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Eyond thE linE<br />
BrianAJackson/iStock<br />
Encruzilhadas<br />
A banalização da notícia é um problema,<br />
mas po<strong>de</strong> também ser uma solução<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
Sai ano, entra ano e a vida dos atores envolvidos<br />
nos processos <strong>de</strong> marketing<br />
e comunicação só fica mais complicada.<br />
CMOS e diretores <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> um lado;<br />
agências, fornecedores e mídia do outro.<br />
Todo mundo tentando mexer peças<br />
no tabuleiro do marketing para ganhar o<br />
jogo. Mas as regras <strong>de</strong>sse intrincado jogo<br />
mudam sem parar, sem aviso prévio, bagunçando<br />
tudo, o tempo todo.<br />
Quando o jogo parecia cada vez mais<br />
focado no universo online, recru<strong>de</strong>scem<br />
os fenômenos da fake news e da in<strong>de</strong>sejada<br />
associação das marcas a conteúdos<br />
ina<strong>de</strong>quados, algo que os algoritmos ainda<br />
não conseguiram resolver.<br />
Basta citar a reação <strong>de</strong> alguns dos<br />
maiores anunciantes do mundo – Procter<br />
& Gamble e Unilever – afirmando rever a<br />
sua política <strong>de</strong> investimento no online,<br />
até que se resolvam essas questões. Ninguém<br />
quer ver a sua marca ao lado <strong>de</strong> um<br />
conteúdo relacionado ao terrorismo ou à<br />
pornografia...<br />
É a tal da brand safety que está em jogo.<br />
Mas não é só esse o problema da veiculação<br />
online. Há ainda a caixa-preta das<br />
principais re<strong>de</strong>s sociais e a dificulda<strong>de</strong> em<br />
garantir a entrega do contratado.<br />
Recursos se per<strong>de</strong>m ao longo <strong>de</strong> todo o<br />
processo, que envolvem inúmeros players<br />
(DSPs, Exchanges, DMPs...), cada um <strong>de</strong>les<br />
ficando com um naco dos recursos,<br />
<strong>de</strong>ixando apenas uma fração chegar aos<br />
publishers.<br />
Aquela máxima antiga: “Eu sei que<br />
meta<strong>de</strong> dos meus recursos <strong>de</strong> marketing<br />
é <strong>de</strong>sperdiçada. O problema é que não sei<br />
que meta<strong>de</strong> é essa” parece valer também<br />
no ambiente online.<br />
Então, a panaceia digital que pretendia<br />
curar todos os males do marketing mostrou<br />
efeitos colaterais adversos, provocando<br />
um importante recuo. Vamos então<br />
voltar ao básico, às velhas, mas conhecidas,<br />
estratégias, focadas no universo offline?<br />
Não é tão simples assim.<br />
Está claro que a receita do bolo inclui<br />
ingredientes dos universos on e off. Já<br />
apren<strong>de</strong>mos que a solução não é “ou”, mas<br />
“e”. A solução é híbrida. Mas como dosar<br />
esses ingredientes com eficiência? Não à<br />
toa, essa questões estão tirando o sono<br />
dos CMOs. Do lado das agências, o dilema<br />
não é menor. Como montar uma estrutura<br />
full-service, sem se tornar fool-service ou<br />
um foul-service? Numa matéria recente<br />
da Ad Week, vi um cliente americano <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> porte afirmar que não sabe mais<br />
que tipo <strong>de</strong> agência contratar.<br />
Todas parecem apontar “furos” no seu<br />
portfólio <strong>de</strong> serviços. O caminho é contratar<br />
uma boutique <strong>de</strong> criação, uma outra<br />
consultoria estratégica e ainda uma outra<br />
especializada no universo online?<br />
Ou ter tudo isso em uma única casa –<br />
one-stop-shop? Ou em um único grupo?<br />
Ou ainda <strong>de</strong>senvolver uma solução in-<br />
-house? Dúvida cruel! Encruzilhadas e<br />
mais encruzilhadas pelo caminho.<br />
Finalmente, do lado da mídia, as dúvidas<br />
não são menores. Para os veículos ditos<br />
tradicionais, permanece a dificulda<strong>de</strong><br />
em se equilibrar na linha que separa o físico<br />
do virtual.<br />
O mundo caminha rapidamente para o<br />
virtual, sabemos. Mas como equacionar a<br />
oferta, principalmente no campo da publicida<strong>de</strong>,<br />
historicamente a principal fonte<br />
<strong>de</strong> recursos da mídia?<br />
Obter o mesmo faturamento que era<br />
advindo da mídia tradicional no digital<br />
exige um exercício hercúleo, nem sempre<br />
bem-sucedido.<br />
A banalização da notícia é um problema,<br />
mas po<strong>de</strong> também ser uma solução.<br />
Num universo repleto <strong>de</strong> fake news, veículos<br />
com credibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ganhar<br />
importância nesse emaranhado <strong>de</strong> mídia<br />
multifacetada.<br />
Minha conclusão po<strong>de</strong> parecer piegas<br />
ou utópica, mas é o que eu acredito. Acredito<br />
na união <strong>de</strong> todos esses players, <strong>de</strong><br />
mãos dadas, olhando para o mesmo norte,<br />
buscando uma solução integrada, equilibrada,<br />
cocriada, compartilhada, sem <strong>de</strong>fesas<br />
exacerbadas <strong>de</strong> cada lado.<br />
Na minha opinião, o roadmap para a<br />
melhor escolha perante as encruzilhadas<br />
<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>senhado a muitas mãos, com a<br />
participação <strong>de</strong> todos os envolvidos.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />
da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />
<strong>de</strong> Propaganda)<br />
alexis@fenapro.org.br<br />
<strong>26</strong> <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark