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edição de 26 de fevereiro de 2018

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Eyond thE linE<br />

BrianAJackson/iStock<br />

Encruzilhadas<br />

A banalização da notícia é um problema,<br />

mas po<strong>de</strong> também ser uma solução<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Sai ano, entra ano e a vida dos atores envolvidos<br />

nos processos <strong>de</strong> marketing<br />

e comunicação só fica mais complicada.<br />

CMOS e diretores <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> um lado;<br />

agências, fornecedores e mídia do outro.<br />

Todo mundo tentando mexer peças<br />

no tabuleiro do marketing para ganhar o<br />

jogo. Mas as regras <strong>de</strong>sse intrincado jogo<br />

mudam sem parar, sem aviso prévio, bagunçando<br />

tudo, o tempo todo.<br />

Quando o jogo parecia cada vez mais<br />

focado no universo online, recru<strong>de</strong>scem<br />

os fenômenos da fake news e da in<strong>de</strong>sejada<br />

associação das marcas a conteúdos<br />

ina<strong>de</strong>quados, algo que os algoritmos ainda<br />

não conseguiram resolver.<br />

Basta citar a reação <strong>de</strong> alguns dos<br />

maiores anunciantes do mundo – Procter<br />

& Gamble e Unilever – afirmando rever a<br />

sua política <strong>de</strong> investimento no online,<br />

até que se resolvam essas questões. Ninguém<br />

quer ver a sua marca ao lado <strong>de</strong> um<br />

conteúdo relacionado ao terrorismo ou à<br />

pornografia...<br />

É a tal da brand safety que está em jogo.<br />

Mas não é só esse o problema da veiculação<br />

online. Há ainda a caixa-preta das<br />

principais re<strong>de</strong>s sociais e a dificulda<strong>de</strong> em<br />

garantir a entrega do contratado.<br />

Recursos se per<strong>de</strong>m ao longo <strong>de</strong> todo o<br />

processo, que envolvem inúmeros players<br />

(DSPs, Exchanges, DMPs...), cada um <strong>de</strong>les<br />

ficando com um naco dos recursos,<br />

<strong>de</strong>ixando apenas uma fração chegar aos<br />

publishers.<br />

Aquela máxima antiga: “Eu sei que<br />

meta<strong>de</strong> dos meus recursos <strong>de</strong> marketing<br />

é <strong>de</strong>sperdiçada. O problema é que não sei<br />

que meta<strong>de</strong> é essa” parece valer também<br />

no ambiente online.<br />

Então, a panaceia digital que pretendia<br />

curar todos os males do marketing mostrou<br />

efeitos colaterais adversos, provocando<br />

um importante recuo. Vamos então<br />

voltar ao básico, às velhas, mas conhecidas,<br />

estratégias, focadas no universo offline?<br />

Não é tão simples assim.<br />

Está claro que a receita do bolo inclui<br />

ingredientes dos universos on e off. Já<br />

apren<strong>de</strong>mos que a solução não é “ou”, mas<br />

“e”. A solução é híbrida. Mas como dosar<br />

esses ingredientes com eficiência? Não à<br />

toa, essa questões estão tirando o sono<br />

dos CMOs. Do lado das agências, o dilema<br />

não é menor. Como montar uma estrutura<br />

full-service, sem se tornar fool-service ou<br />

um foul-service? Numa matéria recente<br />

da Ad Week, vi um cliente americano <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> porte afirmar que não sabe mais<br />

que tipo <strong>de</strong> agência contratar.<br />

Todas parecem apontar “furos” no seu<br />

portfólio <strong>de</strong> serviços. O caminho é contratar<br />

uma boutique <strong>de</strong> criação, uma outra<br />

consultoria estratégica e ainda uma outra<br />

especializada no universo online?<br />

Ou ter tudo isso em uma única casa –<br />

one-stop-shop? Ou em um único grupo?<br />

Ou ainda <strong>de</strong>senvolver uma solução in-<br />

-house? Dúvida cruel! Encruzilhadas e<br />

mais encruzilhadas pelo caminho.<br />

Finalmente, do lado da mídia, as dúvidas<br />

não são menores. Para os veículos ditos<br />

tradicionais, permanece a dificulda<strong>de</strong><br />

em se equilibrar na linha que separa o físico<br />

do virtual.<br />

O mundo caminha rapidamente para o<br />

virtual, sabemos. Mas como equacionar a<br />

oferta, principalmente no campo da publicida<strong>de</strong>,<br />

historicamente a principal fonte<br />

<strong>de</strong> recursos da mídia?<br />

Obter o mesmo faturamento que era<br />

advindo da mídia tradicional no digital<br />

exige um exercício hercúleo, nem sempre<br />

bem-sucedido.<br />

A banalização da notícia é um problema,<br />

mas po<strong>de</strong> também ser uma solução.<br />

Num universo repleto <strong>de</strong> fake news, veículos<br />

com credibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ganhar<br />

importância nesse emaranhado <strong>de</strong> mídia<br />

multifacetada.<br />

Minha conclusão po<strong>de</strong> parecer piegas<br />

ou utópica, mas é o que eu acredito. Acredito<br />

na união <strong>de</strong> todos esses players, <strong>de</strong><br />

mãos dadas, olhando para o mesmo norte,<br />

buscando uma solução integrada, equilibrada,<br />

cocriada, compartilhada, sem <strong>de</strong>fesas<br />

exacerbadas <strong>de</strong> cada lado.<br />

Na minha opinião, o roadmap para a<br />

melhor escolha perante as encruzilhadas<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>senhado a muitas mãos, com a<br />

participação <strong>de</strong> todos os envolvidos.<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

<strong>26</strong> <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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