You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CAPÍTULO III<br />
Savannah gostava de ouvir Wade McMillen pregar. Suas mensagens simples e diretas tocavam-lhe o<br />
coração. Tratava-se do pastor mais incrível que ela já vira. Alto, forte e musculoso, parecia ser do tipo<br />
que ficaria muito mais à vontade pastoreando um rebanho do que fazendo sermões. Talvez fosse<br />
justamente por isso que todos gostavam tanto dele.<br />
Era possível que tudo não passasse de mero produto de sua imaginação, mas Savannah sentia<br />
olhares curiosos sobre si. Com certeza, as fofocas sobre ela e Laredo já corriam soltas pela cidade.<br />
Aquela altura, todos já sabiam que fora ela quem o contratara, e não Grady.<br />
Em breve, seria objeto de especulações e perguntas sussurradas. Se é que isso já não estivesse<br />
acontecendo. Sentiu-se mortificada, mas o orgulho fez com que mantivesse a cabeça erguida e os olhos<br />
fixos no altar. Sua mente, no entanto, vagava distraída, durante o sermão de Wade. Quando seus<br />
pensamentos não estavam focalizados nas consequências de seus atos, eles voavam para Laredo com<br />
facilidade surpreendente.<br />
Havia planejado convidá-lo para ir à missa com ela, mas não tivera coragem, pois achara que seria<br />
muita ousadia de sua parte. Agora, em vista do interesse que despertava, sentia-se grata por ele não estar<br />
ali.<br />
No sábado, Laredo trabalhara o dia inteiro, produzindo treliças, apesar da insistência de Savannah<br />
em que ele não precisava trabalhar nos fins de semana. No final do dia, uma longa fileira de treliças<br />
recém-pintadas secavam ao sol de março.<br />
Depois do jantar, os dois haviam conversado na varanda, até Grady chegar. A reprovação dele era<br />
evidente em tudo o que fazia e dizia. Savannah queria dizer a Laredo que ignorasse seu irmão, que ela era<br />
dona de si mesma, mas mais uma vez, permanecera calada.<br />
Tinha de admitir que não passava de uma grande covarde. Daria qualquer coisa em troca da<br />
coragem de contar a Laredo o que se passava em sua mente e em seu coração.<br />
Bem, como Caroline apontara, Savannah fizera algo digno de orgulho. Enfrentara o irmão e, por<br />
isso, Laredo continuava na fazenda. Desafiar Grady não era nada fácil. Sua personalidade forte já<br />
intimidara pessoas muito mais corajosas que ela.<br />
A congregação pôs-se de pé e Savannah abriu o hinário. Sua voz suave juntou-se às do coro. Ela<br />
ergueu os olhos para Caroline, que se encontrava na primeira fila do coral, vestindo uma túnica branca.<br />
Percebendo-lhe o olhar, a amiga presenteou-a com uma piscadela quase imperceptível. Pela primeira vez<br />
desde que entrara na igreja, Savannah sentiu-se à vontade.<br />
Após a prece de encerramento, a música do órgão voltou a tomar conta da igreja e a missa terminou.<br />
Savannah deixou o banco junto com Nell Bishop e seus dois filhos. Jake Bishop morrera em um<br />
acidente de trator, três anos e meio antes. Os dois formavam um casal perfeito, profundamente<br />
apaixonados. Savannah sabia que a vida não vinha sendo fácil para Nell e admirava a força e a coragem<br />
da outra mulher. Nell recusara-se a deixar a fazenda e passara a administrá-la ela mesma. Quando lhe<br />
perguntavam por que não vendia as terras e se mudava para a cidade, ela respondia que a vontade de<br />
Jake seria continuar com a fazenda. Caminhar ao lado de Nell fazia Savannah sentir-se a salvo das