5115 - Diário do Poder Legislativo Vitória-<strong>ES</strong>, quinta-feira, <strong>29</strong> de setembro de <strong>2011</strong>já visitou o Hospital Doutor Pedro Fontes; e daSenhora Aurenir de Souza, presidente do Movimentode Reintegração de Pessoas Atingidas pelaHanseníase no Estado do Espírito Santo.Outras pessoas foram convidadas, nãocompareceram, mas não é por isso que são menosimportantes. Talvez são mais importantes do que nósporque são o foco desta reunião.A finalidade desta sessão especial é somentediscutir a reintegração e a procura pelos pacientes.Não debateremos outros assuntos, como a finalidadedo hospital e o que faremos com o EducandárioAlzira Bley, dentre outros assuntos. Faremos outrasessão para debatermos esses assuntos. Solicitamosque não desviem o foco da nossa reunião ao usarem omicrofone para realizarem as perguntas.Registramos também a presença do SenhorGilberto de Barros, representando a Senhora MelissaOliveira, gerente da Subsecretaria de GestãoHospitalar e da Senhora Adelaide Abreu dos Santos,ex-diretora do Hospital Pedro Fontes.Faremos um comentário sobre a SenhoraAdelaide Abreu dos Santos, S. S.ª não aceitoucompor a Mesa. Solicitamos uma salva de palmas aS. S.ª. (Palmas) (Pausa)A Senhora Adelaide Abreu dos Santos éassistente social, trabalhou conosco e com o SenhorPaulo Valdetaro, que foi convidado para esta sessão,mas justificou sua ausência. Começamos um trabalhono Hospital Pedro Fontes e o Senhor Durval Gueira,presente nesta sessão especial, falou que se lembra deum portão nesse hospital que separava os pacientesdos funcionários. Os pacientes não tinham o direitode chegar até a administração para falarem com umfuncionário. Esse portão ficava trancado e passou aficar aberto. Realizamos a reintegração, com poucoconhecimento de causa, mas realizamos um trabalhoe hoje o bairro tem o nome de Padre Matias,antigamente chamado de Pica-Pau Amarelo, poishavia um programa na TV Globo com o mesmonome. Começamos a ceder glebas, cinquenta metrosde frente e de fundo, para que o paciente trabalhasse,fizesse a terapia e buscasse o esposo ou a esposa queestava lá fora.A Senhora Adelaide Abreu dos Santosrealizou um estudo social, o Senhor Paulo Valdetarodeu todo o apoio e começamos a buscar as pessoasque estavam fora para realizarmos a reintegração.Hoje a Senhora Adelaide Abreu dos Santos éprofessora na área de assistente social e reside noMunicípio de Vila Velha.Registramos ainda a presença do SenhorPaulo Sérgio de Oliveira, conselheiro fiscal daAssociação dos Ex-Internos do Educandário AlziraBley; do Senhor José Irineu Ferreira, conselheiro doConselho Deliberativo da Associação dos Ex-Internos do Educandário Alzira Bley; do SenhorHeraldo José Pereira, diretor-financeiro daAssociação dos Ex-Internos do Educandário AlziraBley; da Senhora Ilmar Carvalho, Ex-diretora doEducandário Alzira Bley; da Senhora NeuzimarBastos, assistente social do Hospital Pedro Fontes; daSenhora Dilcéia Dias, representando o SenhorDeputado Claudio Vereza; e da Senhora MarizeteAltoé Puppin, coordenadora do programa de controlede hanseníase no Estado do Espírito Santo.Também faremos um comentário especialsobre a Senhora Déa Moreira de Medeiros, presentenesta sessão especial, a quem solicitamos uma salvade palmas. (Palmas) (Pausa)A Déia é nossa querida amiga de muitotempo, foi minha professora na Escola de 1.º e 2.ºGraus Liceu Muniz Freire, no Município deCachoeiro de Itapemirim.No dia 30 deste mês, talvez façamos juntocom o Senhor Klinger Barbosa Alves, Secretário deEstado da Educação, e com o Senhor GovernadorRenato Casagrande, a reinauguração deste colégio eespero que S. S.ª esteja presente, pois foi uma grandeprofessora, um baluarte no nosso ensino; também foidiretora do Educandário Alzira Bley. S. S.ª continuasempre aquela menina.Ainda sobre o Hospital Doutor Pedro Fontes,lembro-me que operei algumas pacientes naquelehospital e tive uma briga muito grande com o PadreMatias, que é um santo, quem me dera fosse igual aS. Revma., mas é porque tinha a fé naquilo quepregava e não queria que ligasse as trompas daspacientes. Todos sabem que a hanseníase na mulhergrávida tem um avanço de oitenta por cento ou maisdo que na mulher que não está grávida.Só tive dois filhos, pois acho que está bompara todo mundo, mas não sou dono da verdade.Costumo dizer que com dois filhos é mais fácil atépara atravessar a rua; pegamos a mão de um e deoutro e atravessamos. Se tiver três filhos, porexemplo, é preciso chamar outra pessoa para ajudar.Essa é minha filosofia. Além do mais, pode se dedicarmais com apenas dois filhos e dar-lhes mais atenção emais educação.Mas, a fé do Padre Matias não achava que eraassim. Respeitava isso, mas adotava o que achava deverdade. Operei muitas pacientes naquele hospital,não consegui um anestesista para dar anestesia nasminhas pacientes, era eu mesmo quem anestesiava eas operava.O Padre Matias era tão bom que foi enterradono mesmo cemitério dos pacientes; nasceu na cidadede Leipzig, na Alemanha, numa família abastada e oseu corpo poderia ter sido enviado para aquele País,mas seu desejo era ficar junto aos pacientes.Também levamos o time do Ferroviário, deJoão Neiva, para jogar na inauguração do camposituado ao lado da delegacia. Aquele campo nãofuncionava há muito tempo e nós o reformamos.Conseguimos recursos daqui, ajuda dali, os SenhoresPaulo Sérgio de Oliveira e Adelaide Abreu dosSantos correndo atrás de recursos e conseguimosgramar o campo e construir o vestiário.O Ferroviário disputava o campeonatoestadual e o Padre Carlos, o jogador, era barbudo e eu
Vitória-<strong>ES</strong>, quinta-feira, <strong>29</strong> de setembro de <strong>2011</strong> Diário do Poder Legislativo - 5116era muito parecido com ele. Por incrível que pareçaeu tinha muito cabelo e a barba grande também. Temgente que se lembra disso, não é, Durval e Déia?Fizemos um time composto pelos pacientes efuncionários do hospital e jogamos contra oFerroviário de João Neiva. Guardo essas recordaçõesmuito boas daquela época. Ainda hoje falei com oSenhor Paulo Valdetaro, tenho uma fotografiacomigo mostrando o Mazinho, o Eduardo, o Erildo, oPaulo, enfim, com vários amigos daquela época emque jogamos futebol.Aquela festa. E a Dona Rosinha? Quem nesta sessãose lembra da Dona Rosinha? Eu ia a todosaniversários da Dona Rosinha, pois ela fazia um bolofantástico. Nunca tive problema nenhum de pescar láatrás do Sapá, que depois invadiram. Tem a Cajueirotambém, que depois invadiram. Onde hoje estãolocalizados os bairros Itanhenga e Nova Rosa daPenha não tinha nada, era uma mata onde tirávamoslenha para cozinhar. Lá em baixo, logo atrás, no final,tinha o Senhor José Soares que criava porcos. A suafilha mora em Jacaraípe e de vez em quando entra emcontato com a gente. Essas recordações são muitointeressantes de resgatar. Muita coisa o tempo leva damemória.A Senhora Dora Martins Cypreste fez umacoisa que a Senhora Adelaide Abreu dos Santos, oSenhor Paulo Sérgio de Oliveira e eu nunca fizemos:registrou muitas coisas importantes que não podemosdeixar passar despercebido desta forma.Fico emocionado por ter convivido com tantagente boa. Os irmãos Pedro e Luiz Carminoti eramcegos e viviam na última casa, lá embaixo, àesquerda, e capinavam o seu quintal. A cegueira hojeé prevenida. A úlcera de córnea, no entorno,traumatizava e arranhava a córnea e a pessoa ficavacega. Hoje o Espírito Santo zerou a fila detransplantes. Domingo vocês verão que terá umacaminhada na Praia da Costa sobre a doação decórnea. O Senhor Governador do Estado estarápresente e também o Secretário de Saúde. O Estadodo Espírito Santo, hoje, não tem ninguém na fila parafazer transplante de córnea. Inclusive, já mandamostrês córneas para outros Estados nesta semana. OEspírito Santo era o penúltimo estado do Brasil emtransplante de órgãos. Hoje é o quinto. Agradecemosa população por entender a importância desta doação,mas também o Senhor Adauto Vieira de Almeida queé presidente da ONG Pró-vidas. Ele é um baluarteneste trabalho. Doar órgão é um ato de amor. Ele é umtransplantado hepático que fala: meu fígado está aqui, omeu problema está resolvido, tenho que resolver oproblema dos outros agora. É tanta gente boa fazendotrabalhos maravilhosos; para esses tiramos o chapéu.Está presente também a Senhora IlmarCarvalho, viúva de um grande amigo, um baluarte daSaúde, o Doutor Hamilton Machado de Carvalho, quefoi nosso chefe. Por favor, peço que fique de pé paraganhar uma salva de palmas. (Palmas)Convido a Senhora Marizete Altoé Puppinpara compor à Mesa. (Pausa)(A convidada toma assento à Mesa)Concedo a palavra a Senhora Aurenir deSouza, Presidenta do Movimento de Reintegração dePessoas atingidas pela hanseníase.A SR.ª AURENIR <strong>DE</strong> SOUZA CASTROROCHA – (Sem revisão da oradora) – Bom dia atodos e a todas. Como vocês sabem meu nome éAurenir de Souza Castro Rocha, Presidenta do Núcleodo Morhan de Cariacica, Espírito Santo.Senhor Deputado Estadual Doutor HérculesSilveira, proponente desta sessão especial dereintegração das pessoas atingidas pela hanseníase, noqual em nome de toda nossa diretoria e as pessoaspresentes agradeço por este grande ato. Quero agradecertambém ao Senhor Arthur Custódio Souza,Coordenador Nacional do Morhan e a todas asautoridades presentes nesta sessão; a todos internos eex-internos da colônia Pedro Fontes; aos moradores dePadre Matias, do Educandário Alzira Bley e de VilaCajueiro.Senhoras e Senhores, estamos nesta sessãoespecial na qualidade de filhas e filhos que foramseparados dos pais compulsoriamente. Queremostambém ser reconhecidos diante da autoridade para quetenhamos nossos direitos garantidos, tais como obeneficio dado pelo ex-presidente Lula no que tange àlei referente aos portadores de hanseníase e que amesma seja mantida pela atual Presidenta, SenhoraDilma Roussef.Gostaria de contar a todos a minha históriatambém, porque fui do Educandário Alzira Bley. Nasciem 1966. Minha mãe me teve na maternidade dacolônia Pedro Fontes, que lá existia. Assim que nascifui diretamente para o Educandário Alzira Bley. Nãotive sequer o prazer de sentir o calor de minha mãe, demeu pai, das pessoas queridas diante de mim. Fui para oEducandário e lá fiquei. Quando eu estava com trêsanos de idade, meu pai teve a permissão de sair dacolônia para refazer sua vida. Foi para o Rio de Janeiro,arrumou toda sua vida lá e depois veio me buscar etambém o meu irmão, eu com três anos e meu irmãocom dois. Depois de vinte e dois anos no Rio deJaneiro, graças a Deus, meu pai voltou a nossa terranatal.Agradeço a todos que estão aqui e peço queouçam o que cada um de nós falará agora, pois tenhocerteza de que cada um dará seu depoimento e mostraráseus sentimentos. É triste nascer e não sentir o calor desua mãe, de seu pai, não conviver com eles; nas horasem que mais precisamos temos de sair para oEducandário e depois voltar para a companhia dos pais.Ainda voltei com três anos, mas outros voltaram comdez anos, dezessete anos ou mais, e outros nemvoltaram, nem sabem que existe um pai, uma mãe,irmãos. Já ouvi muitas histórias.Gostaria de, mais uma vez, agradecer a todosos deputados e demais autoridades. Contamos com oempenho para que seja transformada em realidadeesta tão sonhada reivindicação. Vamos juntos lutarpara indenizar os filhos que foram separados de seuspais. (Muito bem!)
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