REBOSTEIO Nº 3
Revista REBOSTEIO DIGITAL número três - entrevistas, arte, cultura, poesia, literatura, comportamento, cinema, fotografia, artes plásticas.
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1980. No documentário alguns depoimentos são<br />
ilustrados com fotos, textos, cartazes, programas,<br />
trechos de filmes e ingressos de espetáculos<br />
teatrais e de dança dos acervos da Escola de<br />
Teatro da UFBA, Teatro Vila Velha, Espaço<br />
Xisto Bahia, Teatro Castro Alves e do Centro de<br />
Estudos Mário Gusmão, o que dá ao filme uma<br />
narrativa dinâmica e ilustrativa de momentos<br />
importantes.<br />
Numa dessas artimanhas do destino, Mário<br />
morreu na madrugada do Dia Nacional da<br />
Consciência Negra, 20 de novembro de 1996, de<br />
câncer no pulmão. Nos últimos anos de vida,<br />
antes ainda de saber da doença, uma das coisas<br />
que mais lutava era por sua aposentadoria.<br />
Queria o reconhecimento legítimo por tantos<br />
anos de trabalho, mas não tinha como comprovar<br />
todas as peças e filmes em que trabalhou, o que<br />
acontece com muitos atores brasileiros. Dizia<br />
que "a produção não dava recibo".<br />
Recebeu várias homenagens durante o enterro<br />
Em 2005, na segunda edição do Programa de<br />
Fomento à Produção e Teledifusão do<br />
Documentário Brasileiro, mais conhecido como<br />
DocTV, exibido nas redes públicas de televisão,<br />
assisti ao documentário "Mário Gusmão, o Anjo<br />
Negro da Bahia", dirigido por Élson Rosário.<br />
Na época conversei com algumas pessoas sobre o<br />
filme e ninguém nunca tinha ouvido falar do<br />
personagem, o que não era de se espantar neste<br />
país de amnésia cultural. O ótimo documentário<br />
conta a vida e obra do esquecido ator baiano em<br />
três linhas temáticas: a artística, a militância<br />
política no movimento negro e a espiritual. Os<br />
cineastas Orlando Senna e Paloma Rocha, os<br />
atores Jackson Costa e Nilda Spencer, o cantor<br />
Carlinhos Brown, foram alguns dos entrevistados<br />
que conviveram com Mário Gusmão, muito<br />
querido em Salvador, principalmente no bairro<br />
Liberdade, onde morava.<br />
Assim como Grande Otelo, Mário foi um ícone<br />
da presença negra no cinema brasileiro no século<br />
passado. Um de seus trabalhos mais conhecidos<br />
foi em "A idade da terra", de Glauber Rocha,<br />
realizado no Jardim da Saudade. Mas para seu<br />
amigo e vizinho Edilson Santana, "para um<br />
artista, foi a indigência". De fato, nenhuma rede<br />
de televisão, que eu me lembre, sequer notificou<br />
o fato, e os jornais dos dias seguintes apenas se<br />
limitaram a registrar a sua morte.<br />
NIRTON<br />
VENANCIO<br />
Livros publicados:<br />
"Roteiro dos pássaros", poesia,<br />
"Cumplicidade poética", poesia<br />
Filmes realizados:<br />
"Um cotidiano perdido no<br />
tempo", curta, ficção<br />
"Walking on water", média,<br />
documentário,<br />
"O último dia de sol", curta,<br />
ficção,<br />
"Dim", curta, documentário<br />
Blogs:<br />
www.nirtonvenancio.blogspot.com<br />
www.olharpanoramico.blogspot.com<br />
Atividades recentes:<br />
projeto em andamento, longa<br />
documentário "Pessoal do Ceará"<br />
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