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Desporto&Esport - ed 10

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Nenhum mercado de transferências no desporto<br />

movimenta tantas verbas, como a compra e venda<br />

de jogadores de futebol. Nem as modalidades de<br />

referências nos Estados Unidos, como a NBA ou<br />

a NFL, se aproximam dos números do “desporto<br />

Rei”. Desde 2013, e focando a nossa análise apenas<br />

nos campeonatos de referencia europeus, que<br />

o mercado de transferência movimenta mais de 2<br />

mil milhões de euros em média por ano. Os principais<br />

campeonatos, os chamados BIG5 (Inglaterra,<br />

Itália, Espanha, França e Alemanha), só em 2015<br />

gastou em novos jogadores para as suas equipas<br />

aproximadamente 2,61 mil milhões de euros,<br />

mostrado uma clara tendência de maior investimento,<br />

numa altura em que a grande maioria dos<br />

países do velho continente vive uma profunda<br />

crise económica. A que se soma ainda, muitos dos<br />

principais clubes estarem altamente endividados<br />

e muitos deles em falência técnica (passivo maior<br />

que ativo). Nem a entrada em vigor do Fair-play<br />

financeiro Uefa em 2009, tem alterado o “modus<br />

operandi” consumista (e irresponsável).<br />

O Real Madrid, o clube mais endividado clube<br />

do mundo, em 2013 voltou a bateu uma vez mais<br />

o record de maior transferência de sempre, ao<br />

desembolsar mais de <strong>10</strong>0 milhões de euros por<br />

Gareth Bale. Neymar, que se transferiu do Santos<br />

do Brasil para o Barcelona também em 2013,<br />

não ficou muito a dever a estes valores, como se<br />

tem vindo (aos poucos) a saber, numa transação<br />

polémica e que levou inclusive à saída de Sandro<br />

Rossel da presidência do clube catalão, por suposta<br />

invasão ao fisco.<br />

A ideia de que para vencer é preciso comprar<br />

muito (e sempre), está tão implementada nas<br />

direções dos clubes, e também nos adeptos, que<br />

poucos são aqueles que questionam se está é<br />

mesmo a melhor prática de gestão e aquela que<br />

ganha campeonatos. O senso comum diz-nos<br />

que sim. Os números, dizem de forma inequívoca<br />

o oposto: o valor líquido que um clube gasta<br />

em transferências de jogadores, tem muito<br />

pouca correlação com o lugar final da tabela<br />

classificativa.<br />

Os autores do livro Soccernomics, que mencionamos<br />

na introdução, debruçaram-se largamente<br />

sobre esta questão, e pelo estudo de 40 anos dos<br />

clubes ingleses entre 1978 e 1997, concluíram que<br />

o valor absoluto gasto em transferências por ano,<br />

faz apenas variar uns surpreendentes 16% a tabela<br />

classificativa final. Um valor que tem muito pouco<br />

significado, principalmente quando comparado,<br />

com o valor bruto investido pelos clube na massa<br />

salarial dos seus jogadores, e que explica 92% das<br />

classificações finais.<br />

Transferências:<br />

gastar muito é<br />

muito errado!<br />

Gastar 5 ou <strong>10</strong>0 milhões<br />

em novos jogadores, o<br />

resultado é o mesmo:<br />

Z e r o !<br />

A progressão salarial de um jogador no clube, seja ele da formação<br />

ou tenha sido adquirido já sénior, está intrinsecamente<br />

ligado ao seu valor e eficiência dentro das quatro linhas. O<br />

mercado de transferências é por sua vez, bem menos eficiente,<br />

até porque, se não bastasse, hoje o futebol é um negócio que<br />

alimenta muitas bocas - fundos de investimento, agentes dos<br />

jogadores, os próprios jogadores e até os dirigentes têm muito a<br />

ganhar com transferências milionárias, criando totais bizarrias,<br />

com jogadores a serem transferidos por duas a três vezes (se<br />

não mais), o seu real valor, que por conseguinte, não tem depois<br />

correspondência no terreno de jogo e dentro das 4 linhas.<br />

Porque as transferências falham tanto? Curiosamente,<br />

é bastante simples de explicar. O risco das decisões, para quem<br />

as toma, é sempre nulo. Nenhum dirigente usa o seu próprio<br />

dinheiro. Se a contratação falhar, revende-se o jogador, e se no<br />

pior dos casos, a sua contratação for só prejuízo, é o clube que<br />

fica endividado. Nos clubes, em que a compra e venda de jogadores<br />

são do encargo do treinador, esta tarefa está ainda mais<br />

sujeita a erros, e o risco, para o bolso dos técnicos, é o mesmo,<br />

zero. Desportivamente, o risco também não é assim tão elevado,<br />

e convivem com ele muito pouco tempo, afinal, como nos apontam<br />

os dados, em média, os técnicos permanecem no mesmo<br />

clube ininterruptamente, por apenas 3 anos.<br />

O Mundial e o Euro, ainda são as grandes montras de jogadores.<br />

A realidade, no entanto, mostra quão errada é esta forma de<br />

pensar. Como tão bem explicou Sr. Alex Fergunson depois de<br />

se aposentar do Man. Unit<strong>ed</strong>: “Eu sempre fui cuidadoso com<br />

a compra jogadores tendo por base os grandes torneios. Eu fiz<br />

isso em 1996, após o campeonato da Europa, com Jordi Cruyff<br />

e Karel Poborský. Ambos foram excecionais naquele europeu,<br />

mas eu nunca recebi a mesma qualidade exibicional que eles<br />

tiveram com as camisolas dos seus países naquele verão de 96.<br />

Eles não foram más compras, mas às vezes os jogadores super<br />

motivados pelas grandes competições, atingem performances<br />

superiores à sua média”.<br />

Pela análise de 40 anos dos clubes ingleses entre 1978 e 1997,<br />

concluíram que o valor absoluto gasto em transferências por ano,<br />

faz apenas variar uns surpreendentes 16% a tabela classificativa<br />

final. Um valor que tem muito pouco significado, principalmente<br />

quando comparado, com o valor bruto investido pelos clubes na<br />

massa salarial dos seus jogadores, e que explica 92% das classificações<br />

finais.<br />

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