28.02.2018 Views

Revista Curinga Edição 19

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Processos<br />

No dia 10 de dezembro de 2015, foi instaurado, na justiça<br />

de Mariana, a Ação Civil Pública n. 0400.15.004335-6 para otimizar<br />

os processos movidos pelos atingidos contra a mineradora.<br />

Essa modalidade de processo permite que um coletivo de<br />

pessoas possa requerer na justiça uma indenização por um ato<br />

cometido contra todos os envolvidos. Sua principal vantagem<br />

é a de não cobrar o pagamento de honorários advocatícios e<br />

custos judiciais. De acordo com o Ministério Público Estadual,<br />

sem a ação conjunta, haveria a abertura de quase três mil processos.<br />

O promotor Guilherme Meneghin aponta que a ação<br />

civil em andamento envolve moradores dos distritos e subdistritos<br />

de Bento Rodrigues, Paracatu, Pedras, Ponte do Gama,<br />

Campinas e Camargos. Nas outras cidades impactadas, ocorre<br />

a abertura de processos individuais. Em Juiz de Fora, foram<br />

abertos mais de 30 mil processos e na cidade capixaba de<br />

Colatina, cerca de 15 mil.<br />

Após um ano da tragédia, o processo continua em fase<br />

inicial. Até este momento foram tomadas medidas emergenciais<br />

que pretendem amenizar o impacto sofrido por essas<br />

famílias que foram antigidas pelo rompimento. A ação civil<br />

transcorre com uma sequência de ritos diferentes. Antes do<br />

julgamento final do processo ocorrem várias rodadas de conciliação<br />

entre as partes envolvidas. Ainda não houve nenhuma<br />

decisão judicial e sim a consagração de acordos que assegurem<br />

os direitos dos atingidos, além do bloqueio de quase<br />

R$ 300 milhões da mineradora Samarco.<br />

Por determinação do desembargador Afrânio Vilela,<br />

do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em<br />

26 de janeiro de 2016, todos os processos relativos à tragédia<br />

de Bento Rodrigues foram deslocados da Justiça<br />

Estadual (primeira instância), em Mariana, para a Justiça<br />

Federal (segunda instância), em Belo Horizonte.<br />

A decisão partiu da análise de recurso da Samarco, que requereu<br />

a união dos processos das duas instâncias. Com este movimento,<br />

a mineradora solicitava que os processos fossem julgados em<br />

um mesmo âmbito judiciário, otimizando o desenvolvimento<br />

do processo. O promotor do caso em Mariana vê com estranheza<br />

essa situação de julgamento apenas na Justiça Federal.<br />

“Não pode um advogado trabalhando lá em Brasília querer decidir<br />

sobre o seu direito aqui em Mariana. Isso sem nunca ter<br />

pisado aqui e conversado com os antingidos.”<br />

O processo ficou parado por quase seis meses até o Supremo<br />

Tribunal Federal (STF) decidir a quem caberia. Apenas em 23<br />

de agosto de 2016, o STF decidiu fragmentar a ação: os crimes<br />

ambientais ficam na Justiça Federal, em Belo Horizonte e os de<br />

ressarcimento dos atingidos na Justiça Estadual, em Mariana.<br />

A desembargadora Diva Malerbi pautou seu relatório perante o<br />

inciso I do artigo 109 da Constituição Federal. “A competência é<br />

da Justiça Federal, uma vez que o acidente envolveu atividade de<br />

mineração, afetou um rio federal, e provocou danos em territórios<br />

de dois estados pertencente à União.” Na decisão ficou esclarecido<br />

que a “Justiça Estadual ficará apenas pelo julgamento<br />

de ações pontuais como forma de facilitar o acesso à justiça das<br />

pessoas atingidas pelo desastre ambiental”.<br />

Os Tribunais<br />

Superiores estão<br />

sobrecarregados<br />

com processos de<br />

recurso, o que<br />

representa 89% de<br />

suas demandas.<br />

Na justiça<br />

brasileira existe<br />

um total de 74<br />

milhões de ações em<br />

tramitação até o<br />

final de 2015.<br />

A ação civil pública<br />

em Mariana é composta<br />

por 21 volumes. Em<br />

média são 250 páginas<br />

em cada, ou seja,<br />

aproximadamente 5.250<br />

folhas.<br />

Em Minas Gerais estão<br />

guardados em diversos<br />

galpões espalhados pelo<br />

estado, aproximadamente<br />

40 milhões de processos.<br />

É algo equivalente a 300<br />

quilômetros de pilhas de<br />

até um metro de papel.<br />

A Justiça Estadual<br />

é o segmento<br />

responsável por<br />

69,3% da demanda<br />

e 79,8% do acervo<br />

processual do Poder<br />

Judiciário.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!