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edição de 6 de junho de 2016

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eyond the line<br />

Filipe Birch<br />

Cida<strong>de</strong> limpa<br />

ou cida<strong>de</strong> cinza?<br />

Bem-vindas sejam as flexibilizações<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Lá vou eu <strong>de</strong> novo tratar <strong>de</strong> um tema do<br />

qual tenho um ponto <strong>de</strong> vista contrário<br />

à massacrante maioria. Sim, fui contra<br />

a chamada Lei Cida<strong>de</strong> Limpa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu<br />

nascimento. Numa canetada do então prefeito<br />

Kassab, no primeiro dia <strong>de</strong> 2007, os<br />

outdoors foram proibidos. Numa canetada,<br />

São Paulo ficou mais triste, menos colorida.<br />

Peço então licença a você, leitor, para<br />

reproduzir boa parte <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> artigos<br />

anteriores, mas que, para mim, continuam<br />

superválidos, ainda hoje.<br />

É claro que a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo estava<br />

superpoluída visualmente. Era outdoor se<br />

sobrepondo a outdoor, letreiros escon<strong>de</strong>ndo<br />

prédios, uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> painéis <strong>de</strong><br />

fachada <strong>de</strong> estabelecimentos, laterais <strong>de</strong><br />

edifícios ocupadas por megapainéis publicitários,<br />

sem falar na profusão <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong><br />

tecido esticadas <strong>de</strong> calçada a calçada e banners<br />

pendurados em postes.<br />

Sem dúvida, a confusão era total. E o<br />

que fez a Prefeitura? Zerou tudo.<br />

Ou seja: proibição total para outdoors,<br />

painéis, luminosos e outras peças <strong>de</strong> mídia<br />

outdoor, além <strong>de</strong> limitação <strong>de</strong> tamanho para<br />

painéis <strong>de</strong> fachada <strong>de</strong> estabelecimentos.<br />

O projeto foi aplaudido, ganhou prêmios e<br />

reconhecimento internacional.<br />

Mas continuo achando que a atitu<strong>de</strong> simplista<br />

foi exagerada: não separaram o joio<br />

do trigo, jogaram a água suja da bacia junto<br />

com o bebê. Da noite para o dia, centenas<br />

<strong>de</strong> empresas especializadas <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong><br />

funcionar, eliminando milhares <strong>de</strong> empregos<br />

e fontes <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> empresários.<br />

Dramatizando uma comparação, seria<br />

como proibir a total circulação <strong>de</strong> carros<br />

para evitar poluição ambiental. Cinco longos<br />

anos <strong>de</strong>pois da sua promulgação, a lei<br />

começou a ser flexibilizada.<br />

Começou com a licitação <strong>de</strong> mobiliário<br />

urbano e novos abrigos <strong>de</strong> ônibus, além <strong>de</strong><br />

relógios digitais. A <strong>de</strong>cisão foi tomada mais<br />

como uma nova fonte <strong>de</strong> receita da Prefeitura<br />

do que para organizar a reinstalação<br />

<strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong> mídia exterior. Mas,<br />

ok, aplaudi a <strong>de</strong>cisão tardia.<br />

Hoje, já temos peças criativas vestindo o<br />

mobiliário urbano, alegrando nossos olhos.<br />

Volto ao tema porque li que o prefeito atual<br />

está disposto a liberar mais equipamentos<br />

urbanos para a exposição <strong>de</strong> mensagens<br />

publicitárias.<br />

Tratam-se, agora, das bancas <strong>de</strong> jornais,<br />

que <strong>de</strong>verão receber a permissão para<br />

anunciar produtos nas faces da sua estrutura.<br />

Passado todo esse tempo, fico ainda<br />

com a sensação <strong>de</strong> que a atitu<strong>de</strong> foi preguiçosa.<br />

Defendi na época, e continuo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo<br />

agora, que melhor seria um meticuloso<br />

mapeamento da cida<strong>de</strong>, estabelecendo claramente<br />

as regras da mídia exterior. Como<br />

fazem em diversos países.<br />

Há lugares em que tudo é permitido e,<br />

em outros, uma gran<strong>de</strong> limitação. Você<br />

consegue imaginar a região da Times Square,<br />

em Nova York, sem a profusão <strong>de</strong> luminosos?<br />

Alguém se incomoda com aquela “poluição”<br />

visual? Ao contrário: o que vemos são<br />

turistas fazendo selfies, tendo o ambiente<br />

<strong>de</strong> iluminação feérica <strong>de</strong> pano <strong>de</strong> fundo. A<br />

“poluição” visual é a atração!<br />

Mas, ok, já que estão flexibilizando, arrisco<br />

uma sugestão: liberem o entorno <strong>de</strong><br />

parques, museus e casas <strong>de</strong> espetáculo para<br />

a instalação <strong>de</strong> banners alusivos à sua programação<br />

e entreguem aos gestores <strong>de</strong>sses<br />

locais a comercialização <strong>de</strong> patrocínio.<br />

Seria mais uma fonte <strong>de</strong> recursos importante<br />

para a manutenção <strong>de</strong>sses espaços.<br />

Não estou inventando nada. É assim em<br />

Chicago e Nova York, por exemplo. Classudos<br />

postes são instalados no canteiro central<br />

das avenidas que circundam esse tipo<br />

<strong>de</strong> locais.<br />

De um lado, um banner (igualmente<br />

classudo, <strong>de</strong> bom gosto) alusivo à programação<br />

do parque ou do museu e, do outro<br />

lado, uma peça publicitária discreta do patrocinador.<br />

Isso não polui, enfeita a cida<strong>de</strong>. E informa<br />

o público <strong>de</strong> forma apropriada. Prefiro<br />

então terminar este texto <strong>de</strong> forma positiva.<br />

Bem-vindas sejam as flexibilizações.<br />

Que venham outras! Para tornar nossa<br />

São Paulo menos cinza.<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

28 6 <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark

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