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01 - Caubói Solitário

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Grady e os irmãos Patterson haviam ouvido os pais conversando sobre uma cidade fantasma, nas<br />

montanhas. Sem que suas famílias soubessem, os garotos haviam decidido explorar o local.<br />

Os três haviam partido em sua busca, acreditando estarem vivendo uma grande aventura. Haviam<br />

passado duas semanas procurando e, quando finalmente encontraram Bitter End, ficaram tão<br />

assombrados, que nunca mais sequer falaram a respeito daquele dia.<br />

Grady não acreditava em fantasmas, nem era supersticioso, mas a cidade era assombrada por algo<br />

que ele era jovem demais para compreender, ou definir. Uma sensação desconhecida havia tomado conta<br />

dele, naquele dia, bem como de seus dois amigos.<br />

Lembrava-se do silêncio que se fizera entre os três, da maneira como haviam sussurrado, como se<br />

temessem ser ouvidos por alguém. Também se lembrava da profunda tristeza e da vaga noção de ameaça.<br />

Na ocasião, tais sensações não haviam feito o menor sentido e, mesmo tantos anos depois, continuavam<br />

sendo um enigma para ele.<br />

Agora, o que importava era o bem de sua irmã, e Grady não a queria vagando sozinha pelas<br />

montanhas, à procura de roseiras abandonadas. Especialmente se tal procura a levasse até Bitter End.<br />

— Aceita mais um pouco? — Savannah ofereceu a Laredo, interrompendo os pensamentos de<br />

Grady.<br />

Laredo sorriu e sacudiu a cabeça.<br />

— Está delicioso, mas já comi demais. Como já disse, esta foi a melhor refeição que fiz em anos.<br />

Espero que seu irmão aprecie seus dotes culinários tanto quanto eu.<br />

Mesmo do outro lado da mesa, Grady pôde sentir a satisfação de Savannah com o comentário. O<br />

elogio soara genuíno, mas Grady suspeitava que Laredo Smith era um trapaceiro consumado, que<br />

reconhecia uma boa oportunidade assim que a via. E, para Grady, estava claro que o sujeito planejava<br />

aproveitar-se de sua irmã. O que ele não sabia era que não teria essa chance enquanto Grady vivesse.<br />

Smith não tocaria um dedo em Savannah. Grady cuidaria disso pessoalmente.<br />

— Vou ajudá-la a lavar a louça — Laredo ofereceu. Grady resistiu ao impulso de dizer ao outro<br />

que não fosse tão óbvio, pois já caíra em desgraça com Savannah e sabia que ela não apreciaria o seu<br />

sarcasmo.<br />

— Lavarei os pratos mais tarde — ela disse. — Agora, é mais importante cuidar das roseiras.<br />

— Posso ajudá-la — ele insistiu. — Minha avó me ensinou a cuidar de flores.<br />

— Ora, eu adoraria.<br />

Grady não se lembrava de jamais ter visto a irmã tão agitada. Como um garotinho ansioso para<br />

agradar a professora, Laredo levantou-se e retirou seu prato da mesa. Grady não poderia permitir que<br />

aquilo continuasse.<br />

— Antes que a situação vá adiante, saiba, sr. Smith, que não há trabalho para o senhor aqui.<br />

— Desculpe — Savannah replicou —, mas fui eu quem contratou Laredo.<br />

— Terei prazer em levá-lo até Promise — Grady ofereceu, ignorando a irmã. — Que tal agora?<br />

Os dois homens fitaram-se com ares pouco amigáveis.

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