Revista Criticartes 5 Ed
Revista Criticartes - Ano II, nº. 5 - 2016
Revista Criticartes - Ano II, nº. 5 - 2016
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O FESTACE<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Criticartes</strong> | 4º Trimestre de 2016 / Ano II - nº. 05<br />
CRÔNICAS VENCEDORAS DO 1º CONCURSO FESTACE<br />
Um<br />
Passado<br />
Interessante<br />
Afonso Barbosa de Souza<br />
3º lugar<br />
Aluno do 1º ano IFMS/Ddos<br />
Bose Yacu, matriarca da<br />
tribo dos Pacahuanas, na<br />
Amazônia peruana, morreu e<br />
levou consigo tradições, costumes,<br />
uma língua hoje já não<br />
mais falada, entre tantas outras<br />
coisas. Atualmente sua tribo já é<br />
considerada extinta e é aí então<br />
que vemos o quão frágil é a<br />
cultura e como pode simplesmente<br />
em segundos deixar de<br />
existir.<br />
Olhando para os dias<br />
atuais, se torna fácil notar a<br />
ameaça que rodeia a diversidade<br />
cultural. Temos vários exemplos<br />
como a morte de índios, porém,<br />
para melhor entendimento o<br />
melhor exemplo são nossos<br />
avós. A juventude está tão<br />
obcecada em aprender novas<br />
tecnologias e entrar ainda mais<br />
no mundo moderno que está se<br />
esquecendo de ouvir histórias<br />
de épocas passadas, de fatos que<br />
já aconteceram como a tentativa<br />
de extinção dos judeus durante<br />
a Segunda Guerra Mundial e<br />
poder ouvir da boca de um<br />
sobrevivente seus costumes, suas<br />
tradições antes de tudo aquilo<br />
acontecer.<br />
Temos uma antiga geração<br />
disposta a diante suas<br />
crenças, sua própria cultura em<br />
si e que somada com a de várias<br />
pessoas diferentes, gera uma<br />
diversidade cultural imensa.<br />
Todavia vivemos em uma geração<br />
preocupada apenas com si<br />
mesma e é por conta disso que<br />
várias culturas se perdem, assim<br />
como aconteceu com Bose Yacu<br />
e todas as pessoas que vieram<br />
depois dela. Nos dias atuais sua<br />
tribo colhe os frutos de sua<br />
ignorância com o saber do<br />
passado.<br />
Ignorância<br />
ou<br />
Intolerância?<br />
Jean Pereira Ribeiro - 4º lugar<br />
Aluno do 1º ano IFMS/Ddos<br />
Há algum tempo atrás, eu<br />
estava sentado em frente da<br />
minha casa, tomava tereré e<br />
ouvia RAP. Enquanto eu tomava<br />
tereré, uma senhora se aproximou<br />
de mim e perguntou se o<br />
ônibus já havia passado, pois ao<br />
lado da minha casa ficava o<br />
ponto de ônibus.<br />
Respondi que o ônibus<br />
havia acabado de passar. A<br />
senhora olhou para mim e então<br />
proferiu a frase, “Não escute esse<br />
tipo de música, isso é música de<br />
bandido”. Ao ouvir essa frase,<br />
fitei a senhora e respondi que o<br />
RAP fez eu ser o que eu era. Em<br />
seguida entrei para dentro da<br />
minha casa e comecei a refletir.<br />
Aquela senhora era<br />
hipócrita, não aceitava novas<br />
culturas e ainda praticava o<br />
preconceito com um estilo<br />
musical. As pessoas do nosso<br />
século são robôs, movidas pelo<br />
- 37 -<br />
papel verde que move o mundo.<br />
A senhora disse que o RAP era<br />
música de bandido, Adolf Hitler<br />
não ouvia RAP e matou milhões<br />
de pessoas. Por outro lado,<br />
Sabotage, um grande rapper<br />
brasileiro, falecido, nunca<br />
aconselhou a prática do crime.<br />
Os robôs do nosso século<br />
não aceitam novas culturas,<br />
talvez por isso o mundo anda tão<br />
mal, o homem mata em nome<br />
da religião, as crianças brincam,<br />
mas suas brincadeiras são nas<br />
redes sociais. Ainda existem<br />
hipócritas criticando sem<br />
entender. O RAP é como o sol,<br />
ilumina caminhos. A arma do<br />
rapper não é um calibre 38, uma<br />
colt, uma glock. A arma do<br />
rapper é a caneta, o papel e a<br />
poesia.<br />
Será que aquela senhora<br />
já ouviu uma poesia do poeta da<br />
periferia, Sérgio Vaz? Acho que<br />
não. A alma daquela senhora<br />
fica presa na pior de todas as<br />
prisões, fica presa no corpo da<br />
intolerância. A hipocrisia é uma<br />
doença. É como a AIDS, que<br />
mata as pessoas aos poucos. A<br />
hipocrisia é a cocaína dos ricos,<br />
destrói vidas. A intolerância é o<br />
crack, enlouquece a mente. A<br />
ignorância é a maconha, confunde<br />
a alma. O julgamento é o<br />
álcool, corrompe as pessoas. O<br />
preconceito é a heroína, traz a<br />
infelicidade. A falta de humildade<br />
é o ecstasy, traz a felicidade e<br />
parte deixando a mágoa.<br />
Quando pararmos com o<br />
preconceito e percebermos o<br />
quão é importante a diversidade<br />
cultural, conviveremos em paz, e<br />
assim entenderemos o real<br />
significado da vida.<br />
www.revistacriticartes.blogspot.com.br