12.06.2017 Views

Código de Processo Penal Comentado (2016) - Guilherme de Souza Nucci

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ser observado contém garantias mais amplas para a <strong>de</strong>fesa do réu. Suprimindo a resposta escrita a que alu<strong>de</strong> o art.<br />

514 da lei penal adjetiva, o juiz processante não só altera o rito estabelecido para as infrações em que cabe tal<br />

providência como acarreta, também, cerceamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa” (Ap. 66.926-3, Guarulhos, 3.ª C., rel. Silva Leme,<br />

03.04.1989, m.v., com nota especial mencionando que, <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>cisão, o MP interpôs recurso especial para o STJ,<br />

conhecido e não provido pelas mesmas razões – acórdão publicado no DJU 16.10.1991, p. 14.488 – RJTJSP<br />

132/463).<br />

10. Não apresentação da notificação: irrelevância, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o prazo tenha sido regularmente concedido.<br />

Afinal, o funcionário não é obrigado a contestar o contido na <strong>de</strong>núncia, sendo faculda<strong>de</strong> fazê-lo.<br />

11. Desconhecimento do para<strong>de</strong>iro do réu ou residência em outra comarca: quanto à primeira<br />

hipótese, é razoável que seja nomeado ao acusado um <strong>de</strong>fensor dativo, a fim <strong>de</strong> que apresente a <strong>de</strong>fesa preliminar.<br />

Manifestamo-nos contrários à notificação por edital, pois esse meio <strong>de</strong> cientificação é inútil e <strong>de</strong>veria ser<br />

extirpado do processo penal. Assim, somente quando indispensável, por previsão legal, é que <strong>de</strong>ve ser<br />

provi<strong>de</strong>nciado. Depois, recebida a <strong>de</strong>núncia, se for citado por edital e não contestar, o processo ficará suspenso<br />

(art. 366, CPP). Entretanto, é rara essa situação, pois o funcionário público <strong>de</strong>ve ter posto certo <strong>de</strong> trabalho, com<br />

relativa facilida<strong>de</strong> para ser encontrado. Aliás, se for <strong>de</strong>mitido, não mais se aplica o procedimento especial neste<br />

Capítulo previsto (ver nota 12 a seguir). Quanto à segunda hipótese, não cremos seja razoável. Se o funcionário<br />

resi<strong>de</strong> em outra comarca, <strong>de</strong>ve-se expedir precatória para notificá-lo do prazo <strong>de</strong> quinze dias para a apresentação da<br />

<strong>de</strong>fesa preliminar. Nada justifica a nomeação direta <strong>de</strong> um <strong>de</strong>fensor dativo, em prejuízo da ampla <strong>de</strong>fesa. No mesmo<br />

prisma: Tourinho Filho (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong> comentado, v. 2, p. 165); Greco Filho (Manual <strong>de</strong> processo<br />

penal, p. 383). Ainda assim, há forte tendência dos tribunais em aceitar o disposto no parágrafo único <strong>de</strong>ste artigo.<br />

E também na doutrina: Mirabete (<strong>Processo</strong> penal, p. 560); Noronha (Curso <strong>de</strong> direito processual penal, p. 294).<br />

12. Funcionário que <strong>de</strong>ixa a função: não mais se aplica o procedimento especial previsto neste Capítulo.<br />

Ainda que se invoque a proteção à imagem da administração pública, para que a <strong>de</strong>fesa preliminar seja realizada, não<br />

vemos sentido nisso. Note-se que a tendência atual é restringir os procedimentos e foros especiais, justamente o<br />

que levou o Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral a cancelar a Súmula 394, consi<strong>de</strong>rando haver foro privilegiado ao<br />

funcionário, ainda que <strong>de</strong>ixasse o cargo, bastando o cometimento do <strong>de</strong>lito no exercício da função. É o melhor a<br />

seguir. Nessa linha: Greco Filho (Manual <strong>de</strong> processo penal, p. 383). Em contrário, exigindo sempre a <strong>de</strong>fesa, por<br />

conta da moralida<strong>de</strong> da administração pública: Tourinho Filho (<strong>Código</strong> <strong>de</strong> <strong>Processo</strong> <strong>Penal</strong> comentado, v. 2, p.<br />

166); Mirabete (<strong>Processo</strong> penal, p. 559).<br />

Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o prazo concedido para a resposta, os autos permanecerão<br />

em cartório, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão ser examinados pelo acusado ou por seu <strong>de</strong>fensor. 13<br />

Parágrafo único. A resposta po<strong>de</strong>rá ser instruída com documentos e justificações.<br />

13. Permanência dos autos em cartório: trata-se <strong>de</strong> um cuidado especial para a garantia efetiva do<br />

direito ao contraditório e à ampla <strong>de</strong>fesa. Nessa situação, já que se busca resguardar o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, é possível<br />

a retirada dos autos <strong>de</strong> cartório pelo <strong>de</strong>fensor para o oferecimento da contestação. Se houver corréus, cabe ao juiz<br />

disciplinar a saída dos autos, <strong>de</strong> modo a aten<strong>de</strong>r a todos eles.<br />

Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou <strong>de</strong>núncia, em <strong>de</strong>spacho fundamentado, 14 se convencido, pela resposta do<br />

acusado ou do seu <strong>de</strong>fensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação. 14-14-A<br />

14. Rejeição da <strong>de</strong>núncia ou da queixa: estipula a lei que o magistrado <strong>de</strong>ve fundamentar a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

rejeição da <strong>de</strong>núncia ou da queixa, o que é, na verda<strong>de</strong>, inútil, uma vez que toda <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> rejeição, em qualquer

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!