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Chicos 45

e-zine literária de Cataguases - MG

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<strong>Chicos</strong> <strong>45</strong><br />

José Antonio Pereira<br />

Nasceu em Cataguases MG, é coautor de A casa da Rua Alferes e<br />

outras crônicas (2006) e autor de Fantasias de Meia Pataca (2013).<br />

Poesia no quintal<br />

Era preciso estar aqui<br />

para tocar<br />

o que resta ainda desta tarde,<br />

com seus quintais, suas casas,<br />

e a mesma e sempre inútil<br />

revelação.<br />

... de que o que ilumina é a poesia.<br />

Ao cair de uma tarde de sábado, em agosto de<br />

2015, recebemos Yacyr em Cataguases, para<br />

um papo sobre sua poesia. Lá estávamos, eu,<br />

Enzo Menta, Leonardo Campos, Emerson Teixeira<br />

e o casal Maria e Rogério Torres no simpático<br />

quintal da Hippie.<br />

Iacyr já era conhecido por alguns do grupo,<br />

por mim não. Dele, dera-me conta, pelos elogios<br />

à poesia Ronaldo Cagiano. Pelas mãos do<br />

Cagiano, veio a mim Trinca dos Caídos e nele,<br />

logo de cara, Luiz Ruffato diz: Do poeta Iacyr<br />

Anderson Freitas sabemos o que aguardar.<br />

Portanto, meu primeiro contato com o poeta<br />

foi pela prosa. E que prosa! Mas o nosso sábado<br />

era só de poesia.<br />

Recentemente, numa conversa lá no Clube de<br />

Leitura Nossas Causas, Rogério Torres nos<br />

narrava a epopeia dele por Portugal para falar<br />

de poesia. Tamanho esforço nas condições em<br />

que ele se encontrava, inferi que Iacyr, em algum<br />

canto d’alma, quer seguir os caminhos de<br />

Murilo Mendes. Caminhos geográficos é claro.<br />

Porque sua poesia além da voz própria,<br />

ombreia em qualidade com a do lisboeta do<br />

Paraibuna. Talvez nem ele saiba, mas uma<br />

força estranha o atrai para alguma quinta<br />

portuguesa e entre os sabores do bacalhau,<br />

dos azeites, dos vinhos, o fumegante aroma de<br />

uma Tripa do Porto, os sedutores doces de<br />

conventos e com saudades de sua Patrocínio<br />

ponha-se a germinar poemas sobre a Mata Mineira.<br />

Estas conexões geográfico-afetivas fazem-me<br />

lembrar de Amilcar de Castro que<br />

num documentário afirmava mais ou menos:<br />

– Juiz de Fora é a Lisboa mais próxima do<br />

quintal da minha casa.<br />

Poetas são assim mesmo, vivem ruminando<br />

saudades. No entanto, não nos enganemos<br />

com os poetas, como bem diz Fernando Pessoa:<br />

“o poeta é um fingidor...” eles tingem a<br />

verdade com outra cor. Só que entre as dobras<br />

de seus versos, que aparentemente falam<br />

do passado, eles alargam nossas mentes para<br />

o futuro. Em suas abstrações solidificam nossas<br />

almas para o duro concreto do dia a dia. A<br />

poesia dele é de quem sabe extrair das palavras<br />

mais do que ritmo e forma. É legítimo<br />

herdeiro dos nossos grandes Murilo Mendes,<br />

Carlos Drummond, só pra formarmos um triangulo<br />

de mineiros. Se, caro leitor, tem dúvidas<br />

disto, dê uma olhadinha na nossa edição<br />

anterior, melhor ainda: dê um mergulho na<br />

obra de Yacyr Anderson Freitas.<br />

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