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ocasionalmente, bezerros órfãos.<br />
Durante seis anos, ela conseguira viver uma vida satisfatória, mas quando comparava seus esforços<br />
aos do irmão mais velho, sentia-se em falta.<br />
Seu desejo de contribuir de maneira mais efetiva a levara a estabelecer um serviço de entrega de<br />
rosas pelo correio.<br />
Embora Grady houvesse ouvido seus planos com atenção, não fizera nada para encorajá-la. E, só<br />
agora o pequeno empreendimento começava a dar lucros, dos quais ela muito se orgulhava.<br />
Nos últimos meses, Savannah dedicava o tempo livre que tinha à noite à confecção de um catálogo,<br />
na intenção de expandir sua empresa.<br />
Na opinião dela, o que Grady precisava era de uma família. Aos trinta e cinco anos, ele já havia<br />
passado da idade em que a maioria dos homens se casava e tinha filhos. Provavelmente, teria feito isso<br />
se não fosse obrigado a dedicar cada minuto de sua vida à fazenda. Às vezes, ela se perguntava seja seria<br />
tarde demais, se o irmão jamais viria a se casar.<br />
Ela mesma havia tirado da cabeça a ideia de constituir família, dizendo a si mesma que seus<br />
instintos maternais teriam de se satisfazer com seus animais de estimação. Completara trinta e um anos no<br />
último aniversário e já fazia quatro ou cinco que não tinha um namorado. Na verdade, raramente pensava<br />
em se envolver com um homem, pois a maioria deles não compreendia seu jeito sossegado, nem sua força<br />
de vontade.<br />
Mas nada disso importava, a essa altura. Savannah aprendera a obter prazer das pequenas coisas,<br />
como a beleza de suas rosas, a afeição de seus animais, o conforto de sua casa bem cuidada.<br />
Flores de todas as cores ladeavam a estrada sinuosa. Savannah adorava a primavera, pois a brisa<br />
perfumada trazia a promessa de bom tempo e vidas novas.<br />
Com a ajuda de Wiley, o capataz que trabalhava na fazenda havia tanto tempo que já era<br />
considerado da família, Grady cuidara do nascimento de catorze bezerros, naquela semana. E um número<br />
semelhante era esperado para os próximos dias.<br />
Savannah consultou o relógio e rezou para que o irmão estivesse atrasado. Do contrário, ficaria<br />
nervoso por não encontrá-la e, quando se desse conta de onde ela estivera, ninguém seria capaz de<br />
conter-lhe a fúria.<br />
Com um suspiro, fez uma curva na estrada e deparou com uma caminhonete abandonada. Não<br />
reconheceu o veículo, o que era estranho, pois pessoas de outras regiões raramente se aventuravam por<br />
ali.<br />
Tratava-se de uma caminhonete velha, cuja pintura perdera o brilho e a lataria apresentava diversos<br />
pontos de ferrugem. Como estivesse estacionada a mais de vinte quilômetros da cidade, longe de tudo,<br />
Savannah não pôde deixar de imaginar se havia algo errado. Se não estivesse tão apressada, certamente,<br />
pararia para verificar.<br />
A decisão foi tirada de suas mãos pouco depois, quando ela avistou um caubói caminhando pela<br />
estrada, carregando uma sela no ombro. Mesmo de longe, era possível perceber-lhe o cansaço. Ao ouvir<br />
o ruído de um carro se aproximando, ele virou e esticou o polegar, pedindo carona.