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01 - Caubói Solitário

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casual, sem demonstrar nenhuma emoção, mesmo quando falou daqueles anos tristes que raramente<br />

mencionava para alguém.<br />

Sentiu que Savannah compreendia o significado de tais lembranças e sabia que era uma parte da<br />

alma de Laredo que estava sendo exposta a ela. E, mesmo que ele procurasse falar com leveza e até<br />

brincar com o assunto, era evidente que ela percebia a dor contida nas palavras não ditas.<br />

A certa altura, Laredo decidiu oferecer-lhe o mesmo tipo de interesse.<br />

— Agora, conte-me sobre sua família, Savannah — pediu.<br />

Ela se levantou com tamanha rapidez, que Laredo ficou se perguntando se a ofendera com o pedido.<br />

Apoiando as mãos na pia, Savannah manteve-se de costas, provocando nele o desejo de segurá-la pelos<br />

ombros, a fim de reconfortá-la.<br />

Melhor do que ninguém, Laredo deveria saber respeitar a privacidade e a dor alheias. Depois de ter<br />

conversado com Savannah por mais de uma hora, sentira-se no direito de fazer perguntas. Porém, era um<br />

direito que ele não tinha. Savannah não lhe devia satisfações, nem qualquer outra coisa. Era ele quem<br />

estava em débito para com ela.<br />

— Savannah, eu sinto muito — sussurrou.<br />

— Você sabia que tenho dois irmãos? — ela indagou, ainda de costas. — Grady e Richard.<br />

— Não, eu não sabia.<br />

— Richard é mais novo que eu. Tem vinte e nove anos.<br />

Só então ela virou para encará-lo.<br />

— Ele vive na região? — Laredo perguntou em tom suave.<br />

— Não sei onde ele está. Grady e eu não vemos Richard há seis anos, desde o dia do enterro de<br />

nossos pais.<br />

Laredo não sabia o que dizer. Continuou a lutar contra o impulso de tomá-la nos braços, percebendo<br />

que falar do irmão provocava em Savannah uma dor profunda.<br />

— Ele... desapareceu — ela concluiu com voz carregada de emoção.<br />

— Savannah, você não precisa dizer mais nada. Eu não deveria ter perguntado...<br />

— Não, por favor. Quero lhe contar tudo. Meu pai disse a Grady que se alguma coisa acontecesse a<br />

ele, Grady deveria ir ao Banco de Brewster, onde ele havia alugado um cofre. No dia anterior ao funeral,<br />

Grady e Richard visitaram o banco juntos. Pode imaginar como ficamos surpresos ao descobrir que o<br />

cofre encontrava-se repleto de dinheiro vivo. Grady calculou que havia por volta de quarenta mil dólares<br />

lá, junto com uma carta.<br />

Savannah fez uma pausa e respirou fundo.<br />

— Papai escreveu que vira o que acontecia a pessoas que investiam seu dinheiro em seguros de<br />

vida e, depois do fiasco da política de poupança e empréstimo, perdera a confiança nos bancos também.<br />

Como não queria que a esposa e os três filhos tivessem de se preocupar com dinheiro, vinha<br />

guardando pouco a pouco fazia anos. Seu plano era deixar o suficiente para o pagamento dos impostos

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