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Livro Mídia, Misoginia e Golpe

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Mídia, Misoginia e Golpe<br />

estabelecer critérios mais justos, democráticos e republicanos na condução do<br />

processo político no Brasil, o que não ocorreu. Ou seja, a gente caminhou pela mesma<br />

lógica que a elite, a oligarquia sempre conduziu o processo político nesse País desde<br />

1500.<br />

|Como fica a situação especialmente de mulheres negras e lésbicas nesse momento?<br />

Eu estava até hoje conversando com uma companheira da LBL [Liga Brasileira de<br />

Lésbicas] - pelo Facebook - falando sobre isso. Eu acho que a gente está no fio da<br />

navalha, sabe? Nós perdemos o pouco que a gente conseguiu, através da<br />

implementação de uma Secretaria com status de Ministério, que produziu um Plano<br />

Nacional de Políticas para as Mulheres, que tem um eixo sobre sexismo e combate à<br />

lesbofobia, sobre a construção de uma coordenação LGBTT, de uma Seppir – que é uma<br />

Secretaria de Promoção da Igualdade Racial –, que também se esvaiu, que a gente está<br />

vendo aí o Estatuto da Igualdade Racial ser mutilado, as cotas ameaçadas, enfim. As<br />

ações de enfrentamento à violência serem cada vez mais diminuídas e não<br />

reconhecidas pelo Estado, não ser reconhecida a lesbofobia e a lgbtfobia como uma<br />

violência institucional, como uma violência que nos acomete. Então, agora a investida<br />

da Escola sem Partido, que embora o anteprojeto esteja tramitando e não aconteça na<br />

sua integralidade, está sendo implementado aos poucos, com a retirada de disciplinas<br />

importantes, que nos fazem refletir e pensar, como o que houve nos planos estaduais e<br />

municipais de Educação com relação a gênero e sexualidade. Nós vivemos um<br />

momento extremamente difícil de retroação e que, para mim, e conversava isso com a<br />

companheira Altamira, nós tínhamos que nos voltar para nossas organizações, para<br />

construir o processo de resistência, que é investir na formação e no processo de<br />

construção de ações em cada espaço, em cada Estado, em cada município, de<br />

enfretamento à lesbofobia e ao sexismo. E, no meu lugar, que é o lugar da docência, eu<br />

tenho que fazer esse enfrentamento dentro da minha universidade, para que a gente<br />

possa garantir os currículos, garantir o investimento em pesquisa e em extensão, com<br />

recorte de gênero, que leve em conta as interseccionalidades de gênero, raça e<br />

sexualidade. Então, eu acho que é um processo que a gente está vivendo e vai ter que<br />

encontrar nos lugares que a gente está, para produzir a resistência, que é o que está<br />

acontecendo agora com essa meninada, com mais de mil escolas ocupadas em todo o<br />

Brasil, mais de 100 instituições federais, universidades públicas, reitorias sendo<br />

ocupadas, aqui na Bahia, a Uneb, várias reitorias ocupadas. É isso que a gente vai ter<br />

que fazer. Porque já foi, já trincou, nós estamos no fio da navalha, os nossos direitos<br />

estão sendo eliminados e não há outra possibilidade, no meu entendimento, que não<br />

seja essa. E [sobre o livro] agradeço pela escolha para participar desse momento, eu<br />

acho fundamental, isso é uma resistência. Esse livro é uma resistência, é uma luta, é<br />

um processo de ajuntamento para o enfretamento.<br />

16

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