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Livro Mídia, Misoginia e Golpe

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Mídia, Misoginia e Golpe<br />

do Brasil como se fosse uma situação de má administração e não como consequência<br />

de uma crise internacional que está afetando vários países do mundo.<br />

A própria imagem da presidenta Dilma e as realizações do governo federal<br />

desde o início do segundo mandato foram desaparecendo, aos poucos, até serem<br />

invisibilizados. A mídia hegemônica construiu uma relação estreita entre a Operação<br />

Lava Jato, a corrupção nos partidos ligada a Petrobrás, o PT, as acusações ao Lula e a<br />

gestão da presidenta Dilma, bem como as demais ações do Executivo.<br />

Tratou de forma indevida, junto com parte do judiciário, o lugar da presidenta<br />

Dilma como chefe de Estado, por exemplo, divulgando gravações telefônicas de suas<br />

conversas em rede nacional, o que é impensável como um tratamento dispensado a<br />

uma chefe de Estado, destacando mais uma vez o caráter misógino do Golpe.<br />

Na sua versão impressa, revistas chegaram a publicar capas sensacionalistas,<br />

com reportagens fraudulentas, inclusive, misóginas e machistas que mereceram a<br />

entrada com ação na justiça por parte da Presidenta.<br />

Foi tão forte a ofensiva midiática que conseguiu nublar a inocência da<br />

Presidenta, comprovada no seu próprio julgamento no Senado, pela perícia do Senado<br />

e Ministério Público. A mídia hegemônica construiu previamente a imagem da<br />

presidenta Dilma Rousseff como culpada.<br />

Não podemos nos esquecer de que junto com a mídia hegemônica tivemos uma<br />

ação de difamação da Presidenta, do seu governo e do PT pelas redes sociais favoráveis<br />

ao golpe.<br />

Em contraposição, importante destacar a participação importantíssima das<br />

mídias chamadas alternativas, principalmente Mídia Ninja, que se notabilizou como um<br />

espaço de comunicação e difusão de informação qualificada e comprometida em<br />

noticiar o caráter golpista do Impeachment. Mas posso destacar também alguns<br />

espaços de difusão contra hegemônica como O Cafezinho, Carta Capital, Caros Amigos,<br />

Brasil de Fato importantes na difusão de análises de conjuntura sobre o Golpe.<br />

Precisamos repensar a concessão dos meios de comunicação, pois há uma<br />

visível desigualdade no acesso e, consequentemente, na difusão de informações contra<br />

hegemônicas e comprometidas com o esclarecimento sobre o momento político e<br />

econômico em que vivemos.<br />

|Em algum aspecto você acha que a questão de gênero foi relevante junto à<br />

imprensa e à opinião pública a influenciar a cobertura do processo de impeachment?<br />

Dê exemplos.<br />

Certos veículos impressos da mídia hegemônica desencadearam uma série de<br />

capas e reportagens tendenciosas, sem provas, fazendo ligações entre a Lava Jato, a<br />

corrupção da Petrobrás, o executivo, o PT e a presidenta. Isso comprometeu a imagem<br />

da presidenta Dilma Rousseff e fez uma enorme confusão na cabeça da população.<br />

Algumas capas de revistas chegaram a expressar explicitamente a misoginia e<br />

questão de gênero atribuindo a situação política e econômica do País à forma da<br />

Presidenta conduzir os trabalhos do executivo, à sua personalidade, atribuindo a ela<br />

características de descontrole emocional que a sociedade machista relaciona como se<br />

fosse algo natural às mulheres e ao universo feminino.<br />

Certos jornalistas de alguns veículos midiáticos chegaram ao cúmulo de associar<br />

a forma de ser e de agir da Presidenta às questões da sexualidade. Associavam a<br />

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