Diverse Lingue - Academia Brasileira de Letras
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J.O. <strong>de</strong> Meira Penna<br />
Intacta também se mantém a sua disposição <strong>de</strong> escrever. Além <strong>de</strong> artigos<br />
que regularmente publica em jornais, Meira Penna também escreve para revistas<br />
especializadas nacionais e estrangeiras. E recentemente lançou simultaneamente<br />
dois novos livros, <strong>de</strong>sta vez “extravagantes” se comparados à sua tradição<br />
literária: um sobre enxaqueca, mal que o acompanha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mocida<strong>de</strong>, e<br />
outro <strong>de</strong> ficção científica, um produto não <strong>de</strong> todo surpreen<strong>de</strong>nte para quem<br />
resi<strong>de</strong> já há muitos anos em Brasília. E se <strong>de</strong>u ainda o luxo <strong>de</strong> escrever um terceiro,<br />
nada extravagante, que se não teve a minha participação nos trabalhos <strong>de</strong><br />
parto, a tem mo<strong>de</strong>stamente agora, quando <strong>de</strong>sfruto do privilégio <strong>de</strong> escrever<br />
esta Apresentação. Deste último rebento literário <strong>de</strong> Meira Penna passo a ocupar-me<br />
agora<br />
Da moral em economia é o título do livro em questão e que ele <strong>de</strong>dica a seu colega<br />
e amigo embaixador Roberto Campos, liberal como ele, lúcido como ele,<br />
corajoso como ele. Trata-se <strong>de</strong> esforço bem-sucedido <strong>de</strong> refutar, com a veemência<br />
que caracteriza o autor, as inverda<strong>de</strong>s que rotineira e irresponsavelmente<br />
são assacadas contra a economia <strong>de</strong> mercado, e <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir argumentos<br />
falaciosos que sugerem a imposição, pela força, do altruísmo, ou a entronização<br />
do governo como engenheiro da felicida<strong>de</strong> nacional.<br />
Meira Penna critica com proprieda<strong>de</strong> as idéias “construtivistas” <strong>de</strong>correntes<br />
daquela patologia individual chamada <strong>de</strong> “arrogância fatal” por Hayek, e<br />
pacientemente esclarece <strong>de</strong> que forma o exercício da autonomia individual,<br />
num ambiente respeitador dos direitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> e dos contratos, leva à<br />
prosperida<strong>de</strong> coletiva. Meira Penna concorda com a sugestiva idéia da “mão<br />
invisível”, <strong>de</strong> Adam Smith, <strong>de</strong> acordo com a qual a busca do interesse individual,<br />
em condições <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, contribuiria para um bem geral não <strong>de</strong>liberadamente<br />
objetivado, em contradição com o mal geral que geralmente <strong>de</strong>corre<br />
da pretensiosa e <strong>de</strong>liberada tentativa do governo <strong>de</strong> promover a prosperida<strong>de</strong><br />
geral. Meira Penna <strong>de</strong>nuncia a falência da ação estatal nas tentativas <strong>de</strong> implantar<br />
o altruísmo por força <strong>de</strong> lei ou <strong>de</strong> procurar, em cabeças <strong>de</strong> cavalos, essa<br />
imbecilida<strong>de</strong> que é a idéia <strong>de</strong> “justiça social”. Ele não se limita a criticar; oferece<br />
receitas alternativas e mostra aos leitores que o mapa liberal da mina não <strong>de</strong>-<br />
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