usar a biologia para justificar o que são em essência diferenças sociais(...) Mesmo a miscigenação genética mais radical não é garantia dedissolução do preconceito, pois esse é um fenômeno sócio-cultural esomente nesse plano pode resolver-se”. 10974 74Desse modo, os estudos avançados no campo da genética apontampara o fato de hoje o conceito de raça, ou etnia, 110 perder suadependência de critérios biológicos, e passar a ser uma construçãoeminentemente sócio-cultural, política ou histórica. As pessoas não sãomais o que dizem ser por causa de alguma essência biológicamisteriosa; 111 elas escolhem o grupo a que desejam pertencer. 112Todas essas considerações sobre raça e seus elementos fundadoresseriam necessárias para identificar, as raízes do racismo, notadamenteno caso brasileiro, em que as relações inter-raciais se deram de maneiraintensa, gerando um tipo de racismo que até hoje divide os estudiososda questão.2.2.2 Considerações sobre racismoRacismo é termo derivado do substantivo raça pelo qual “seentende, não a descrição da diversidade das raças ou dos grupos étnicoshumanos, realizada pela antropologia física ou pela biologia, mas o usopolítico de alguns resultados aparentemente científico, 113 para levar àcrença da superioridade de uma raça sobre as demais”. 114 Portanto,racismo seria um conjunto de teorias e crenças que estabelece umahierarquia entre as raças, entre as etnias, o que justificaria atitudesde intolerância, discriminação, xenofobia e perseguição, contra raçasconsideradas inferiores.Poderia ser também entendido como o preconceito extremadocontra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente,geralmente considerada inferior, ou a atitude hostil em relação a109Steve Orson. A História da Humanidade, Editora Campus, citado in: Sinapse.Jornal Folha de São Paulo, 28/01/03.110Segundo Houaiss, etnia tem também base biológica.111Hoje sabemos que os grupos se superpõem geneticamente a tal ponto que ahumanidade não pode ser dividida em categorias bem definidas (Olson, 2003:19).112Steve Olson. A História da Humanidade. Citado in: Sinapse. Jornal Folha deSão Paulo, 28/01/03.113Hoje refutada pela genética.114Matteucci in Bobbio, Matteucci e Pasquino. Dicionário de Política: 1<strong>05</strong>9.
determinada categoria de pessoas, em face de seus caracteresraciais. 115 Enfim, o racismo é considerado como teoria étnica, comocrença que estabelece hierarquia entre as raças, como preconceito e,ainda, como doutrina política de dominação de grupos humanos tidoscomo inferiores.75O racismo é apontado como um fenômeno tão antigo quanto apolítica, na medida em que, em nome da identidade étnica, é utilizadopelo grupo social contra inimigo verdadeiro ou suposto. 116 Há racismoentre os grandes grupos raciais (brancos, amarelos e negros), comotambém pode desenvolver-se em sociedades políticas pluri-raciais.“Negar a humanidade de outros povos sempre foi uma forma de justificara opressão e o extermínio”. 117Alguns autores, com o propósito de negar a evidência históricado fenômeno do racismo, pretendem que a atitude dos povos antigosde conferir inferioridade aos bárbaros e estrangeiros como justificativade sua dominação, não deveria ser considerada racista, visto que oconceito de raça só surgiu no século XVIII. O que se pode considerar éque apenas em meados do Século XIX amadurece o mito da raça ariana,e o racismo surge como doutrina, ou ideologia fundada, basicamente,em investigações pseudocientíficas da classificação das raças segundoo estudo do crânio (frenologia) ou do rosto (fisionomia). A partir daí,chegou-se à psicologia das raças, estabelecendo-se uma hierarquiaentre elas, na qual a branca seria superior porque depositária doprogresso da civilização, a negra inferior e a amarela ocuparia umaposição intermediária. 118Essas simplificações de natureza preconceituosa, reforçadas pelalivre interpretação da teoria evolucionista da origem das espécies, deDarwin, que diz da seleção natural na luta pela sobrevivência, ondesobreviveria a espécie favorecida por fatores hereditários, vão ser usadas115Em pleno século XX, os antropólogos ainda admitiam a possibilidade de queafricanos, asiáticos e europeus descendessem de tipos diferentes de primatas. Aimplicação era que estes grupos pertenciam a espécies diferentes, uma das quaisera mais evoluída que as outras (Olson, 2003: 25).116Matteucci in Bobbio, Matteucci e Pasquino. Dicionário de Política: 1<strong>05</strong>9.117Olson. 2003: 25.118Este estudo do homem natural tem reflexos no racismo devido ao estereótipoque formula, influenciado pelo mito grego: a raça branca é bela. Daí a adjetivaçãoque depois seria dirigida aos negros ou aos judeus: “porco” e “feio” (Matteucciin Bobbio, Matteucci e Pasquino: 1060).
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