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1 O ensino a distância e a educação à presença ... - USP

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O 32<strong>ensino</strong> a distância e a educação à presença: contribuições psicanalíticas a propósito da formação não-presencial de professores<br />

delírio, pois o que é mais profundamente recalcado encontra vazão nas ações menos<br />

evidentes e mais reveladoras. Neste caso, o desconforto em não atender ao que o discurso<br />

pedagógico hegemônico demanda de eficiência e êxito, lança o professorando à<br />

lembrança de outras experiências ambíguas e inexequíveis, como a etapa de organização<br />

do <strong>ensino</strong> a distância proposta por Gutierrez e Prieto (1994):<br />

“O autor do texto-base parte já de recursos pedagógicos destinados a<br />

tornar a informação acessível, clara e bem organizada, em virtude da autoaprendizagem”<br />

(...) “Uma primeira regra pedagógica fundamental é que o<br />

estudante tenha uma visão global do conteúdo. Essa visão permite-lhe<br />

situar-se no processo como dentro de uma estrutura compreensível e sólida,<br />

de modo que os difererntes subtemas apareçam como parte de um sistema<br />

lógico.” (Ibid.: 62-63)<br />

Cada vez que a produção científica e conseqüentemente os documentos<br />

legais encaminham as ações educativas para transformações na eficiência e conseqüente<br />

alcance da eficácia, o ensinar é adjetivado por algo que trata de matar algumas<br />

lembranças desconfortantes sobre a impossibilidade de se trabalhar pela garantia do êxito.<br />

A “presença”, em determinado contexto, aponta a eminência do fracasso frente a hipótese<br />

de uma tarefa impossível (MANNONI, 1977). A presença é um ruído à técnica e aos<br />

meios. A concepção de educação pelo pensamento hegemônico atual é de extrema<br />

atenção aos meios e míope em relação aos resultados (SOUZA, ...: 79). Portanto, a<br />

distância (à presença) conforta simplesmente pela crença dela vir a evitar fracassos.<br />

“Uma atenção mais eficaz, com um menor custo, para um maior número de<br />

estudantes contitui-se, digamos assim, a fórmula capaz de resolver o<br />

problema da democratização do <strong>ensino</strong>” (GUTIÉRREZ, 1987: 38)<br />

Porém, o fracasso não tem CPF, RGE, domicílio próprio, nem joga na zaga<br />

do time de várzea mais próximo. O fracasso opera primordialmente no discurso. Segundo<br />

Patto (1990), a idéia insinuada sobre o fracasso é difusa e ora está no professor, ora nos<br />

pais, ora no aluno, ora na dislexia, ora na medicamentalização etc. Souza (1998) aponta<br />

que “Anunciar o fracasso escolar e não oferecer escolas, tratar a população como inapta<br />

e não oferecer empregos, como itinerante e não oferecer terras, sem dúvida tornou-se

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