12.07.2015 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Diretrizes do culturalismo<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s próprias do sujeito cognoscente como tal e que, por seremcondicionantes do saber, ele as <strong>de</strong>clarava transcen<strong>de</strong>ntais ou a priori,isto é, anteriores ao conhecimento mesmo. Noto que não há comoconfundir transcen<strong>de</strong>ntal com transcen<strong>de</strong>nte, visto ultrapassar este as relaçõesentre o sujeito cognoscente e a experiência, sendo, por isso, aseu ver, incognoscível (o absoluto).Em última análise, a partir <strong>de</strong>sses pressupostos, segundo Kant, seriamcientificamente cognoscíveis somente os fenômenos da natureza,havendo uma vinculação incindível entre teoria da natureza e teoriado conhecimento, só po<strong>de</strong>ndo a ética resultar <strong>de</strong> imperativos que emanamimediata e diretamente da consciência como imperativos categóricos.Por outro lado, a história, ou por melhor dizer, os fatos históricossó po<strong>de</strong>riam ser objeto <strong>de</strong> conjeturas, colocação esta que eu iria<strong>de</strong>pois reviver, mas com outra significação, no meu livro Verda<strong>de</strong> econjetura, no qual também analiso o problema da metafísica para alémdo mundo fenomenal.Po<strong>de</strong>-se dizer que gran<strong>de</strong> parte da filosofia, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Kant, sepropôs a superar o impasse por ele criado entre natureza e cultura,ou natureza e história, com a exclusão da ética do plano do experienciável,o que era grave, por ficar a liberda<strong>de</strong> humana insuscetível <strong>de</strong> terseu valor <strong>de</strong>monstrado ao longo do processo histórico. Daí o gigantescoesforço <strong>de</strong> Hegel no sentido <strong>de</strong> tudo englobar em sua concepçãomonista e dialética da história, na qual “o que é real é racional e oque é racional é real”.No meu enten<strong>de</strong>r, superado o monismo hegeliano, por sinal queconvertido por Marx em materialismo histórico, era preciso voltaràs origens da teoria do conhecimento, para revisá-la. Foi o que fezHusserl, que, embora reconhecendo a existência <strong>de</strong> condições subjetivasno ato cognoscitivo, <strong>de</strong>clara necessário indagar também <strong>de</strong> suas condiçõesobjetivas, ou seja, das pertinentes às coisas mesmas, para as quais sedirige a consciência intencional, a qual não as po<strong>de</strong>ria captar se nelasnão houvesse algo que as torna apreensíveis e que constituem o que61

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!