presencial arcaica,<br />

ineficiente e marcada pelo fracasso. Ao perseguir tal objetivo, não se atém ao fato de que<br />

ao mesmo tempo, também se trata de uma tentativa de negação da legitimidade de<br />

práticas que, mesmo arcaicas e ineficientes, são, de alguma maneira, esteio da<br />

aprendizagem.<br />

“A cada vez que a tecnicidade se imiscui em nossa vida cotidiana, as<br />

vantagens evidentes que nos proporciona não podem ser dissociadas das<br />

contrapartidas que implica um recuo com relação à disponibilidade<br />

espontânea de antes da máquina” (LEBRUN, 2004: 100)<br />

O que se perde com a sofisticação, ampliação e potencializção da<br />

tecnologia, ou simplesmente da técnica como um todo? Lebrun aponta para a perda do<br />

sentido da experiência comum, do senso comum, do bom senso –. “Um saber interno do<br />

sujeito que o faz sujeito e que, por isso, lhe dá uma bússola que não precisa de nenhum<br />

conhecimento exterior para funcionar.” (Ibid.) –. Para a educação, implica perder algo<br />

que foi herdado não só pela formação docente, mas pelo senso comum; este que também<br />

faz parte da formação. Na oportunidade de deslumbramento da realização de ações que<br />

39 Poderia ser pela datilografia, como já o foi, ou pela télégraphia, como fôra há mais tempo.

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