12.07.2015 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pessoa: personagens e poesiaE gozando o nosso segredo comumQue é o saber por toda a parteQue não há mistério no mundoE que tudo vale a pena.Dessa religião <strong>de</strong> um Deus imanente que parece dominar o pensamentoreligioso atual, nasce uma ética da sensibilida<strong>de</strong>, já prenunciada,por exemplo, por um D.H. Lawrence.Veja-se como soa lawrenciano o final do poema XXXII:(Louvado seja Deus que não sou bom,E tenho o egoísmo natural das floresE dos rios que seguem o seu caminhoPreocupados sem o saberSó com fluir e ir correndo.É essa a única missão no mundoEssa – existir claramenteE saber fazê-lo sem pensar nisso)E o homem calara-se, olhando o poente.Mas que tem com o poente quem o<strong>de</strong>ia e ama?Compare-se esses versos com o que disse aquele suave e terrívelaristocrata, filho <strong>de</strong> mineiro, que viveu na Inglaterra nessa mesmaépoca:And whoever forces himself to love anybodybegets a mur<strong>de</strong>r in his own body.Entretanto, Caeiro, no seu Penúltimo Poema, admite que a realida<strong>de</strong>,além das sensações, tem mais uma componente. Há que fazerconjeturas sobre as sensações, e isto é o que distingue o poeta dosoutros seres, pois em suas conjeturas ele chega à verda<strong>de</strong>:125

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!