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Revista Curinga Edição 19

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Comum<br />

Justiça em<br />

desalinho<br />

Defensora mortal da lei e da ordem.<br />

Têmis, deusa grega, seria responsável<br />

pelo destino das ações judiciais. Hoje,<br />

observamos o ápice da litigiosidade.<br />

A tramitação de um processo pode<br />

levar algumas semanas, meses ou<br />

anos perdidos. Cada passo é ritualizado<br />

por uma sequência burocrática quase<br />

infindável. O maior desastre ambiental<br />

do Brasil já é também corroído pela<br />

morosidade da justiça.<br />

Texto: Alex Galeno<br />

Arte: Mariana Ferraz<br />

Na Constituição Federal do Brasil, vigora o dever que o<br />

Estado tem sobre o controle do meio ambiente. Segundo o<br />

225º artigo, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente<br />

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à<br />

sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade<br />

o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes<br />

e futuras gerações”. Caso isso fosse cumprido, ainda existiria<br />

Bento Rodrigues. As causas oficiais do rompimento da<br />

barragem de Fundão, que destruiu o subdistrito de Mariana,<br />

são incertas. Versões são rebatidas entre órgãos oficiais e a<br />

mineradora Samarco, mesmo passados 365 dias.<br />

A tragédia é classificada pelo IBAMA, em laudo técnico<br />

preliminar de novembro de 2015, como um “desastre de muito<br />

grande porte”. Tal designação refere-se aos prejuízos vultosos<br />

e de difícil superação pela comunidade. Segundo o relatório, a<br />

barragem de Fundão possuía 50 milhões de metro cúbicos de<br />

rejeitos de minério. Com o rompimento, quase 70% desse volume<br />

foi despejado no meio ambiente e percorreu aproximadamente<br />

664 quilômetros até desaguar no litoral Capixaba.<br />

A primeira multa prescrita pelo órgão se deu seis dias após o<br />

ocorrido. Hoje, já são totalizados sete autos de infração aplicados<br />

contra a mineradora Samarco. Juntos eles superam a marca de<br />

R$ 292 milhões que ainda não foram pagos aos cofres públicos.<br />

As multas continuam sendo contestadas em juízo pela mineradora.<br />

Dados do Tribunal de Contas da União (TCU), apontam<br />

que apenas 3% das multas ambientais aplicadas pelo Instituto<br />

são pagas ao Estado. Vale ressaltar que as multas aplicadas no<br />

Brasil são baixas quando comparadas a desastres internacionais.<br />

Em 2010, a British Petroleum pagou R$ 20,7 bilhões pelo<br />

vazamento de petróleo no Golfo do México.

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