Desporto&Esport - ed 10
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Associada à estes fatores observa-se também uma<br />
solicitação constante da musculatura dos braços<br />
e pernas, provenientes das contrações isométricas<br />
intensas e repetitivas, que são necessárias para<br />
absorver o impacto e as vibrações proporcionadas<br />
pelo terreno. Além disto, a baixa velocidade média<br />
em que as provas são disputadas acarreta também<br />
menor influência do drafting (técnica de p<strong>ed</strong>alar<br />
atrás de outro ciclista) sobre o gasto energético.<br />
Sob o ponto de visto fisiológico, o ciclismo BTT<br />
apresenta demandas sensivelmente diferentes do<br />
tradicional ciclismo de estrada. Isto nos remete a<br />
buscar comparações entre os ciclistas puramente<br />
de estrada e os especialistas no BTT.<br />
A prática do BTT exige uma alternância maior de<br />
intensidades de esforço devido a variação de altimetria<br />
que normalmente se encontra nos percursos.<br />
Esta fato exige uma capacidade de recuperação<br />
rápida entre esforços de alta intensidade, fator que<br />
é aprimorado com a melhora da capacidade aeróbia.<br />
Assim capacidade de remover o excesso de<br />
lactato sanguíneo é um importante fator para manter<br />
um bom desempenho em competições de BTT.<br />
Na pratica competitiva do BTT, o metabolismo<br />
aeróbio explica cerca de 40% da variação da performance<br />
em provas de BTT cross-country (XCO),<br />
sendo o restante explicado por outras características<br />
físicas e técnicas. De qualquer forma, uma<br />
alta aptidão aeróbia é necessária para obter desempenho<br />
em alto nível. Ciclistas de elite da modalidade<br />
XCO apresentam frequentemente valores de<br />
VO2max entre 70- 78 ml/kg/min, enquanto atletas<br />
de nível competitivo amador apresentam valores<br />
em torno de 60- 68 ml/kg/min. Uma característica<br />
importante para o bom desempenho é uma baixa<br />
massa corporal quando se compara aos ciclistas<br />
de estrada com especialidades em sprint e contrarelógio.<br />
Assim, os ciclistas de BTT apresentam<br />
características físicas e fisiológicas semelhantes<br />
aos ciclistas de estrada especialistas em montanha,<br />
ou seja são leves e apresentam uma alta produção<br />
de potência aeróbia relativa à sua massa corporal.<br />
Diferentes estudos têm reportado que a resposta<br />
da frequência cardíaca em provas de BTT-XCO e<br />
têm observado valores médios em torno de 90% da<br />
máxima. A principio este alto percentual em que as<br />
competições ocorrem são explicados não somente<br />
pela alta demanda energética, mas também pelo<br />
fato de que na maioria das descidas, a frequência<br />
cardíaca não é r<strong>ed</strong>uzida como ocorre comummente<br />
nas descidas pavimentadas. Assim, considerando<br />
os sectores de downhill devemos assumir que<br />
existe uma influencia direta do sistema nervoso<br />
(para manter a atenção) em conjunto com uma alta<br />
demanda de contrações dos músculos dos braços<br />
sobre a resposta cardíaca, fato que gera valores<br />
médios de frequência cardíaca que não são compatíveis<br />
com a duração da maioria da competições<br />
XCO (em torno de 2 horas).<br />
Do visto fisiológico, o ciclismo BTT apresenta<br />
demandas sensivelmente diferentes do<br />
tradicional ciclismo de estrada. Isto nos remete<br />
a buscar comparações entre os ciclistas<br />
puramente de estrada e os especialistas no BTT.<br />
Nesta perspectiva, quando se considera o controle de intensidade<br />
de esforço, devemos considerar uma limitação em relação ao uso<br />
da frequência cardíaca. Enquanto este parâmetro responde bem às<br />
variações da demanda energética em condições de ciclismo estacionário<br />
(Spinning etc), no ciclismo BTT a frequência cardíaca<br />
não apresenta a mesma exatidão. Desta forma, o melhor parâmetro<br />
para controlo objetivo da intensidade no BTT é a potência<br />
gerada durante a p<strong>ed</strong>alada. Como os equipamentos que m<strong>ed</strong>em a<br />
potência na bicicleta cada vez mais aprimorados, têm-se tornado<br />
comum o uso desta ferramenta para controlar intensidade do treinamento.<br />
Smekal e colaboradores (2015) estudaram um grupo de<br />
24 ciclistas de BTT (m<strong>ed</strong>ia do VO2max = 64,9 ml/kg/min) com<br />
intuito de verificar as relações entre m<strong>ed</strong>idas fisiológicas obtidas<br />
em um teste de esforço de laboratório com as respostas fisiológicas<br />
geradas em uma competição simulada.<br />
Adicionalmente, os autores incluíram na amostra um ciclista de<br />
elite do BTT (Top <strong>10</strong> nos Jogos de Londres; VO2max = 79,9 ml/<br />
kg/min) para estabelecer comparações com os demais. Todas as<br />
variáveis m<strong>ed</strong>idas foram superiores no ciclista de elite, no entanto<br />
vale a pena ressaltar a potência média em que a competição<br />
foi concluída. Enquanto o ciclista de elite gerou em média 264W<br />
(3,56 W/kg) e levou 51 min para concluir o percurso de 24 km,<br />
os demais geraram 186W (2,66 W/kg) e gastaram 65 min para<br />
completar o mesmo trajeto. Uma outra variável que chamou a<br />
atenção foi a cadência de p<strong>ed</strong>alada média que foi maior para o<br />
ciclista de elite (84 rpm) em relação ao grupo de menor nível (70<br />
rpm).<br />
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