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CAPÍTULO VIII<br />
A caminhonete sacudia pelo caminho para Bitter End. Felizmente, era possível seguir as marcas dos<br />
pneus, deixadas por sua primeira visita à cidade fantasma. Do contrário, Savannah talvez não voltasse a<br />
encontrá-la.<br />
— Mal posso acreditar que você encontrou esse lugar sozinha — Laredo falou, segurando o volante<br />
com firmeza.<br />
— Não foi nada fácil. Foram semanas de busca. Mais de uma vez, ela pensara em desistir, mas a<br />
ideia de encontrar rosas antigas a animava. E sua paciência fora bem recompensada. Não só descobrira o<br />
tipo mais raro entre as roseiras que possuía, mas no mesmo dia, conhecera Laredo.<br />
— Já estamos chegando — ela disse, ao perceber que a dificuldade da viagem o deixava tenso.<br />
Sentia-se grata por Laredo haver concordado em acompanhá-la até a cidade fantasma, mas estava<br />
mais ansiosa pelo piquenique que fariam. Raramente ficavam sozinhos e aqueles momentos prometiam<br />
ser especiais.<br />
Laredo estacionou a caminhonete no ponto a partir do qual seria impossível continuar.<br />
— Daqui, faremos uma curta caminhada — Savannah garantiu.<br />
A trilha era difícil de seguir e os dois estavam ofegantes quando tiveram o primeiro vislumbre da<br />
cidade.<br />
— Finalmente, Bitter End — Laredo resmungou, estendendo a mão para ajudar Savannah a subir nas<br />
rochas.<br />
Dali, Bitter End se parecia com qualquer outra cidade fantasma. Edifícios velhos ladeavam a rua<br />
principal. Eram quatro ou cinco de cada lado, em vários estágios de abandono. Venezianas sem pintura<br />
pendiam tortas de janelas vazias. A imobilidade e o silêncio produziam uma atmosfera assombrada e<br />
irreal. Não se via qualquer outro tipo de vegetação, mas se as roseiras do cemitério haviam sobrevivido,<br />
deveriam haver outras.<br />
O maior edifício era a igreja, situada em uma colina, em uma das extremidades da cidade. O tempo<br />
a mantivera incrivelmente intocada, exceto pela torre chamuscada, que parecia ter sido atingida por um<br />
raio. Na outra extremidade, havia um curral.<br />
Quando finalmente puseram os pés na cidade, ocorreu o mesmo da primeira visita de Savannah: o<br />
forte sentimento de tristeza e dor. O que possuía Bitter End não eram fantasmas ou espíritos, mas sim uma<br />
angústia tão profunda, que nem mesmo a passagem dos anos conseguira apagar.<br />
Savannah olhou para Laredo, que observava a cidade, as pernas ligeiramente abertas, os braços ao<br />
lado do corpo, como se estivesse preparado para reagir a qualquer coisa que aparecesse.<br />
— Está sentindo? — ela perguntou em um sussurro.<br />
O tom de voz normal não parecia correto, ali. Em sua primeira visita, Savannah não pronunciara<br />
uma palavra sequer. Entrara e saíra da cidade em dez minutos, apenas o suficiente para retirar as roseiras<br />
e substituí-las por arbustos de seu próprio jardim.